Há o costume de se dizer que um resultado não diz o que foi o jogo quando uma equipe consegue marcar vários gols e a outra, mesmo que tenha criado uma série de chances, não consegue. Mas a verdade no 3 a 0 do Maracanã é diferente. O placar disse, de fato, o que foi o jogo.
Houve um Flamengo demonstrando sua qualidade técnica, sendo envolvente e efetivo, aproveitando as chances que teve, enquanto o Grêmio, por outro lado, desperdiçando várias delas. Ainda houve méritos dos cariocas ao cortar lances que tinham o gol como destino, ou sorte em bolas na trave e nas análises interpretativas da arbitragem de vídeo, que não marcou dois possíveis pênaltis para o Tricolor.
Na avaliação externada pelo Grêmio, porém, a conclusão foi outra. Logo na saída de campo, Bruno Alves usou a famosa expressão “placar não reflete a partida”. Para Renato Portaluppi, que também usou frases típicas, como “a bola não quis entrar”, os jogadores mereceram aplausos no vestiário, mesmo derrotados por 3 a 0.
— O Grêmio criou bastante e poderia ter saído na frente. Estávamos melhores no jogo quando sofremos os dois primeiros gols. Depois adiantei a equipe, sabendo que deixaríamos espaços, mas infelizmente tomamos o terceiro gol. Nos últimos jogos que vencemos, eu chego no vestiário e tenho aplaudido a minha equipe. Hoje (domingo) perdemos um jogo para um gigante, muito bem treinado, e eu aplaudi o meu time. Por quê? Eles jogaram muito. Infelizmente, o Flamengo foi mais feliz nas conclusões e fez três gols — disse Renato Portaluppi.
— O placar não reflete a partida. Foi o jogo que a gente mais conseguiu finalizar. Foi um bom jogo, nós jogamos de igual para igual com o Flamengo — destacou Bruno Alves.
As estatísticas do Footstats apontaram 25 finalizações do Grêmio na partida — 11 delas certas. O Flamengo, em contrapartida, acertou o gol em apenas quatro delas e três foram para as redes de Gabriel Grando. Em percentual de posse de bola, os cariocas foram superiores, com 57 a 43. Conforme Renato Portaluppi, o Tricolor não foi melhor no jogo por “azar”.
— Em termos de qualidade, você tem que colocar no papel a folha do Grêmio e do Flamengo. Mas não estou falando que faltou qualidade. Como você vai falar que faltou qualidade ao Luisito nos gols que ele perdeu? Acho que foi azar. Foram milagres, a bola não quis entrar. Tem noite que é dia, tem dia que é noite. Falei para eles, se jogássemos até a meia-noite, de repente não conseguiríamos fazer um gol — comentou o técnico do Grêmio.
Os dois primeiros gols do Flamengo tiveram como origem falhas dos laterais do Grêmio. Demonstrando, portanto, que não foi só de azar que foi construído o resultado. No primeiro, Cuiabano se atrapalhou no domínio da bola e foi desarmado por Wesley, que deu início ao gol de Éverton Cebolinha.
No segundo tempo, João Pedro foi cercado pela marcação rubro-negra, e tomou a pior decisão ao tocar para trás. Acabou sendo uma assistência para Pedro fazer 2 a 0. Para Renato Portaluppi, é um alerta para os próximos jogos.
— Todo mundo comete erros. Na final da Champions, duas grandes equipes cometeram. Por que o Grêmio não cometeria? A gente torce para não acontecer, mas acontecem. Eu não retiro os elogios aos meus jogadores, mas serve de alerta para as próximas.
O Tricolor terá um intervalo de 10 dias até o próximo jogo do Brasileirão, marcado para 22 de junho, contra o América-MG, na Arena. A pausa, em razão da Data Fifa, será utilizada para descansar os jogadores e realizar ajustes táticos. Carbalo e Villasanti estarão com suas seleções. Kannemann e Bruno Uvini receberam cartão amarelo e estão suspensos.