Se engana quem pena que a vida do Inter na Série B será quase como um passeio. O Brasil que está acostumado à Série B espera ansiosamente pelo Inter. E a estreia, neste sábado, às 16h30min, no Estádio do Café, deverá ser a primeira prova disso. O técnico do Londrina, Cláudio Tencati, analisa a equipe de Antônio Carlos Zago há duas semanas. Assistiu com atenção às finais do Gauchão e, nesta semana, receberá como o sétimo reforço para a segunda divisão o volante Jardel, um dos principais nomes do Novo Hamburgo na vitoriosa campanha no Estadual.
Leia mais
Baile dos capitães: como Preto e D'Alessandro se movimentaram na final
D'Alessandro reconhece mérito do Noia e destaca "time brigador" do Inter
Beto Campos: "Somos do Interior e sabemos a dificuldade de um título destes"
Com 43 anos de idade, e há seis no comando do Londrina (o mais longevo dos treinadores brasileiros em um clube), Tencati afirma que o projeto inicial do clube é permanecer na Série B. A Série A pode virar realidade a partir da campanha no segundo semestre – como ocorreu no ano passado, quando ficou na quinta colocação da B. Muito da empolgação do Londrina poderá ser vista diante do Inter, na estreia da Série B.
Confira os principais trechos da entrevista:
Como o Londrina vem se preparando para a Série B, ainda mais estreando contra o Inter?
É sempre bom começar com um bom resultado. E ainda mais se for diante do Inter, com camisa e grande elenco. Acho que o Inter vai sofrer um pouco, mas não deixará de subir. A nossa meta inicial é de manutenção na Série B. Se conseguirmos chegar à reta final com chances d subir, vamos tentar a A. esperamos fazer uma grane abertura de Série B contra o Inter.
E como se enfrenta de cara um time que é obrigado a subir, e com uma folha bem superior à do Londrina?
Dimensionar isso é até difícil. O Inter está muito à frente do Londrina, em termos de camisa, de história, de títulos. Temos a missão de faze o Londrina ressurgir no cenário nacional. A nossa folha hoje é de R$ 400 mil (a do Inter é de R$ 7 milhões). É a realidade de um clube do Interior. Não dá para comparar com o Inter, um clube que sequer deveria estar na Série B. Mas isso é o que dá graça ao futebol: quando o árbitro apitar o começo do jogo, no sábado, serão 11 contra 11 e a camisa não fará diferença.
Você imagina que o Inter precisará se adaptar ao ritmo e à intensidade dos jogos na Série B. Para compreender essa competição?
Um pouco de dificuldade terá, sim. Ainda que o Gauchão possa ser usado como referência para a B, com jogos competitivos e com equipes que marcam muito. No ano passado, já tive essa ideia, pois jogamos a Série B. O Inter encontrará equipes técnicas, com perfil de Série A, que jogam e que deixam jogar, e também encontrará times que priorizam a parte física, a marcação, e que são quase imbatíveis em suas casas. Acredito que o Inter precisará se adaptar a isso. Mas o Gauchão já pode ter dado uma ideia do que será a B.
E em Londrina, o Inter encontrará um adversário mais técnico ou de um jogo mais físico?
Ambos. Procuramos sempre fazer um jogo franco. Teremos respeito ao Inter e a seus jogadores que fazem a diferença, que merecerão uma atenção maior. Fizemos isso contra o Coritiba e contra o Atlético-PR (venceu os dois), no Campeonato Paranaense. Queremos fazer um grande jogo contra o Inter e, se der para vencer na estreia, melhor ainda.
Você está há seis anos no comando do Londrina. Qual o segredo para se manter tanto tempo no cargo no futebol brasileiro?
O primeiro passo é ganhar, não tem jeito. A partir daí se constrói a confiança com a diretoria. Fui feliz por obter resultados em um curto espaço de tempo. O Londrina estava na segunda divisão paranaense em 2011, depois conquistamos o acesso à Série C, à Série B, ganhamos o Campeonato Paranaense, em 2014. Enfim, fui construindo esse trabalho de confiança. Hoje, se perco dois ou três jogos, tenho a garantia da direção de seguir trabalhando. Não fomos às finais do Paranaense nesse ano, mas conquistamos o tricampeonato do Interior.
O time-base do Londrina está junto há quanto tempo?
Desde o ano passado. Mantivemos a base jogando no 4-1-4-1. Mantivemos a estrutura no Estadual, com algumas variações, até no 4-3-3, por vezes, mas a estrutura básica é a mesma. Temos o volante Germano, os zagueiros Sílvio e Matheus, o Celso, que é meia, são alguns dos atletas que formam a nossa base. São as referências do nosso time.
Você acompanhou as finais do Gauchão?
Assisti aos dois jogos. O Inter produziu, teve qualidade, soube enfrentar um time ajustado como o do Novo Hamburgo. Sei que o Inter terá um time mais leve e mais agressivo a partir de agora, com a chegada do Pottker. O Inter está com perfil de Série B: um time aguerrido, quando tem de ser aguerrido, e com qualidade para jogar quando precisa jogar. D'Alessandro, por exemplo: é um cara que decide o jogo se tiver tempo para pensar. Estamos estudando o Inter há duas semanas.
D'Alessandro terá marcação especial?
Não deixaremos alguém grudado nele, mas alguém o acompanhará a todo o momento. Teremos um volante sempre próximo ao D'Alessandro. Com a bola no pé, ele distribui muito bem o jogo e arremata bem a gol. Teremos cuidado com a bola parada dele também. E precisamos evitar que ele crie perto da nossa área. Terá atenção por ser diferente.
A defesa do Inter apresenta falhas graves pelo alto, além de um goleiro que ainda não está a 100% de sua condição física. Como você pretende explorar as fragilidades do Inter?
Estamos acompanhando o Inter. Sei que sofreu muito até encontrar um padrão de jogo. A cobrança sobre o Inter é para que jogue, para que seja superior aos demais, para que ataque sempre. Mas há a contrapartida. Nem sempre vai conseguir atacar e defender bem. Vai oscilar e tentaremos explorar isso. Temos um bom jogo aéreo. Jogamos da mesma forma sempre. Só espero que estejamos em um dia iluminado para que possamos surpreender o Inter.
*ZHESPORTES