Prestes a iniciar neste domingo (10) uma nova fase do Gauchão, o Grêmio encerrou às 23h59min da última quinta-feira (7) mais um passo de um plano traçado há dois anos. Desde a eleição da chapa de Alberto Guerra, entre erros e acertos e com uma lista de reforços que inclui a vinda de Luis Suárez, a direção trocou radicalmente a fotografia do grupo que devolveu o clube à Série A após um ano de dificuldades na segunda divisão. São apenas quatro remanescentes de 2022: Gabriel Grando, Geromel, Kannemann e Villasani.
Uma mudança gradual, mas que rendeu frutos ainda em 2023. Além do título do Gauchão, a vaga à Libertadores devolveu ao torcedor a autoestima de ver seu clube competindo entre os maiores da América. Um movimento a mais na direção do planejamento que segue em curso, e que tem no vice de futebol Antonio Brum como figura central para enfrentar rivais com capacidade de investimento.
Em entrevista concedida à Zero Hora na última sexta-feira (8), o dirigente explicou como o clube se movimenta no mercado e as estratégias para seguir na trilha de crescimento iniciada na última temporada.
Qual a avaliação que o clube tem sobre os movimentos feitos nessa janela?
A gente conseguiu reforçar o elenco dentro das possibilidades do clube com essas sete contratações. Acredito que um time campeão não se faz em um ano, em uma janela de transferências. O importante é que a gente está pouco a pouco, dentro das nossas possibilidades, mudamos a fotografia e as ambições do Grêmio. Dentro do possível, conseguimos trazer jogadores importantes. O Renato nos pedia os pontas de velocidade. Conseguimos trazer dois caras bem importantes nessa função. A gente conseguiu colocar um centroavante de nome, um cara que tem uma carreira internacional importante e de muita qualidade também, trazer um goleiro experiente , que a gente considerava uma questão que dentro de uma Libertadores pode fazer a diferença.
É difícil se manter fiel ao orçamento, mesmo que isso signifique não trazer um jogador que a torcida gostaria?
Tenho usado uma frase que define a gestão Alberto Guerra. Digo assim: resiliência, responsabilidade, trabalho e amor ao Grêmio. A gente não pode na ânsia de querer montar um supertime, inviabilizar o clube. Lá na frente isso pode ter danos grandes. Trabalhamos dentro de um orçamento. E os times que o Grêmio formou sempre foram feitos com criatividade, prospecção e atletas oriundos das categorias de base. É a marca das principais conquistas. O Conselho de Administração e o Presidente são grandes parceiros, mas recebemos um orçamento para trabalhar e tentamos cumprir.
Tenho usado uma frase que define a gestão Alberto Guerra. Digo assim: resiliência, responsabilidade, trabalho e amor ao Grêmio
ANTONIO BRUM
Vice de futebol do Grêmio
Como foi esse processo para conseguir recursos para trazer Pavon?
Os valores das três vendas (Rodrigues, Ferreira e Campaz) superam o valor da compra do Pavon, sendo que o Grêmio parcelou ainda. A gente teve criatividade. Uma operação que cabe no fluxo de caixa.
Como competir em um mercado onde tem um clube como o Flamengo, que investe 16 milhões de euros em apenas um jogador?
As ferramentas são importantes, mas todos os clubes têm essas ferramentas. É um combo entre tecnologia, pessoas e processo. Gosto de meter muito a mão na massa, o Luis Vagner (diretor-executivo) mete a mão na massa junto. A nossa CDD (Central de Dados Digitais) nos dá um suporte muito importante. Estamos, inclusive, remodelando toda a nossa CDD desde a chegada do Fernando Lázaro (coordenador do setor de Análise e Desenvolvimento do Departamento de Futebol), que está nos ajudando muito também.
Qual a perspectiva para a janela do meio do ano?
A gente tem que ver à medida que os fatos vão acontecendo. De recursos que o clube pode ter, de atletas que podem sair. Pode ser que a gente consiga ser mais arrojado no meio do ano. Acredito que a gente conseguiu reforçar bem agora. Talvez, poderemos ser mais arrojados por termos mais recursos. Pode ser que isso facilite, mas como eu falei, um time campeão é feito com construção de tijolinho por tijolinho. Estamos mudando a fotografia do time pouco a pouco e, no meio do ano, teremos uma outra oportunidade para agregar jogadores que possam tornar o time mais forte para a reta final da temporada.
