Caíque fez a alegria de milhares de torcedores do Ypiranga no último domingo (19). O goleiro teve trabalho para conter o ataque do Grêmio no Colosso da Lagoa. Uma série de defesas importantes no primeiro tempo deixou sua equipe viva na partida. O que se provou importante para a confirmação da vitória de virada por 2 a 1 no segundo tempo. Mas entre vários momentos de destaque, um lance em especial ficará na memória do jogador. A defesa do pênalti de Luis Suárez garantiu a alegria de João Pedro, filho e inspiração do goleiro de 25 anos.
João Pedro, 4 anos, pediu para ver e rever o lance quando a família retornou do Colosso da Lagoa. Com a curiosidade característica das crianças, PH quis que o pai mostrasse que o camisa 9 gremista era mesmo o amigo do Messi que o pai avisou que enfrentaria quando deixou sua casa para a concentração. Lá foi Caíque ter de buscar o celular, abrir o instagram e mostrar fotos do uruguaio ao lado do camisa 10 da Argentina.
— Ele tem quatro anos e entende bastante. Pediu pra ver o vídeo novamente do pênalti e depois pra ver no instagram se o Suárez era realmente amigo do Messi. Fui mostrando pra ele. Ficou muito feliz. É um menino muito esperto. Minha esposa brincou que ele chegou a chorar e a perguntar se nós não venceríamos quando levamos o gol. Mas aí veio o pênalti e saiu comemorando com o nosso torcedor. Vamos manter a humildade. Temos mais 90 minutos para conquistamos a classificação — disse Caíque.
As defesas contra Luis Suárez estão ainda bem frescas na memória do goleiro. O retrospecto positivo diante de um dos maiores centroavantes da história recente do futebol mundial são motivo de orgulho.
— É até difícil falar do Suárez. Renomado no futebol mundial. Um cara que jogou Copa do Mundo, com grandes craques como Messi e Neymar. E você se vê jogando contra alguém como ele, defender um pênalti contra um atacante como ele. Fica marcado na minha carreira. Na dele não tanto, já enfrentou grandes goleiros — disse.
Apesar da alegria na cidade, o dia seguinte da vitória do Ypiranga para Caíque foi de tratamento. O goleiro voltou a sentir dores no joelho esquerdo durante a partida contra o Grêmio. Um problema que começou na quarta-feira (15), quando levou uma pancada durante a vitória sobre o Red Bull Bragantino.
A defesa de pênaltis é algo que Caíque traz como um dos pontos fortes de seu currículo. Revelado nas categorias da base do Bahia, e profissionalizado pelo Vitória, o goleiro começou no futebol como lateral-esquerdo e goleiro. Mas a paixão pela posição nas peladas com os amigos o fez buscar a chance de trilhar os passos no mesmo clube que revelou Dida para o futebol brasileiro.
As comparações com o ex-goleiro da Seleção Brasileira, inclusive, marcaram seus primeiros anos como profissional. A passagem pela seleção sub-20 no Sul-Americano de 2017 indicava uma ascensão rápida na carreira. Mas aos 25 anos, após jogar por CSA e no futebol do Chipre nos últimos anos, Caíque entende estar de voltar ao seu melhor momento.
No ano passado, terminou como um dos destaques no futebol norte-americano. Defendeu o Rochester New York FC, da MLS Next Pro. Terminou como o goleiro com o maior número de jogos sem sofrer gols. De 24 jogos, ficou oito sem ser vazado. E teve um benefício a mais pelo regulamento local. A liga de desenvolvimento nos Estados Unidos não tinha empates. Em caso de igualdade no tempo normal, o jogo seria decidido em cobranças de pênaltis.
Nas contas de Caíque, ele terminou com um retrospecto de 10 defesas em 12 cobranças. Uma marca que pode se mostrar útil novamente neste sábado (25), no reencontro contra o Grêmio. Caso o Ypiranga perca o jogo por até um gol de diferença, a disputa da vaga nas finais será decidida nos pênaltis.
— Temos um conceito. Independentemente de quem vamos enfrentar. Temos uma vantagem, mas vamos entrar em campo para brigarmos pela vitória. Se em algum momento virmos que não será possível, tentaremos defender essa vantagem. Nosso pensamento é tentar vencer. Vamos encontrar um estádio cheio, mas temos jogadores que já passaram por isso. Não abrir mão do nosso conceito e brigar pela classificação — projetou Caíque.