O Grêmio e sua torcida vivem nesta sexta-feira (5) o último dia de espera em busca de um momento histórico. Neste sábado, às 16h30min, na Arena, Renato Portaluppi e sua equipe terão a chance de escrever mais um capítulo importante no clube. Depois de comemorar um heptacampeonato gaúcho em 1968, o Tricolor terá novamente a chance de acumular o sétimo título estadual em sequência. Curiosamente, contra o mesmo adversário que sacramentou a conquista de 56 anos atrás.
Um título de quase seis décadas passadas marcou uma das gerações mais vencedoras na história do Grêmio. O hepta do Gauchão fechou uma era que ficou conhecida pelo termo "12 em 13". Um período de 13 anos em que o Rio Grande do Sul teve predominantemente o azul, preto e branco colorindo o futebol no Estado. De 1956 a 1968, foram 12 conquistas gremistas e apenas uma do Inter.
Historicamente, a noite de 25 de julho de 1968 foi o momento da última conquista da sequência. Uma noite fria em Porto Alegre e que teve no Estádio Olímpico uma partida sem muitos fatos marcantes dentro de campo.
O empate em 0 a 0 com o Juventude confirmou o título gaúcho antecipadamente, mas o resultado que até hoje é citado como fundamental na campanha aconteceu um mês antes. A goleada por 4 a 0 no Gre-Nal, com o Inter treinado por Foguinho, foi apontado pelos torcedores ouvidos por GZH como o verdadeiro momento crucial da jornada ao título.
— Tinha 10 anos de idade. Esse 0 a 0 sucedeu a goleada por 4 a 0 no Gre-Nal. Era uma noite de muito frio em Porto Alegre. Meu pai foi muitos anos conselheiro do Grêmio. Herdei o gremismo dele, que recebeu isso do meu avô. Foi o período famoso dos 12 anos em 13, que foi o hepta inédito. Estava em casa, morava na Rua Fernandes Vieira. Ouvi no rádio. Era um dia de semana. Meu pai foi, não perdia o jogo. Mas vivi os anos de Babá, João Severiano, Alcindo e Volmir — relembra o médico pediatra Roberto Issler, 66 anos.
Mesmo algumas pessoas que estavam no Estádio Olímpico lembram pouco da partida. Saul Berdichevski, que anos depois escreveu seu nome na história do clube como dirigente com passagens por várias áreas, era um dos gremistas enfrentando o inverno gaúcho nas arquibancadas do Velho Casarão.
— Estava no jogo. Comemoramos muito com a família, com os amigos. Fomos para o restaurante Barranco depois. São tantos títulos que não me lembro especificamente. Aquele time de 1968 tinha muita qualidade, era preparado para ganhar. Alberto era um grande goleiro, Joãzinho, Alcindo. Era um grande time — relembra Saul.
A equipe que levou o Grêmio ao hepta, feito inédito na época, contava com protagonistas que são lembrados até hoje.
— Era uma equipe com o cerebral João Severiano, Alcindo fazendo gols de tudo que era jeito. Jadir era um guerreiro. Aquele time era uma herança do Foguinho. Ele colocou esse carimbo do Grêmio guerreiro. Depois vieram Carlos Froner e Sergio Moacir como técnicos. Joãozinho poderia ter ido para a Seleção. Todos marcavam. Era uma grande geração. Se o Grêmio for hepta no sábado, será muito emocionante — disse Franco Zucatti Severino, 69 anos.
Pela oportunidade de repetir um feito histórico, o Grêmio terá novamente o Juventude como adversário. Mas desta vez será preciso mais do que apenas um empate para ficar com o heptacampeonato. Após o empate sem gols na serra gaúcha, o vencedor do confronto de sábado será o campeão. Se ocorrer uma nova igualdade no placar durante o tempo regulamentar, a decisão do campeão gaúcho de 2024 ocorrerá nos pênaltis.