Dois anos depois da despedida de Maicon, o Grêmio voltou a ter um volante que faz o time jogar. A direção encontrou Pepê no Cuiabá, e o carioca de 25 anos se confirmou como um dos acertos entre os 11 reforços contratados para 2023. Apesar de chegar com status de aposta, o meio-campista mostrou dentro de campo que é um dos titulares incontestáveis de Renato.
O volante formado como camisa 10 na base do Flamengo devolveu ao Grêmio a figura do meio-campista que faz os demais companheiros jogarem. E era exatamente essa característica que colocou o jogador na mira de Renato Portaluppi.
— Acompanho o Pepê há muito tempo. É um jogador extremamente técnico, com uma visão de jogo muito grande. É um cara muito tático, que entende os movimentos do jogo. Muito por conta disso eu sabia que ele ia se encaixar bem no modelo de jogo que eu gosto de colocar em prática nas minhas equipes — disse o técnico, em contato com GZH.
Renato concorda com as semelhanças entre Maicon e Pepê, mas prefere evitar comparações:
— Não gosto muito de fazer essas comparações. Cada jogador tem suas valências, suas caraterísticas. Mas não posso negar que a semelhança é grande. Até fisicamente os dois são parecidos (risos). Mas isso é bom para o Grêmio. Demos muito certo com o Maicon, e tenho certeza de que será a mesma coisa com o Pepê.
A principal dúvida sobre a adaptação de Pepê ao Grêmio era sua capacidade de cumprir as tarefas defensivas. Ainda mais em um clube que exalta tanto a imagem do volante marcador, aquele que dá carrinho e se entrega nos 90 minutos. Mas sua participação como marcador é algo que superou expectativas. O camisa 23 é o líder em uma série de fundamentos defensivos do Grêmio no Gauchão. É o primeiro em desarmes da equipe, com 12 roubadas de bola. O número é o dobro do desempenho de Carballo, por exemplo.
— Pepê não me surpreende. Está em uma das maiores equipes do Brasil. Ele ainda vai crescer. Esse potencial já tinha visto. É muito importante o jogador também ajudar nesse momento defensivo. Os melhores participam. E o Pepê entendeu isso. É muito bacana ver esse amadurecimento — comentou Pintado, que treinou o jogador no Cuiabá.
Mas ainda que sua contribuição defensiva seja um acréscimo ao que era esperado, Pepê tem feito a diferença com a bola nos pés. As estatísticas do Gre-Nal mostram como o volante faz com que o Grêmio leve a bola ao ataque. O jogador prioriza o passe para o ataque, sem insistir no recuo aos zagueiros.
No clássico, o volante trocou cinco passes com Bitello, sete com Cristaldo e três com Vina. Os zagueiros Bruno Alves e Kannemann receberam, somados, apenas três passes.
— É um jogador que mantém a posse, faz o time jogar no campo do adversário. Nos melhores momentos do Grêmio, era dessa forma. Antigamente era o Maicon. E encontrou um jogador muito parecido com ele no Pepê. É um volante que acha passes. Ele joga para a frente, dificilmente recua um passe. Aí faz com que o seu time mantenha a posse de bola. A bola no pé dele ajuda o time a se defender, pois você dificilmente levará um contra-ataque. O passe não será errado — disse o técnico William Campos, que enfrentou o Grêmio com o São Luiz na Recopa Gaúcha.
A tendência é de que Pepê seja um dos jogadores preservados da viagem a Erechim. O volante foi visto com gelo no tornozelo direito após ser substituído contra o Campinense e também no Gre-Nal. A ideia da comissão técnica é ter o volante com 100% das condições físicas para a disputa da Copa do Brasil na próxima semana. Na quinta-feira (16), o Tricolor encara o Ferroviário-CE.