O Grêmio chegou ao G-4 do Campeonato Brasileiro com a vitória sobre o São Paulo, a quarta seguida na temporada depois que Renato Portaluppi adotou o sistema com três zagueiros.
Isso, no entanto, não faz o técnico abrir mão da ideia de contar com o reforço de um jogador driblador para o seu ataque. Os dados estatísticos mostram que há razão nos pedidos do treinador. Passadas nove rodadas, o Tricolor tem a menor média de dribles do Brasileirão.
Em suas nove partidas, o Grêmio teve 24 dribles bem sucedidos. Por partida, a média fica em 2,67. Segundo que menos dribla no Brasileirão, o América-MG tem 3,33 de média. O time mais driblador do Campeonato Brasileiro é o Palmeiras, com 6,44 dribles certos por jogo. Os dados são do Footstats.
A média de dribles do Grêmio caiu justamente após o técnico Renato Portaluppi mudar o sistema tático para o 3-4-2-1. Na formação com três zagueiros, os alas Fábio e Reinaldo são os responsáveis por dar a chamada amplitude e atacar pelos lados do campo.
Nos três jogos do Brasileirão com o sistema, o Tricolor teve apenas dois dribles certos, ambos no Gre-Nal. Contra Athletico-PR e São Paulo, o time terminou sem nenhum drible, de acordo com o Footstats. A média é de 0,66 por partida.
Na formação anterior, no 4-2-3-1, quando Renato usava os meias Bitello e Vina pelos lados do campo – dois jogadores que não são extremas de origem, a média de dribles do Grêmio foi de quatro por partidas. Na comparação com os rivais no Brasileirão, o Tricolor estaria como 14º time com maior média de dribles, empatado com Flamengo e Goiás.
O Grêmio também aparece com números baixos em outros quesitos. A equipe gremista é a que menos cruza no Brasileirão, média de 15,1 por jogo, e a quarta em passes, 289,1 por partida. Os dados também são do Footstats.
Analista tático do Footure, Gabriel Corrêa aponta a forma como o Grêmio tem usado para atacar diante da baixa capacidade de drible do time e também de ter ficado menos com a bola que todos seus adversários desde a implementação do sistema com três zagueiros.
— O que o Grêmio tem tentado nos jogos que tem menos posse é usar muito das transições, do contra-ataque. Vimos contra o Athletico-PR um jogo mais direto e vertical com o Cuiabano. Em outros, o Suárez fazendo pivô ou até a pressão alta, foi assim no Gre-Nal e contra o Cruzeiro. Contra o São Paulo, o uso de passes mais curtos ficou bem claro e era essa uma ideia do 4-2-3-1 anterior, que tinha muita tabela e aproximações com os cinco meio-campistas. Por não ter o driblador que o Renato gosta, o time usa mais das aproximações e tabelas curtas também aproveitando o Suárez — avalia.
Ainda que a boa sequência tenha garantido a classificação na Copa do Brasil e a chegada do Grêmio ao G-4, Renato evitou cravar o sistema com três zagueiros como definitivo. Após a vitória sobre o São Paulo, ele ressaltou que precisa ter novos jogadores para ter uma segunda forma de jogar.
— É difícil colocar isso (prometer a sequência do sistema com três zagueiros). Gosto de soltar minha equipe. O primeiro tempo do Grêmio foi maravilhoso, e enfrentamos uma grande equipe. Reinventei o Grêmio em uma emergência. O que preciso são homens de velocidade. O importante é o adversário não saber como vamos nos apresentar. Então, precisamos sempre ter uma segunda opção, que são esses jogadores de velocidade — pediu.
Dribles do Grêmio no Brasileirão
- Total: 24
- 2,67 por jogo
Os que mais driblam
1º) Palmeiras
- Total: 58 (6,44 por jogo)
2º) Botafogo
- Total: 53 (5,89 por jogo)
3º) Fluminense
- Total: 50 (5,56 por jogo)
Os dribles do Grêmio por sistema
Linha de quatro defensores
- Santos: 7 certos (2 errados)
- Cruzeiro: 2 certos (1 errado)
- Cuiabá: 5 certos (0 errado)
- Bragantino: 4 certos (0 errado)
- Palmeiras: 0 certos (2 errados)
- Fortaleza: 6 certos (3 errados)
- Média: 4 por jogo
Com três zagueiros
- Inter: 2 certos (2 errados)
- Athletico-PR: 0 certos (4 errados)
- São Paulo: 0 certo (3 errados)
- Cruzeiro (Copa do Brasil): 1 certo (2 errados)
- Apenas no Brasileirão: 0,66 por jogo
- Contando o Cruzeiro: 0,75 por jogo