O ano de 2016 terminou com saldo negativo para o Inter. Mas Zero Hora desafiou colunistas a encontrarem três acertos e três erros do clube durante a temporada.
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Confira a opinião de cada um:
DIOGO OLIVIER
TRÊS ACERTOS DO INTER
Com muita dificuldade, os acertos do Inter. Primeiro, o Danilo Fernandes que substituiu o Alisson melhor do que o antecessor e se tornou o líder do time. O segundo, o Gauchão. Mas não pelo título apenas, porque o Inter soube pelo menos não subestimar os times do Interior.
Depois, achou que estava tudo certo, mas o fato é que conseguiu o hexa, que não é o comum. Por fim, uma tentativa para encher o Beira-Rio na luta contra o rebaixamento, que foi colocar os ingressos lá embaixo para trazer o torcedor.
TRÊS ERROS DO INTER
Primeiro deles, o amadorismo. Muito tempo sem executivo de futebol, que gerou decisões amadoras, especialmente para montagem do elenco e contratação errada de jogadores.
Outro foi o Celso Roth. Um remédio de validade vencida para uma doença que já se conhecia, que era ter um time destreinado desde os tempos do Balonismo F.C. do Argel.
Para fechar, trocar de técnico como quem troca de camisa e bermuda. Vitorio Piffero teve seis treinadores. Isso não dá um pouso seguro. Um avião que decola não pousa com cinco pilotos de jeito nenhum. Foi o caso do Inter.
LEONARDO OLIVEIRA
TRÊS ACERTOS DO INTER
O maior acerto do Inter na temporada foi contratar o goleiro Danilo Fernandes. Isso nenhum colorado contesta. Um jogador que atravessa o Brasil e desembarca em Porto Alegre no rigor do inverno para substituir o titular da Seleção Brasileira e, em duas semanas, faz com que ninguém se lembre do antecessor merece todo o respeito.
Buscar Nico López, um dos grandes nomes da Libertadores, também pode ser considerado um acerto. Aos 23 anos, o uruguaio tem tudo para dar certo em Porto Alegre. Dentro de campo fica complicado encontrar mais acertos numa equipe que tombou diante das primeiras e acabou na Série B.
Fora dele, no entanto, pode-se dizer a mobilização da torcida para salvar o time e o espetáculo protagonizado no Beira-Rio ao final de alguns jogos. Como contra o Coritiba e o Flamengo, energizaram os colorados e resgataram o orgulho ferido pelos fracassos sucessivos do time.
TRÊS ERROS DO INTER
Citar apenas três erros do Inter em 2016 é um exercício desafiador de concisão. Para um clube do tamanho do Inter cair para a Série B é preciso colecionar equívocos em larga escala. E a direção se esforçou para isso. O primeiro grande erro foi manter Argel na virada do ano. Os resultados da reta final de 2015 enevoaram a visão dos dirigentes.
O segundo maior erro foi criar um ambiente hostil para D'Alessandro sair sem que houvesse no grupo alguém que assumisse sua liderança em campo e hierarquia fora dele. Faltou uma referência para conduzir um grupo rejuvenescido sem critério e de forma radical.
O terceiro erro tem origem no primeiro citado acima. Os técnicos escolhidos para suceder Argel tinham conceitos e ideias totalmente diferentes. Falcão, antes de ser um ídolo a ser respeitado, é um profissional de excelentes conceitos e, como todos os técnicos, precisa de tempo para aplicá-los e fazer com que os jogadores os absorvam. Celso Roth, chamado na virada do turno, não tinha o perfil para lidar com um grupo cuja a autoestima estava lá na chuteira. O tratamento de choque que costuma aplicar para fazer com que o atleta reaja fez afundar ainda mais o vestiário.
CLÉBER GRABAUSKA
TRÊS ACERTOS DO INTER
Os três acertos do Inter na temporada foram Danilo Fernandes, Danilo Fernandes e Danilo Fernandes. Ou talvez, Danilo Fernandes tenha sido o único grande acerto num ano terrível para o colorado. Ele foi o único que se salvou sem ser chamuscado pelo rebaixamento. Aliás, se não fosse ele, o Inter não teria chegado vivo até a última rodada. Ele foi melhor jogador do Inter no Brasileiro, substituindo Alisson com sobras. Pegou dois pênaltis em momentos decisivos, mas o time não ajudou. E fica como grande legado da administração de Carlos Pellegrini à frente do futebol.
