A última peça do quebra-cabeças que se tornou a questão da disponibilidade de Soteldo, Aravena e Villasanti será conhecida nesta terça-feira (19). O trio provavelmente estará em campo na rodada pelas Eliminatórias para a Copa, o que tem impacto direto no planejamento do Grêmio para a utilização deles contra o Juventude, quarta-feira (20), na Arena.
Um jogo que ganhou ares de decisão e que justifica o investimento na operação montada para mandar um avião cruzar a América do Sul para transportar os jogadores, mesmo com a possibilidade maior de expor os três titulares ao risco de lesões e problemas para a reta final do Brasileirão.
Antecipada por ZH e confirmada pelo Grêmio, a operação para trazer os jogadores de suas seleções de volta a Porto Alegre é a tentativa de oferecer o máximo de opções a Renato Portaluppi para o jogo que vale a tranquilidade na tabela de classificação do Brasileirão. Uma estratégia, no entanto, com riscos. O pior cenário possível acabou se desenhando. Villasanti, Soteldo e Aravena devem começar as partidas entre os titulares, o que diminui a probabilidade de aproveitamento deles contra o Juventude.
O fisioterapeuta Daniel Carrasco, que trabalha com a seleção brasileira de judô e com os atletas da Sogipa, entende que a estratégia do Grêmio de utilizar os jogadores com menos de 24 horas de descanso traz riscos. Inclusive de que os atletas não tenham o mesmo grau habitual de rendimento:
— Tem perda de performance, com certeza. Mas como futebol é um esporte coletivo, depende do estilo de jogo desse atleta. Pode compensar a parte física com outro elemento. É viável, mas não há como dar uma resposta definitiva. Existe a viabilidade, mas em termos fisiológicos, é melhor ter um descanso entre uma sessão e outra.
O melhor "tratamento" para recuperar um atleta de alto rendimento é a combinação do sono noturno, hidratação e alimentação. Como os jogadores passarão a madrugada viajando até chegar a Porto Alegre, no início da manhã, horas antes do jogo, é provável que a recuperação não seja a ideal.
Consultado por ZH, um profissional que trabalha com a parte física de jogadores de futebol indicou que é pouco provável que o trio esteja em condições de ser escalado sem algum tipo de restrição por Renato. Dependendo da avaliação de cada um dos atletas, seria possível estimar quanto tempo eles poderiam ser utilizado com alguma margem de precisão.
Se algum deles atuar pelos 90 minutos nesta terça, é improvável que tenha condições de atuar no dia seguinte. Com o desgaste de 60 minutos pelas seleções, seria possível estimar em cerca de 30 minutos à disposição contra o Ju. Caso estejam em campo por 45 minutos nas partidas das Eliminatórias, poderiam ter uma margem de utilização de 60 minutos no jogo do Brasileirão.
— Quanto mais tempo de exposição na terça, menor a chance de jogar contra o Juventude — apontou.
Preocupação com lesões musculares
A atenção da comissão técnica estará na possibilidade de problemas musculares. A lesão no músculo posterior da coxa é ponto de maior cuidado quando a recuperação entre um jogo e outro não ocorre de forma adequada. Problemas de traumas, como entorses ou rompimento de ligamentos, não tem tanta relação com o cansaço.
O caso de Villasanti, certamente, será o mais delicado. A imprensa paraguaia aponta que ele deve começar como titular em razão da suspensão de Andrés Cubas para o jogo na altitude de El Alto, na Bolívia. Se uma partida ao nível do mar desgasta atletas bem condicionados, uma partida na altitude de 4,1 mil metros provoca ainda mais dano.
— A demanda metabólica é muito maior. O esforço que nós faríamos ao nível do mar é um. Ao correr uma maratona, por exemplo, o desgaste no corpo é muito pior na altitude. Como o ambiente é mais inóspito, a tendência é o corpo fazer mais esforço — apontou Carrasco.
Depois de jogar nas alturas, o volante ainda pegará um voo com o restante da delegação paraguaia de volta até Assunção. É lá que o avião enviado pelo Grêmio encontrará o jogador, já com Soteldo e Aravena a bordo, e iniciará o deslocamento de volta ao Brasil.