Pode se esperar investimentos maiores na janela de meio de ano?
Teve jogadores que o Grêmio prospectou. Eles são importantes para os clubes em que estão atualmente. A janela do meio do ano dá essa possibilidade maior para alguns atletas que, agora, não tinham essa disponibilidade.
Como o Grêmio inicia um processo de contratação?
Primeiro a gente tem de saber as características que precisamos. A função que ele vai atuar, as valências que precisa ter, conhecer um pouquinho o gosto do nosso treinador. O time que é montado já era com a cara do Renato. E aí a gente vai através da prospecção de filtros tentando achar essa peça com as ferramentas que a gente tem. A CDD monitora tudo. A gente como direção pede para a CDD focar os olhos nas características.
Qual é o tamanho da necessidade de fazer uma grande venda no meio do ano?
Todos os orçamentos têm uma rubrica de vendas que o clube precisa fazer. Já fizemos um valor importante de vendas no início do ano, mas teremos que, ao longo da temporada, provavelmente vender mais alguém para equilibrar. O Grêmio provavelmente vai ter que vender ao longo da temporada, ou no meio da temporada, ou no final da temporada.
Em que patamar você entende que está o grupo?
A fotografia é diferente do que a gente recebeu. As ambições são diferentes. O Grêmio quase foi campeão brasileiro ano passado. Vamos entrar fortes e disputar todas as principais competições. Futebol não é uma ciência exata, mas vejo o nosso grupo forte, com jogadores experientes, com mais de um cara em quase todas as posições. Quando a gente assumiu, as carências eram muitas. Ao longo da temporada passada, que foi a primeira mudança de fotografia que a gente fez.
Qual foi a diferença da janela atual para a última?
A gente tinha recursos muito escassos. A gente baixou a folha do ano passado. E a gente tentou ser criativo nessas posições, porque não tínhamos dinheiro e as opções também eram escassas. Sabíamos que para essa janela de 2024, a gente precisava repor a saída do Suárez e agregar o que a gente não conseguiu agregar na janela que antecedeu essa. Que era velocidade e os caras de um contra um. Agregamos opções importantes, como eu falei na entrevista, que nos cobravam.
Após o caso Suárez, se criou uma expectativa que é difícil de cumprir para o torcedor hoje?
A gente não pode, por medo de subir a expectativa, ou de ser cobrado por essa expectativa, não subir a régua por causa disso. Então, acho que, depois que tu é vice-campeão brasileiro, tudo abaixo de ser campeão brasileiro pode ser considerado como um passo atrás. Não pode ter medo de subir essa régua, tanto dentro de campo, quanto fora de campo, nos movimentos que a gente fez.
Grupo em 2024 x Grupo em 2022
Goleiros
- 2024: Marchesín, Caíque e Gabriel Grando
- 2022: Brenno, Gabriel Grando e Adriel
Zagueiros
- 2024: Geromel, Kannemann, Rodrigo Ely, Bruno Uvini, Gustavo Martin e Natã
- 2022: Geromel, Kannemann, Bruno Alves, Natã e Rodrigues (negociado durante a Série B)
Laterais
- 2024: João Pedro, Fabio, Reinaldo, Mayk e Cuiabano
- 2022: Rodrigo Ferreira, Edilson, Leonardo Gomes, Diogo Barbosa e Nicolas
Volantes
- 2024: Villasanti, Pepê, Du Queiroz, Ronald, Dodi e Carballo
- 2022: Villasanti, Thiago Santos, Lucas Silva, Lucas Leiva, Jhonata Varela, Sarará
Meias
- 2024: Cristaldo e Nathan Pescador
- 2022: Bitello, Campaz, Thaciano, Pedro Lucas, Benitez (negociado durante a Série B)
Atacantes
- 2024: Diego Costa, Pavon, Soteldo, André Henrique, João Pedro Galvão, Lucas Besozzi Jhonata Robert, Gustavo Nunes, Nathan Fernandes e Rubens
- 2022:Diego Souza, Elkeson, Guilherme, Biel, Ferreira, Ricardinho, Emerson, Elias (negociado durante a Série B)