O ex-presidente do Inter Vitorio Piffero comentou no programa Timeline, da Rádio Gaúcha, na manhã desta quarta-feira, a punição da 5ª Comissão Disciplinar do STJD, que o aplicou uma pena de R$ 90 mil ao ex-dirigente e suspensão de 555 dias por conta da acusação de utilização de documentos falsos no processo do Caso Victor Ramos.
Piffero não concordou com a pena e também criticou as acusações da CBF, afirmando que ela foi feita para retirar o foco da situação de Victor Ramos no Campeonato Brasileiro do ano passado. No julgamento da última terça-feira, o Inter foi multado R$ 720 mil.
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Veja os principais trechos da entrevista:
Decisão de recorrer ou não da pena
Vou me reunir com meus advogados. O Inter vai avaliar se vai recorrer. Esse prazo deve correr a partir de segunda. Vamos avaliar. Acho que foi extremamente pesada a sentença. Para mim, pessoa física, sem pensar na multa, mas na suspensão, não interfere nada em minhas pretensões, já que encerrei minha participação no Internacional.
Como ficou sabendo da possível irregularidade de Victor Ramos
Nossos advogados vieram até mim. Disseram que tínhamos uma chance boa, uma causa boa, e que o Victor Ramos estava mal inscrito. Não tinha e-mail, nada na época. Autorizei que eles entrassem na Justiça Desportiva para buscar o direito. Foi essa a procuração que passei, pela leitura que eles tinham, que é verdadeira, ele foi mal inscrito. Eu autorizei para que fosse buscado, como tantos outros buscaram. (...) Isso gera um direito, segundo o regulamento das competições. Eu autorizei e não poderia fazer diferente a luz de um direito. Beneficiaria o Internacional. Isso aí degringolou e foi parar na falsificação que não aconteceu.
Sua participação no processo
A questão em si que é a má inscrição, prescinde de qualquer documento. Ela basta por si só. está bem inscrito ou não está. Os documentos foram anexados para visualizar melhor, que a CBF e o Vitória sabiam que tinha que ser feita uma transferência internacional. isso tiraria do Vitória que foi de boa fé. Ele sabia que devia ser uma transferência internacional. Eu não participei disso. Minha participação como presidente, e por isso acho que a pena está errada, foi dado a procuração e acreditar, como acredito, no nosso Jurídico.
A acusação de falsificação
Em fevereiro de 2016, alguém ligado ao jogador pega os e-mails e as explicações da CBF e traduz, ou tenta esclarecer melhor aos mexicanos o procedimento. Isso reconhecidamente por ele. Faz um ano e quatro meses. Esse é o documento que a CBF nos acusou de ter falsificado. Não houve falsificação. Vocês se lembram que pelo site da CBF era uma falsificação.
Ex-presidente fala em "nevoeiro" para retirar o foco do caso
O que é um documento falso? Onde está a falsidade? Tem que ter dolo e não houve. O agente que tornou mais explícito, nas palavras dele, os documentos, veio a público e disse que fez para melhor entendimento. Isso é fraude? A essência é a mesma. Esse nevoeiro instaurado pela CBF era para que se esquecesse o fato principal e o erro ao registrar o jogador.
Piffero garante que não se arrepende
Nos fomos atrás de um direito. Não importa contra quem. O Internacional tem direito e tem que ir. Eu seria culpado por abrir mão de um direito. Fui atrás de um direito plausível. Inclusive a CBF mudou os regulamentos das competições por causa disso.
Relação com o caso de 2005
Em 2005, as ameaças foram veladas. Entramos com um pedido na Justiça Comum, dois sócios entraram na Justiça Comum. A CBF e a Conmebol pressionaram o Inter para que fizessem os sócios retirarem a ação sob hipótese do Inter ser rebaixado. Agora em 2016, fomos atrás de um direito, na Justiça Desportiva, no âmbito legal. Mas o direito não foi julgado. Porque surgiu a falsificação que sabemos que não é verídica. Aí que entra a "cortina de fumaça", nosso advogado disse bem "parece quero-quero que canta aqui para esconder o ninho que está lá", fomos execrados pela imprensa nacional. Nós viramos vilão. Por obra e graça da CBF que publicou no seu site algo que o Inter vinha fazendo dentro da regra. Fosse a julgamento seria dado o direito ou não, como tantos fizeram.
Rotina após a saída do Inter
Minha vida segue normal. Não tenho nada a ver com o Internacional e não pretendo ter. Cumpri minha fase. Participei das maiores conquistas do clube. Do Mundial Fifa, duas Libertadores, Sul-Americana. O Internacional não tinha ganho títulos no exterior. E também participei, da mesma maneira, do ano de 2016. A história vai julgar isso, lá na frente. O que vejo hoje é que a torcida está dividida em pessoas que, não vou dizer o termo, mas me odeiam, e pessoas que reconhecem o trabalho feito. Mas não alterou em nada na rotina, só me cuido em aglomerações.