A dez dias do jogo contra o The Strongest, pela Copa Libertadores, o Grêmio ainda não chegou à fase de esboçar o time titular ou treinar jogadas ensaiadas. Nos primeiros três dias de atividades no CT do Corinthians, em São Paulo, as atenções da comissão técnica foram ao preparo físico e à saúde mental dos atletas. A parte técnica só será entrará em pauta nesta segunda (20), a partir da chegada do técnico Renato Portaluppi.
Ao longo dos 14 dias sem treinos oficiais, em virtude das enchentes no Rio Grande do Sul, os jogadores realizaram atividades em casa prescritas pela comissão técnica, mas ainda assim apresentam uma defasagem em relação às demais equipes que seguiram na ativa. Por isso, recuperar a condição física será a prioridade dos trabalhos na capital paulista previstos até domingo (26).
Contudo, a comissão técnica também revela uma preocupação com a saúde mental dos atletas, por conta de todo o cenário vivenciado por eles e seus familiares em Porto Alegre e em cidades da Região Metropolitana.
— Entes queridos, família em perigo, alguns sem saber para aonde teriam que ir ou onde iriam ficar... Alguns jogadores ainda estavam na linha de frente, ajudando as pessoas. Por isso, alguns tinham a condição de realizar algum tipo de trabalho, outros estavam envolvidos, seja pela situação de familiares, colegas ou pessoas próximas. Isso deixa o atleta muito nervoso e em uma situação de perigo. Então, a gente tem que lidar com tudo isso e conversar bastante. O foco principal é a saúde deles, tanto física quanto mental — explicou o preparador físico Mário Pereira, em entrevista divulgada pela Grêmio TV.
Conforme apurado por GZH, o Tricolor avalia "ser muito difícil" que o grupo consiga entrar em campo no dia 29 de maio, contra o The Strongest, em igualdade de condições físicas com o adversário. Contudo, a comissão técnica entende que os trabalhos em São Paulo não partem do zero.
— Não é uma intertemporada nem uma pré-temporada. A gente teve um período parado, mas que não é igual a um período de férias. A gente teve uma parada de 14 dias, mas com eles executando tarefas (prescritas pela comissão), o que já facilita a nossa volta. Então, gente já sai adiantado. Agora, temos que retomar o nível que estávamos antes — completou o preparador.
Na mesma entrevista, Mário Pereira explicou que, desde a inundação do CT Luiz Carvalho, adaptou os treinamentos remotos de acordo com as necessidades e possibilidades de cada atleta, dependendo de quem morava em casa, condomínio, apartamento ou de quem tinha uma quadra ou uma academia à disposição. Porém, a performance nessas condições não é igual ao trabalho presencial no campo.
— No início dessa parada, a gente entendeu que até poderia ser interessante pelo desgaste e pela sequência de jogos que nós vínhamos tendo. Depois, num certo momento, quando começou a aumentar o número de dias, a gente começou a se preocupar um pouco com a parte física e a parte de performance. No início, era necessário dar um descanso porque a gente vinha numa sequência muito grande de jogos e de viagens. Aí, depois disso, a gente começou a se precaver, justamente enviando esses treinamentos para eles não perderem tanto a performance — finalizou.
Desde a apresentação na quinta (16) na concentração em Guarulhos, Mário Pereira vem sendo o comandante dos trabalhos no CT do Corinthians, em função da necessidade de se priorizar a parte física. Ainda no Rio de Janeiro, o técnico Renato Portaluppi foi liberado pelo clube, por questões particulares, para se apresentar em São Paulo apenas nesta segunda (20), para dar início aos trabalhos técnicos e táticos.
Na mesma situação, enquadram-se o volante Villasanti e o atacante Diego Costa, que também só chegam nesta segunda (20), quando o Tricolor enfim terá grupo completo na capital paulista.
O Grêmio treina no CT do Corinthians até domingo, quando viaja para Curitiba, onde o Tricolor enfrenta o The Strongest, no dia 29, no Estádio Couto Pereira, pela Copa Libertadores.