Pelo segundo ano em sequência, o Grêmio apostou em Ferreira. A expectativa era de que os bons rendimentos em alguns momentos de 2020 e 2021 se manifestariam mais frequentemente com a titularidade. Só que a aposta das duas últimas direções ainda não se confirmou. Sem a contratação de um nome afirmado para a disputa das posições de ponta, o atacante virou mais uma vez esperança para a função depois de julho.
O problema é que o camisa 10 segue sem confirmar as expectativas. Desde que retornou de uma série de problemas físicos – foi ausência entre março e julho –, o atacante mostra rendimento irregular e não consegue se tornar o protagonista da equipe.
O retorno de Ferreira da última lesão muscular levou quatro meses. A volta ocorreu pelo Brasileirão contra o Bahia, em Salvador, no início de julho. A assistência para o gol de Gustavo Martins, que garantiu a vitória por 2 a 1, indicava que o jogador poderia ser, enfim, peça importante.
Porém, desde a partida contra o Vasco, quando fez seu primeiro jogo como titular na sequência recente, o jogador está em evidência para o torcedor. Só que pelos motivos errados. Foi sua primeira atuação após Renato declarar que ele precisava "se dedicar um pouco mais nos treinamentos para suportar as partidas inteiras".
Além das atuações de pouca contribuição, um lance em particular marcou a derrota para o Santos. De um escanteio a favor, o Grêmio levou o gol da virada nos minutos finais. Um momento que teve o atacante como personagem envolvido na trapalhada.
— São coisas que devem ser separadas. A atuação muito ruim dele com o erro de avaliação no fim do jogo. Achou que a bola sairia e não aconteceu. Não acho que seja uma falha. Ele estava se virando para pedir a bola para cobrar o lateral e buscar a vitória. Não foi por desinteresse, apenas a falta do foco correto. A atuação dele tem a ver com a falta de confiança e a parte física. Ele depende de jogar a bola na frente e chegar antes. Não tem força — apontou Sergio Xavier, comentarista do SporTV.
Desde que retornou do departamento médico, Ferreira tem três assistências e um gol marcado em 11 jogos. Até o esquema tático utilizado nas últimas partidas foi adaptado ao modelo que o dá mais conforto (4-2-3-1).
— Ferreira tem um traço em comum no combo dos jogos recentes do Grêmio: dispersividade, o que traz como "subquesito" a desconcentração tão criticada por Renato Portaluppi no gol da virada santista. Ferreira não recuperou inteiramente a forma técnica depois do tanto de tempo que ficou se recuperando de lesão. Tantas paradas prejudicam sua sequência e a evolução do seu jogo. Neste momento, Ferreira vem se desescalando — apontou Maurício Saraiva, comentarista do Grupo RBS, e que participou das jornadas da Rádio Gaúcha nos últimos dois jogos do Grêmio
Ferreira tem apenas quatro finalizações certas no gol do adversário no Brasileirão. Cuiabano, Bruno Uvini, Galdino e Reinaldo estão à frente do camisa 10 no ranking. O ponto onde o atacante aparece bem é nos dribles. É ele o líder no fundamento entre todos os jogadores gremistas na competição. Segundo dados do Footstats, são 11 acertos. Uma média de 1,57 por partida. Dos jogadores que atuaram com frequência no Brasileirão, só Dudu do Palmeiras supera os números de Ferreira. O atacante do Palmeiras tem 22 acertos em 13 partidas, uma média de 1,69 dribles certos por jogo.
Uma das projeções de mudanças para a partida deste domingo, contra o Cruzeiro, é o retorno do esquema com três zagueiros. Kannemann e Bruno Uvini devem ter condições físicas de atuar contra os mineiros. Ferreira é considerado como o nome mais provável de perder seu lugar entre os titulares.