A resposta de Luis Suárez após a entrevista de Renato Portaluppi demorou menos de 24 horas. O que era tratado como novela mexicana até o fim da quinta-feira, transformou-se no que foi definido por uma fonte para GZH como “guerra fria”.
Após treinar normalmente com os demais companheiros no CT Luiz Carvalho nesta sexta-feira (21), o uruguaio ficou de fora da lista de jogadores relacionados do Grêmio para o jogo contra o Atlético-MG, pelo Brasileirão. A ausência do centroavante uruguaio na partida deste sábado, às 21h, é mais um episódio de uma história com capítulos cada vez mais conturbados. Será a primeira vez que o uruguaio fica de fora de uma partida na Arena
A imprensa uruguaia noticiou no início da noite de sexta-feira, após a informação publicada por GZH da ausência de Suárez do confronto contra o Atlético-MG, que o jogador teria procurado a direção do Grêmio. Nesse contato, passou a informação de que ele e seus familiares receberam ameaças em suas redes sociais. Mas, segundo as informações divulgadas no Uruguai, o motivo da ausência do centroavante da partida contra os mineiros seriam as dores que afetam seu joelho direito.
Conforme apurado por GZH, a ausência do jogador não teve relação com as dores. A não utilização contra o Atlético-MG ocorre pela resposta dada por Suárez em conversas com Renato. O técnico avisou que a utilização do centroavante só aconteceria se ele tivesse certeza de que o jogador “estaria com a cabeça” no Grêmio.
— Ele só vai jogar se estiver com a cabeça aqui, independentemente do que acontecer depois. Independentemente das dores, tem que estar focado aqui. Se estiver com a cabeça em outro lugar, não posso contar. Amanhã (sexta), vou falar com ele, dependendo do que falar, ele joga. Dia 2 fecha a janela, tem uns dias pela frente. Se estiver com a cabeça boa e sem dores, vai jogar — disse Renato na última quinta (20).
A relação, que vinha difícil, piorou de vez desde o jogo contra o Bahia. Enquanto os jogadores, comissão técnica e dirigentes começavam as comemorações no vestiário da Arena pela classificação, o camisa 9 explodiu. O uruguaio cobrou diretamente dos dirigentes sua liberação. Quem presenciou a cena ficou chocado pela forma grosseira na qual o centroavante se manifestou. O tom das cobranças, em um momento que deveria ser de comemoração, indicou que a relação avançou a um ponto praticamente sem retorno.
O clube evitou que a situação se tornasse até pública, mas o vazamento do pedido formal para deixar Porto Alegre para a imprensa uruguaia e argentina levou o caso até a um ponto delicado. O Inter Miami, que se mantinha em posição de observação, entrou em cena nesta semana e passou a participar da tentativa de composição de um acordo pela contratação do Pistolero.
O motivo para o clube dos Estados Unidos demorar a entrar de forma oficial nas negociações está nas regras da Major League Soccer (MLS). A liga permite que cada clube contrate três jogadores fora do teto salarial imposto aos clubes. No momento, Lionel Messi, Sergio Busquets e Josef Martínez ocupam essas vagas.
A ideia seria que Suárez fosse encaixado em uma das vagas normais do grupo de jogadores. Mas, para isso, a operação total, incluindo salários até o fim da temporada e o valor pago pela transferência, teria que ficar abaixo de US$ 1,6 milhão. O equivalente a R$ 7,65 milhões na cotação de sexta-feira.
O Grêmio considera como uma compensação irrecusável um valor acima dos US$ 15 milhões, mais de R$ 70 milhões. Caso a proposta não chegue a esse valor, a direção gremista está decidida a fazer o contrato firmado nos últimos dias do ano passado ser cumprido. Mesmo que isso signifique ainda mais polêmicas na relação com o jogador.