A primeira tensão em uma entrevista coletiva de Renato Portaluppi no Grêmio de 2023 apareceu em Ijuí, depois do empate em 0 a 0 com o São Luiz, no Estádio 19 de Outubro. Logo no início da entrevista, um repórter de rádio questiou o técnico se ele não estaria "queimando" o jovem lateral esquerdo Cuiabano, por tê-lo tirado do time ainda no intervalo. Renato não gostou, chegou a criticar o entrevistador, mas acabou respondendo que não, que o jogador tinha cartão amarelo e o adversário vinha forçando as jogadas por ali e que seria bom evitar uma expulsão nos 45 minutos finais.
Concordo com Portaluppi. A substituição foi normal e compreensível. A pergunta do repórter também. Talvez fosse melhor não ter utilizado o termo "queimar", mas aconteceu e vida que segue.
Cuiabano não foi queimado por ter sido substituído. No meu ver, até o cartão que levou foi injusto. Sua atuação foi melhor do que a de Diogo Barbosa, que entrou na segunda etapa e errou todos os cruzamentos que tentou. Uma insistência desnecessária com este atleta.
Como é também insistência desnecessária com Thiago Santos, que perdeu um gol incrível. Que errou passes. Que fez companheiros levarem cartão de graça por terem de corrigir falhas gritantes do volante. Estes não se queimam com Renato. Estão torrados com a torcida e com a crítica.
Gabriel Silva
Me preocupa mais o que Renato vem fazendo com Gabriel Silva do que fez com Cuiabano. Em Ijuí, o meia-atacante jogou mais uma vez fora de posição. E mais uma vez, contribuiu muito pouco com a produção ofensiva do Grêmio.
Gabriel não tem velocidade para jogar pelo lado, não tem força para recuar e marcar, e não tem tido inspiração para superar as dificuldades impostas pelo próprio comandante, que o escala repetidamente fora de posição. Este está se "queimando" pelas ações de Portaluppi.
O treinador segue insistindo num esquema cujas peças para desenvolvê-lo não existem no elenco atual gremista. Só Ferreira tem esta capacidade e, lesionado, ficou de fora novamente. A direção contratou 11 reforços e precisa atacar esta deficiência o quanto antes, pois o técnico parece que não está disposto a mudar sua convicção, que já está virando uma teimosia.