Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete. São precisos os dedos de duas mãos para contar a sequência de títulos alcançada pelo Grêmio neste sábado (6). Campeão, bi, tri, tetra, penta, hexa, hepta. Sequência tão rara que é alcançada apenas pelo segunda vez pelo clube.
A primeira aconteceu entre 1962 e 1968. Em uma época em que os estaduais tinham posição de destaque no calendário do futebol, o Grêmio ergueu uma das maiores hegemonias vistas em terras brasileiras. Não fosse um título do Inter em 1961, os gremistas teriam sido tridecacampeão, alcunha dada para quem vence um título 13 vezes. Ainda assim, 12 conquistas em 13 anos é uma marca e tanto.
No período, surgiram lendas tricolores como os atacantes Alcindo e Volmir Massaroca, os meio-campistas Joãozinho e Milton Kuelle e o zagueiro Airton Pavilhão. Recorde ano a ano como foi o primeiro heptacampeonato gaúcho do Grêmio.
1962: o primeiro da série
No meio de um período longo de conquistas, o título do Gauchão 1962 está um pouco apagado na parede da memória dos gremistas, mas trata-se de uma das conquistas mais emocionantes da centenária vida tricolor. O Gauchão daquele ano foi disputado por 12 clubes em sistema de pontos corridos, mas a sequência de resultados fez com que um confronto direto na última rodada decidisse quem colocaria a mão na taça.
Os requintes de emoção começam com o Gre-Nal marcado para a última rodada. No decorrer do campeonato, parecia que o clássico seria apenas para cumprir tabela. Depois de 17 rodadas, o Inter tinha seis pontos de vantagem para o Grêmio — na época a vitória valia dois pontos.
Triunfos azuis e tropeços colorados montaram um cenário trepidante para o Gre-Nal 163. Ao Inter, o empate bastava para o bicampeonato. Para o Grêmio, a vitória significava a necessidade de disputa de uma partida extra para definir o campeão. Dois gols de Marino decretaram o 2 a 0 nos Eucaliptos e a necessidade de um novo confronto, disputado apenas em fevereiro de 1963 devido à obrigatoriedade de férias imposta pela CBD (antiga CBF).
O tira-teima foi disputado no Olímpico. Com dois gols de Ivo Diogo, um de Joãozinho e outro de Vieira, o impossível se transformou em título com a vitória por 4 a 2. O time de Sérgio Moacir, responsável por iniciar e encerrar o hepta, contava com jogadores que carimbaram seus nomes da vida gremista, como Airton Pavilhão, Ortunho, Milton Kuelle e Joãozinho.
O time gremista do Gre-Nal decisivo teve: Henrique; Renato, Airton Pavilhão, Altemir e Ortunho; Élton e Milton Kuelle; Marino, Joãozinho, Ivo Diogo e Vieira. Técnico: Sérgio Moacir Torres.
1963: o bicampeonato
Se o primeiro título da sequência foi a partir de uma recuperação improvável, o segundo se deu de forma tranquila. Com duas rodadas de antecedência, o Grêmio assegurou o bicampeonato. O jogo que selou a conquista foi contra o Pelotas. O empate em 2 a 2, com gols de Vieira e Ortunho, foi o suficiente. Em Porto Alegre, nos Eucaliptos, o Inter não passou de um empate com o Floriano, atual Novo Hamburgo. A combinação deu ao Tricolor o bi.
Nas últimas duas partidas, o time de Sérgio Moacir Torres venceu o Cruzeiro por 3 a 0 e superou o Inter por 1 a 0. Dos 44 pontos possíveis, o bi veio com o desperdício de apenas cinco, com uma derrota e três empates.
O time-base daquele ano tinha: Alberto; Altemir (Valério), Airton Pavilhão, Áureo e Ortunho; Cléo e Milton Kuelle; Mariano, Joãozinho, Paulo Lumumba e Vieira.
1964: o tri em um Gre-Nal
Mais um campeonato de pontos corridos decidido com uma "final" na última rodada. A fórmula de disputa foi mantida, com os 12 clubes jogando todos contra todos em turno e returno. Em 1º de novembro de 1964, o Olímpico viveu um clássico histórico, o de número 173. O do tricampeonato gaúcho.
O Grêmio chegou para duelo à frente na classificação, com 38 pontos contra 37 dos colorados. O empate era suficiente para mais uma taça. O time, agora comandado por Carlos Froner, fez mais e goleou por 3 a 0, um gol para casa título da sequência. Dois gols de Alcindo, o primeiro logo aos 2 minutos de partida, e um de Joãozinho. Sérgio Moacir Torres, desta vez, estava no comando do rival.
