A busca por outra opção de ataque levou o Grêmio até a Turquia. Sem espaço no Fenerbahçe, João Pedro Galvão virou a nova esperança de Renato Portaluppi para dividir com Luis Suárez a missão de marcar os gols tricolores.
Revelado para o futebol nas categorias de base do Atlético-MG, o centroavante de 31 anos foi anunciado oficialmente como reforço e será apresentado nesta quinta-feira (3) ao torcedor. Agora, tentará repetir em Porto Alegre o sucesso que teve com a camisa do Cagliari.
Mineiro de Ipatinga, o jogador rodou o mundo até se descobrir como um fazedor de gols e abraçar uma nova nacionalidade. Com a camisa 10 do clube da Sardenha, o se naturalizou italiano e foi convocado pela Azurra em 2022.
O início da história de João Pedro no futebol teve algumas passagens curiosas que envolvem o Grêmio e a rivalidade Gre-Nal. Seu primeiro título pelo Atlético-MG, ainda na base, foi conquistado sobre o Inter. O título da Taça BH de 2009 também teve um confronto com o Tricolor nas semifinais. O bom rendimento o levou para a seleção sub-17. Romário, ex-zagueiro do Inter, foi companheiro de João equipe campeã sul-americana da categoria e também na disputa do Mundial.
— João sempre se destacou pela qualidade técnica. É um jogador muito rápido, que chuta muito bem de fora da área. Vai ajudar muito o Grêmio. Principalmente na velocidade do meio para frente. Tem muita qualidade pra isso. Na seleção, jogava como um camisa 10 — relembra.
Outro ponto de conexão com o Grêmio aconteceu quando subiu para os profissionais do time mineiro. Sua estreia como titular foi no Estádio Olímpico, mas é um jogo que certamente não está em sua relação de boas memórias. Além da derrota por 2 a 1, com dois gols de Hugo, João acabou expulso por levar dois cartões amarelos.
O bom desempenho com a camisa da seleção brasileira de base e em seu início da carreira no Atlético-MG despertou o interesse de clubes europeus. Acabou comprado pelo Palermo em 2010, mas foi repassado no ano seguinte ao português Vitória de Guimarães. Sem jogar muito, reforçou o Peñarol de Diego Aguirre no segundo semestre de 2011.
As boas atuações pelo clube uruguaio chamaram a atenção do Santos, que tinha Neymar como protagonista. Em 2012, na chegada ao clube paulista, João Pedro brincou sobre sua versatilidade. Após passar por quase todas as posições durante seu período no Galo, o jogador afirmou que se sentia confortável para atuar em qualquer uma das funções ofensivas.
— Minha posição? Acho que nem eu sei definir direito (risos). Já joguei em muitas posições. Subi da base como atacante, mas logo na primeira semana o Vanderlei (Luxemburgo, treinador do Atlético-MG quando João Pedro foi promovido à equipe principal) me colocou de segundo volante — disse à época.
Apesar do discurso, o jogador afirmava que preferia atuar como meia-atacante:
— Prefiro atuar vindo de trás. Não gosto muito de jogar de costas, fazendo o pivô, porque não é minha característica.
O retorno à Europa passou novamente por Portugal. Sob o comando de Marco Silva, hoje técnico do Fulham, passou a ser escalado de vez mais perto do gol do adversário. Passou a jogar pelo lado esquerdo, mas com liberdade de buscar a área. A ida para a Itália o transformou em centroavante.
— Chegou ainda menino, em um ano em que o Cagliari foi rebaixado para a Série B. Depois, cresceu muito. Se tornou capitão e um líder dentro do clube. Deixou de ser um camisa 10 e se transformou em um camisa 9. Fez muitos gols. Deixou o Cagliari porque o clube precisava de dinheiro depois do rebaixamento — explicou o jornalista Francesco Aresu, setorista do Cagliari do portal Tutto Mercato Web.
Foram oito anos na Itália, com 271 jogos e 86 gols, antes de ser comprado pelo Fenerbahçe. Atrás de Enner Valencia e de Michy Batshuayi, o novo reforço gremista jogou pouco no último ano. Fez cinco gols em 28 jogos, com apenas 14 oportunidades como titular.
O atacante é uma contratação que também tem um olhar para o futuro. Como Suárez deixará o clube em dezembro, outra opção para o comando do ataque já estará sob contrato. E a expectativa é de que seja uma solução definitiva.
Segundo a imprensa turca, o Grêmio assume o salário integral do centroavante durante o período do empréstimo de 12 meses. Ele recebia anualmente 2,5 milhões de euros por ano, cerca de R$ 13 milhões. A opção de compra pelo jogador ficou fixada em 3,5 milhões de euros (aproximadamente R$ 18 milhões).