Em 2016 o Inter resolveu apostar na gurizada. A resposta inicial foi boa. Afinal, o time conquistou o Gauchão e projetou Gustavo Ferrareis e Andrigo. Este último, apontado como craque do campeonato. Mas essa evolução não prosseguiu no Brasileiro. Os garotos afundaram e foram deixados de lado. Da nova safra,o único que sobreviveu foi Aylon. Ele nunca foi titular absoluto e considerado intocável. Muito pelo contrário. Muitas vezes foi sacrificado. Desempenhou várias funções e mostrou-se sempre disposto a colaborar. Aylon teve altos baixos, mas vale lembrar que esse foi o seu primeiro ano de fato no time principal. Ele chegou em 2014 e quase não foi aproveitado por Abel Braga. No ano passado foi emprestado ao Paysandu e somente em 2016 ele realmente ganhou a oportunidade que merecia.
Das competições disputadas pelo Inter em 2016, o Gauchão foi a menos importante. Mas foi a única conquistada. E, assim, deve ter sido a única alegria do Inter no ano. O hexacampeonato tinha mascarado várias falhas do Inter de Argel, pelo menos serviu para reafirmar a hegemonia colorada em nível regional e colocar um sorriso no rosto de uma torcida que não esperava nada na Copa do Brasil e viveu um grande calvário no Brasileiro.
TRÊS ERROS DO INTER
No começo, parecia que a saída de D'Alessandro seria um processo natural. Afinal, o Inter precisava superar a ausência do seu maior ídolo na história recente. Mas o Inter não estava preparado. D'Alessandro é o pacote completo. Ele é ídolo, capitão, referência técnica e o líder do grupo. Ou seja, ele é o dono do time. E um homem assim não se consegue substituir de uma hora para hora. O Inter não encontrou um substituto à altura em Anderson, contratado para ser um acréscimo de qualidade, nem em Alex, que tem experiência e uma história vitoriosa, e muito menos em Seijas que veio no segundo semestre e, apesar de demonstrar personalidade, não conseguiu render o esperado. A liderança de D'Alessandro fez muita falta e talvez tenha sido fundamental na reta final onde o grupo parecia resignado com a ideia do rebaixamento.
A SWAT colorada foi a maior decepção do Inter. Ela teve um turno inteiro para consertar o rumo da equipe no campeonato, mas fez o contrário. Afundou ainda mais e, após 16 rodadas, praticamente decretou o rebaixamento. Fernando Carvalho foi chamado para comandar o futebol e apostou em Celso Roth dizendo que era um técnico de resposta rápida e um organizador de times. E isso foi exatamente o que não se viu. Roth demorou muito para mudar a cara do Inter e quando parecia que havia colocado o time no caminho certo, as coisas escaparam do seu controle e ele nação conseguiu reanimar o grupo após o empate com o o Santa Cruz no Beira-Rio. Quando Lisca chegou, já não havia quase nada a ser feito.
Carlos Pellegrini e Fernando Carvalho comandaram o futebol do Inter em 2016. E comentaram muito mais erros que acertos. O principal deles foi a falta de uma ideia clara a respeito do que se queria do time ao longo do ano. E isso se refletiu na contratação dos técnicos. Começou com Argel Fucks apostando na gurizada e em jogadores baratos. Depois, esse grupo pareceu modesto demais para o Brasileiro, e o Inter foi buscar Nico López e Seijas que acabaram escanteados. Ariel, esse sim, chegou com muito prestígio e apontado como grande opção para o ataque. O Inter caiu de produção, e Argel foi trocado por Falcão. O ídolo colorado teve respaldo da direção, não foi respeitado e acabou dispensado após apenas cinco jogos. Celso Roth chegou junto com a nova direção de futebol e não resolveu nada. Pegou o time em 13º lugar e nunca conseguiu subir da 15ª posição. Por fim, no desespero, a saída foi apostar num milagre através das mãos de Lisca. Mas já era tarde.
*ZHESPORTES