Du Queiroz, que chegará a Porto Alegre na semana que vem para assinar com o Grêmio, é um jogador versátil, de característica que agrada ao técnico Renato Portaluppi. Antes de ser vinculado ao Zenit, o meio-campista de 24 anos ficou dos 13 até os 22 anos no Corinthians. Até chegar no Timão, precisou superar um contexto de violência na infância para brilhar nos gramados.
O reforço encaminhado com o Tricolor é volante, mas também pode atuar como lateral-direito e na ponta direita, função que Ramiro e, mais recentemente, Bitello, exerceram no meio-campo do Grêmio. Se caracteriza pela capacidade física de ocupar espaços pelo lado do campo, seja na marcação ou no apoio ao ataque. Como volante, também apresenta com mobilidade de área a área.
No Zenit, onde estava desde a metade de 2023 e está vinculado até 2028, Du Queiroz disputou 16 partidas e marcou um gol. Entretanto, apenas sete vezes foi titular. Na única vez em que balançou as redes — julho do ano passado — apareceu de surpresa na área do Baltika, pela Taça da Rússia, e mandou para o gol com a perna esquerda.
Sua última partida foi em 9 de dezembro, quando atuou os 90 minutos da vitória por 1 a 0 do time de São Petesburgo contra o Nizhny, na Premier League da Rússia. O pouco tempo no Leste Europeu, porém, foi o suficiente para o jogador entender que não estava adaptado e necessitava retornar ao Brasil.
Du Queiroz é mais um daqueles jogadores que encontraram no futebol um refúgio para o contexto de violência em que cresceram. Natural da favela Butantã, em São Paulo, muitas vezes teve de driblar os caminhos do crime. Aos sete anos viu seu pai, Paulo, ser preso. Durante a infância, por muitas vezes seu espaço de brincadeiras era o presídio, quando as visitas de familiares eram permitidas.
— Com 7 anos de idade, eu estava jogando bola dentro de uma cadeia. Agora posso disputar uma final de Copa do Brasil — disse o jogador, em 2022, após participar da classificação do Corinthians para a decisão da Copa do Brasil daquele ano.
Depois de construir uma trajetória no futsal, o jogador chegou ao Corinthians com 13 anos. Ali passou por todas as categorias de base até estrear no time profissional, em 2021. O melhor ano foi o seguinte, quando participou de 66 jogos, com três gols e três assistências. Meses depois, foi ao Zenit junto com o goleiro Ivan (agora do Inter) e o meia Gustavo Mantuam, em um negócio que envolveu a chegada de Yuri Alberto ao Parque São Jorge.
— É bom jogador. Tem qualidade, é guerreiro e valente. Muito parecido com o Ramiro — afirma Vanderlei Luxemburgo, técnico de Du Queiroz em 2023.
Nas três temporadas, no elenco principal do Timão, conviveu com Fernando Lázaro, atual coordenador de análise e desenvolvimento do futebol do Grêmio. No período, Lázaro foi auxiliar e também treinador da equipe paulista.
Ao fechar com Du Queiroz, que estava na pauta da diretoria desde o início de janeiro, o Grêmio supera a concorrência do Vasco, que também tentava contratar o jogador nesta janela de transferências. Os cariocas, porém, esbarraram em um contexto geopolítico — guerra entre Rússia e Ucrânia.
A Gazprom, empresa pilar da economia russa e dona do Zenit, faz parte de uma das listas de empresas sancionadas pelo governo dos Estados Unidos, que proíbe negociações com pessoas físicas ou jurídicas norte-americanas, como a 777 Partners (SAF do Vasco) sob possibilidade de processos criminais.
Além disso, o Tricolor preencherá uma vaga dos outros três reforços esperados ainda para a disputa do Gauchão. No plano ainda também está a chegada de um lateral-esquerdo e um ponta. O prazo para inscrições de jogadores na competição vai até 16 de fevereiro. Caso contrário, eles podem chegar até 7 de março, data de fechamento da janela de transferências para o futebol brasileiro. No entanto, não ficariam à disposição no Estadual.