O time da decisão contou com jogadores como o goleiro Alberto, o zagueiro Airton Pavilhão, o o lateral Ortunho, e do meio para frente tinha Paulo Lumumba Joãozinho e o centroavante Alcindo.
A escalação do Gre-Nal decisivo teve Alberto; Altemir, Airton Pavilhão, Áureo e Ortunho; Cléo, Sérgio Lopes; Paulo Lumumba, Joãozinho, Alcindo e Vieira.
1965: o tetra invicto
Durante todo o período do hepta, o Grêmio viu o Inter como a sua principal sombra, sempre como o segundo colocado. A exceção foi a campanha do tetra, que teve o Juventude como vice-campeão. Os colorados terminaram na quarta colocação.
O Natal chegou mais cedo para os gremistas em 1965. Em de 7 novembro o presente de fim de ano veio de maneira antecipada. Cinco semanas antes do Gre-Nal que fechou o campeonato, o Grêmio bateu o Juventude por 1 a 0.
Talvez nem todos os outros 11 adversários juntos, em um campeonato de pontos corridos, conseguiram parar o Grêmio aquele ano. Foi uma das campanhas mais emblemáticas da historia gremista. Em 22 jogos, o time não foi derrotado nenhuma vez.
A trajetória invicta resultou em 42 pontos ao termino daquele 1 a 0 no Gre-Nal 178, nos Eucaliptos. Foram 14 pontos de vantagem para o Ju. O gol no clássico foi de Alcindo, autor de outros 20 naquela edição do Gauchão. O Bugre terminou a temporada com 61 gols, em um ano em que o Grêmio foi derrotado apenas quatro vezes.
A escalação-base daquele Gauchão teve Alberto; Altemir, Airton Pavilhão, Áureo e Ortunho; Cléo (Milton Kuelle), Sérgio Lopes; Paulo Lumumba, Joãozinho, Alcindo e Vieira.
1966: penta com a assinatura de Volmir Massaroca
O Grêmio voltava a ser penta. A torcida precisou esperar até os 14 minutos do segundo tempo para começar a festejar a nova conquista. Era 7 de dezembro. O adversário era o Rio Grande. O palco era o Olímpico. O gol foi de Volmir Massaroca.
A festa aumentou com Joãozinho, Sérgio Lopes e, outra vez, Volmir, fechando o placar em 4 a 0. Ainda faltavam dois jogos para a rodada final, mas as mãos já podiam ser colocadas na taça. A base dos anos anteriores foi mantida com Alberto; Altermir, Airton, Áureo e Ortunho; Cléo e Sérgio Lopes; Vieira, Joãozinho, Alcindo e Volmir. Eles estavam sob comando de Luis Engelke.
1967: o hexa marcante
Para a história, fica eternizada a marca dos sete títulos. Porém, na subida dos degraus até o hepta, a maior das conquistas foi o hexa pelo seu significado. Erguer a sexta taça consecutiva igualou a marca do Rolo Compressor colorado nos anos 1940.
O jogo do título foi dos mais sofridos. Empate com o Brasil de Pelotas, fora de casa. A igualdade saiu dos pés de Alcindo, aos 42 minutos do segundo tempo. Naquele ano, o torcedor viu o surgimento de um jogador que viraria a estrela na bandeira. Everaldo era o lateral-esquerdo daquele time.
Carlos Froner comandava um time que tinha Alberto; Altemir, Airton, Áureo e Everaldo; Cléo e Sérgio Lopes; Babá, Joãozinho, Alcindo e Volmir.
1968: o hepta inédito
Em 25 de julho de 1968, o Grêmio empatou sem gols com o Juventude, no Estádio Olímpico, e comemorou, de forma antecipada, a conquista do Campeonato Gaúcho daquele ano. Mais do que a celebração do título, o clube alcançou uma marca sem precedentes até então no futebol gaúcho, o heptacampeonato estadual.
Em uma nova fórmula, o Estadual foi decidido em um octogonal final com a participação de Grêmio, Inter, Juventude, Cruzeiro, Gaúcho de Passo Fundo, Brasil de Pelotas, Santa Cruz e Pelotas.
A sétima volta olímpica em sequência foi dada em 25 de julho de 1968, depois de um empate por 0 a 0 com o Juventude.
O time que entrou em campo na partida que valeu a taça teve Alberto; Altemir, Paulo Souza, Áureo e Everaldo; Cléo e Jadir; Babá, Joãozinho, Alcindo e Volmir.
Apesar de a partida contra o Juventude ser a do título, o jogo mais lembrado da campanha foi o Gre-Nal, com goleada de 4 a 0, com dois gols de Volmir, um de Joãozinho e outro de Alcindo.