Os elogios que alguns técnicos estrangeiros recebem por parte da imprensa ainda incomodam Renato Portaluppi. Em entrevista coletiva no começo da tarde desta sexta-feira (2), no CT Luiz Carvalho, o treinador ressaltou os feitos que alcançou com o Grêmio na atual temporada e fez uma comparação com profissionais nascidos em outros países, principalmente Portugal, no futebol brasileiro. Para Renato, o atual desempenho do Tricolor receberia mais elogios se fosse feito por um treinador estrangeiro.
— Esse ano tem sido especial para mim. Por mais que muita gente não enxergue o trabalho que tenho feito, vindo da Segunda Divisão, nós mudamos 60% do nosso grupo, ganhamos o Gauchão, vencemos os dois Gre-Nais sendo absolutos contra o nosso maior rival. Ainda vencemos a Recopa (Gaúcha), estamos bem na Copa do Brasil e no Brasileirão usando variações de esquemas táticos. Eu queria ver se fosse, com todo respeito, um treinador estrangeiro, pode ser até um português, que estivesse aqui no Grêmio fazendo o que eu faço. Já teria estátua para ele. Quando vejo três ou quatro vitórias de um gringo e a imprensa já endeusa. Então se estivesse aqui no Grêmio já teria uma estátua — afirmou.
Na sequência da entrevista, Renato Portaluppi foi questionado sobre Dorival Jr, seu rival no confronto entre Grêmio e São Paulo no próximo domingo (4), que foi campeão da Copa do Brasil e da Libertadores com o Flamengo no ano passado e que agora faz uma boa arrancada no clube do Morumbi. Para Renato, Dorival não tem recebido o reconhecimento merecido por seus recentes resultados.
— O trabalho que o Dorival fez no Flamengo ganhando a Copa do Brasil e a Libertadores, muita gente falou que ele tinha dado sorte e agora está tendo um trabalho maravilhoso no São Paulo. E se fosse um gringo fazendo o que ele fez no Flamengo ou faz no São Paulo? Eu não tenho nada contra gringos, têm muitos fazendo bons trabalhos. Mas muitos clubes acham que é só contratar gringo e não é bem assim. Queria ver se teriam em Portugal a paciência com os brasileiros. É bom cutucar para ver se enxergam os trabalhos dos brasileiros. Algumas vezes é preciso dizer: "Oh, estou aqui". Os bons também estão aqui no Brasil — seguiu.
O tema técnicos seguiu sendo assunto na coletiva. Renato voltou a reiterar que pensa que apenas brasileiros devem comandar a Seleção Brasileira e citou o exemplo do português Luís Castro no Botafogo para justificar seu entendimento de que há uma maior paciência com profissionais estrangeiros.
— Na minha opinião não tem que ter treinador estrangeiro na Seleção Brasileira. O Brasil é o país que mais ganhou títulos mundiais e sempre com treinador brasileiro. Eu falo pelos trabalhos que os treinadores brasileiros fazem. O treinador brasileiro chega no clube e o que faz? Ele coloca uma cláusula de multa porque sabe que tem grande chance de ser demitido. Aí vem o treinador estrangeiro, põe uma multa alta, trabalha dois ou três meses, vai embora e leva o dinheiro. Tem gente que acha maneiro isso. Queria ver se fosse um brasileiro fazendo isso lá fora ou mesmo aqui. Dou até o exemplo do treinador do Botafogo. Ele está aqui há um ano e pouco. Está tendo bons resultados agora. Mas há quanto tempo ele está no Botafogo e não ganhou nada? Se fosse um brasileiro, esquece, não teriam essa paciência — concluiu.