As medidas protetivas de urgência (MPUs) vinculadas a processo contra o auxiliar técnico do Grêmio, Alexandre Mendes, por violência doméstica foram revogadas nesta quinta-feira (10). O profissional é acusado de agredir física e psicologicamente uma ex-companheira, com quem teria mantido relação até meados de 2024.
O Ministério Público (MP) recomendou o arquivamento dos autos na quarta-feira (9). O 2º Juizado de Violência Doméstica e Familiar de Porto Alegre optou por retirar as MPUs a favor da suposta vítima.
A manifestação do MP soma-se ao relatório da 2ª Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) da Capital, que decidiu pelo não indiciamento de Mendes por conta da falta de provas conclusivas.
Ao longo do processo, a suposta vítima foi intimada a não postar menções ao ex-namorado nas redes sociais, mesmo que de forma indireta. Contudo, as imagens das possíveis agressões e um áudio, no qual pede socorro, foram mantidas como postagem fixada no Instagram. Ela também foi orientada a não tentar entrar em contato com Alexandre Mendes, o que foi alegado por ele durante a vigência das medidas protetivas e que é proibido pela ferramenta de lei.
"Assim, novamente constatada a afronta às determinações judiciais, (é) possível concluir que a vítima não se sente em situação de risco a ponto de continuar usufruindo da tutela protetiva", diz o documento do MP.
— A decisão do magistrado, referendada pelo Ministério Público, pela revogação das medidas protetivas e arquivamento do processo, vai ao encontro do relatório da autoridade policial, que já havia recomendado o não indiciamento do cliente. Assim, hoje nada há contra o cliente — afirma o advogado Sérgio Felício Queiroz, responsável pela defesa de Alexandre Mendes.
Zero Hora entrou em contato com o Grêmio e questionou se Alexandre Mendes irá retomar as atividades no clube, já que foi afastado para tratar do assunto em 17 de setembro. Não houve retorno até a publicação desta reportagem.
A defesa da suposta vítima afirma que só irá se manifestar nos autos.
Relembre o caso
O auxiliar técnico Alexandre Mendes, 60 anos, foi investigado em um inquérito na 2ª Deam de Porto Alegre. O profissional, que trabalha com Renato Portaluppi no Grêmio, foi afastado pelo clube em 17 de setembro sob a alegação de "motivos particulares".
A suposta vítima publicou fotos nas redes sociais nas quais mostra o que seriam sinais de agressões no seio esquerdo, na nádega esquerda e no braço direito, além de um vídeo de um papel sujo do que seria sangue. Também nos stories do Instagram, fixado nos destaques do perfil, foi postado um áudio em que ouvem-se os gritos "eu não aguento mais, socorro", de forma repetida. Todas as acusações foram negadas por Mendes.
A Diretoria de Proteção à Mulher (Dipam) da Polícia Civil confirmou a existência da investigação, iniciada a partir de um boletim de ocorrência (BO) registrado pela mulher que publicou as imagens.
No BO, a suposta vítima relatou ter sofrido agressão física e psicológica e que Alexandre Mendes era seu companheiro. Pelo relato, o fato teria ocorrido em 2 de agosto. O comunicado à polícia ocorreu em 26 de agosto deste ano. Após o registro do BO, as medidas protetivas foram concedidas.
As medidas protetivas que envolveram o auxiliar técnico do Grêmio estavam baseadas na alegação de violência psicológica. A polícia apontou que a mulher não apresentava marcas visíveis no corpo quando fez o BO.
As medidas protetivas proíbem o ofensor de se aproximar da vítima, mantendo distância mínima de 300 metros, além de proibir tentativas de contato por qualquer meio. A vítima também não pode se aproximar do ofensor, nem tentar contato, sob pena de perder a proteção da lei.
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