Em reconstrução, o Grêmio inicia nesta quarta-feira (1º/3) uma competição que se mistura com seu próprio DNA. A partir das 20h, o Tricolor enfrenta o Campinense, na estreia na Copa do Brasil precisando vencer ou empatar para avançar. A partida, no Estádio Mané Garrincha, em Brasília, é a chance de escrever mais um capítulo da história de sucesso gremista no torneio. Pentacampeão e clube com o maior número de participações em finais (nove), o Grêmio aposta suas fichas que o grupo montado para 2023 levará a equipe até sua 10ª decisão de título.
Apesar da empolgação do torcedor com a invencibilidade na atual temporada — nove vitórias e apenas um empate — a frustração vivida no ano passado serve de alerta. A eliminação histórica para o Mirassol, a primeira vez que o Grêmio caiu na estreia, foi usada como aviso dos riscos desse tipo de confronto.
— Os atletas e a comissão técnica têm discernimento da responsabilidade, assim como a direção. Temos a Copa do Brasil, o clássico está em um segundo momento. Serão tratados separadamente. Mas temos compreensão de que os desafios serão maiores — projetou o vice de futebol, Paulo Caleffi, após a goleada da semana passada sobre o Novo Hamburgo.
A estreia na Copa do Brasil também tem significado especial para Renato. A derrota na final da edição de 2020 para o Palmeiras, disputada no dia 7 de março de 2021, encaminhou a saída do técnico do comando do clube. Quase dois anos depois, a partida contra o Campinense é um dos marcos da reformulação desta nova passagem do treinador. Reconstrução necessária após a queda para a Série B em 2022.
Nildo, campeão com o Tricolor em 1994, entende que a participação deste ano apresenta semelhanças com o momento vivido 29 anos atrás no clube.
— O Grêmio estava se reestruturando. Como aquele time foi formado sem contratações, não teve tanta pressão. Ms o título foi o portão para as grandes conquistas da década de 1990. Quando fomos avançando, começamos a acreditar que daria. O grupo deu liga. Aquele time encaixou. Trabalhávamos muito e deu tudo certo — relembra
O centroavante aponta que a responsabilidade da recuperação do Grêmio agora está nos ombros dos jogadores mais experientes do grupo. Nildo cita Geromel, Kannemann e Diego Souza como os líderes para auxiliar os reforços que chegaram ao clube neste ano na adaptação.
— Hoje essa responsabilidade é dos jogadores que já estão há algum tempo no clube. Que eles façam o grupo se unir. A chegada do Suárez faz o Grêmio ser olhado novamente com peso. Precisa focar muito nessa Copa do Brasil. Nos devolveria para a Libertadores, e é um torneio com a cara do Grêmio — comentou Nildo.
Uma das muitas caras novas deste novo time do Grêmio é o meia-atacante Vina. O 11º reforço do clube para 2023 deve seguir entre os titulares, após a boa atuação do setor ofensivo na goleada por 6 a 1 sobre o Novo Hamburgo. A ausência surpresa da delegação que viajou a Brasília foi o volante Carballo, com dores musculares. A tendência é de que Villasanti recupere a vaga no time titular, ao lado de Pepê, e forme o meio de campo com Bitello, Cristaldo e Vina. Fixado como titular por Renato, o goleiro Adriel deve ter sequência. O restante da defesa teria João Pedro, Bruno Alves, Kannemann e Reinaldo. Suárez será o centroavante.
Com uma folha de apenas R$ 200 mil ao mês, o Campinense é um adversário em busca de recuperação. O empate do último domingo no clássico contra o Treze deixou a equipe fora da faixa de classificação para as semifinais do Paraibano. A situação é ainda pior na Copa do Nordeste. O time divide com o Bahia a lanterna do Grupo B, com apenas quatro pontos em oito rodadas.
O jogo será em Brasília por uma decisão do próprio Campinense, que vendeu o mando de campo para uma empresa brasiliense, que levou o jogo para o Estádio Mané Garrincha por R$ 350 mil.