As expectativas do Grêmio para o Gre-Nal do próximo domingo (25) estão em Cristian Pavon, como titular pela primeira vez, e uma possível estreia de Diego Costa. Por outro lado, os garotos Gustavo Nunes e Nathan Fernandes irão debutar no clássico e cultivam a esperança de entrar para a história da rivalidade com um gol — como ocorreu recentemente com uma série de guris gremistas que balançaram as redes do Inter.
Em 2019 se espalhou no ambiente gremista o termo “É us guri do Grêmio”. Até um boné com a frase foi utilizado no vestiário por Matheus Henrique, Jean Pyerre e Pepê. Com a participação do volante e gols do meia e do atacante, que chegaram aos profissionais sob o comando de Renato Portaluppi, o Tricolor venceu alguns clássicos nos anos seguintes.
Nas últimas passagens pelo Tricolor, o treinador se caracterizou por dar oportunidade aos jogadores das categorias de base. Como consequência, esses corresponderam em campo e fizeram a diferença em clássicos. Seja casos como Pepê, que atualmente brilha no Porto e foi convocado para a Seleção Brasileira, ou até mais inusitados como Isaque, que depois não conseguiu ter sequência.
— Uma das coisas que eu sempre passo para os garotos é: não tenham medo de errar. Essa confiança eles vão ter, não se preocupem se eu vou reclamar. Não se pode cobrar de um jogador de 18 anos da mesma maneira que outros. Aí ele não vai ter a coragem que precisa — explicou Renato Portaluppi.
O encorajamento, citado por Renato, é um dos pontos relevantes para deixar o jogador mais relaxado em um confronto decisivo. Outros aspectos psicológicos são citados por especialistas, como uma projeção de consequências conforme o desempenho apresentado. Entretanto, eles destacam que é uma preparação durante o dia a dia, não apenas em um diálogo prévio ao confronto.
Técnico das categorias de base do Grêmio entre 2016 e 2017, Felipe Endres acompanhou estes garotos e participou da reta final da formação até a promoção ao elenco profissional. Para ele, o fato de eles terem experiência em clássicos desde as categorias de base facilita a preparação. Entretanto, é necessário estar consciente das consequências do desempenho no jogo.
— O clássico é a prova de fogo. É onde a gente vai saber se o atleta está pronto ou não. Mas eles jogam clássicos desde cedo na base, sabem da pressão pelo resultado. No profissional, o principal é a peso da torcida, de saber lidar com a exaltação após marcar um gol ou reagir na derrota — diz Endres.
Para Renato Miranda, Doutor em Psicologia do Esporte e professor da Universidade Federal de Juiz de Fora-MG, estar em um clássico é o objetivo de todos os jovens. Portanto, os que tem a chance precisar desfrutar da oportunidade de mostrar o talento em um jogo de grande visibilidade
— Eu diria para um garoto que o esporte existe para divertir as pessoas e ele precisa administrar esse sentimento. Qualquer garoto gostaria de estar nesse lugar. Ele tem que interpretar como uma grande oportunidade, satisfação e alegria. Tudo fizeram era pra ter a oportunidade de mostrar talento em um Gre-Nal, que onde ele pode chamar a atenção. Nem sempre é fácil.
Conforme Mauricio Marques, psicólogo especializado na área esportiva, a motivação também precisa ser controlada.
— O Gre-Nal pode consagrar um jogador. Mas o medo de errar pode afetar a tomada de decisão. Depende de como o jovem é preparado, passa pelo autoconhecimento. Por vezes se coloca um peso grande na motivação, porém o excesso pode gerar jogada violenta, discussão ou expulsão e prejudicar o time — destacou Marques.
Sem permissão para eventos esportivos em Porto Alegre durante a pandemia de coronavírus, o Gre-Nal da primeira fase do Gauchão 2020 foi realizado no Estádio Centenário, em Caxias do Sul, com mando de campo do Inter. Com um gol de falta de Jean Pyerre, o Grêmio venceu por 1 a 0.
Naquele ano, Pepê foi o diferencial em dois jogos. No Beira-Rio, marcou o gol gremista na vitória por 1 a 0 no confronto válido pela fase de grupos da Libertadores. No Brasileirão, ele abriu o placar na Arena no empate em 1 a 1. Em 2020, ainda teve o atacante Isaque balançando as redes no 2 a 0 para o Grêmio, na Arena, em decisão do segundo turno do Gauchão.
Em 2021, mais jovens ajudaram o Grêmio diante do Inter. Com um golaço de fora da área, nos minutos finais, o atacante Léo Chu garantiu a vitória gremista por 1 a 0 em confronto na fase classificatória do Gauchão. Na decisão, Ricardinho fez o 2 a 1 no jogo do Beira-Rio e Ferreira abriu o placar no 1 a 1 que deu o título ao Tricolor, na Arena.
Ainda houve a vitória gremista no Beira-Rio por 3 a 0, em 2022, pela semifinal do Gauchão, com gols de Bitello e Elias Manoel. Bitello voltou a marcar no ano passado, quando o Grêmio venceu na Arena, pelo Brasileirão, por 3 a 1.