
A defesa do auxiliar técnico do Grêmio Alexandre Mendes pediu a revogação das medidas protetivas para a suposta vítima de agressão. Na petição à qual Zero Hora teve acesso, o advogado Sérgio Felício Queiroz argumenta que a ex-companheira tentou contatar o cliente por mensagens e ligação telefônica, o que é proibido pelo mecanismo de lei.
A petição mais recente para a revogação das medidas protetivas ocorreu na segunda (23), no 2º Juizado de Violência Doméstica e Familiar do Foro Central da Comarca de Porto Alegre. Houve outros movimentos da defesa nesse mesmo sentido, como nos dias 17 de setembro, logo após a alegada ligação, e em 9 de setembro, que não foram atendidos. Até a manhã desta quinta (26), não havia despacho sobre o pedido de revogação.
As mensagens descritas teriam sido enviadas entre os dias 14 e 15 de setembro, enquanto Alexandre Mendes estava em Bragança Paulista para comandar o Grêmio contra o Bragantino, pelo Campeonato Brasileiro. Renato Portaluppi estava suspenso e ele ocupava a função de treinador. Mendes afirma não ter respondido às mensagens e nem atendido a ligação recebida no dia 16.
Em um dos recados, de acordo com Mendes, a mulher diz querer entregar uma caminhonete que seria dele e que ela teria pago. A suposta vítima sugere que ele mande alguém pegar o veículo ou que ela possa deixá-lo à frente do prédio onde o ex-companheiro mora.
Conforme a defesa coloca na petição, as tentativas de contato por parte da mulher serviriam para induzir Mendes à interação e, assim, levá-lo à prisão.
Sobre a imagem com roxo na região das nádegas, que seria consequência de agressão, a defesa sustenta que as marcas são oriundas de procedimentos estéticos. Fotos foram publicadas nos stories do Instagram da suposta vítima há cerca de uma semana e fixadas no perfil da ex-companheira.
Contatado pela reportagem, o advogado Sérgio Queiroz afirma que o processo tramita em segredo de Justiça e não pode fornecer detalhes do caso.
Na petição mais recente, a defesa também pede que "seja determinado a instauração de inquérito para apuração do crime cometido pela requerente, especificado no artigo 339 do Código Penal". O artigo se refere a imputação de crime a alguém que se sabe ser inocente. Além disso, é solicitada a condenação da mulher por litigância de má-fé.
Zero Hora fez contato com a suposta vítima que, por enquanto, prefere não se manifestar.
O caso
O auxiliar técnico Alexandre Mendes, 60 anos, é investigado em um inquérito na 2ª Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) de Porto Alegre. O profissional, que trabalha com Renato Portaluppi no Grêmio, foi afastado pelo clube em 17 de setembro sob a alegação de "motivos particulares".
A suposta vítima, que foi companheira de Mendes, publicou fotos e áudios nas redes sociais nas quais mostra o que seriam sinais de agressões no seio esquerdo, na nádega esquerda e no braço direito, além de um vídeo de um papel sujo de sangue. Também nos stories do Instagram, fixado nos destaques do perfil, foi postado um áudio em que ouvem-se os gritos "eu não aguento mais, socorro", de forma repetida.
A Diretoria de Proteção à Mulher (Dipam), da Polícia Civil, informou que existe a investigação, iniciada a partir de um boletim de ocorrência (BO) registrado pela mulher que publicou as imagens.
No BO, é descrito descrito que a suposta vítima relatou ter sofrido agressão física e psicológica e que Alexandre Mendes era seu companheiro. Pelo relato, o fato teria ocorrido em 2 de agosto. O comunicado à polícia ocorreu em 26 de agosto deste ano.
O relacionamento entre Alexandre Mendes e a mulher teria chega ao fim em meados de agosto deste ano. As medidas protetivas que envolvem o auxiliar técnico do Grêmio estão baseadas na acusação de violência psicológica. A polícia aponta que a mulher não apresentava marcas visíveis no corpo quando registrou o BO.
As medidas protetivas proíbem o ofensor de se aproximar da vítima, mantendo distância mínima de 300 metros, além de proibir tentativas de contato por qualquer meio. A vítima também não pode se aproximar do ofensor, nem tentar contato, sob pena de perder a proteção da lei.