Fora de forma? Preocupado com a chegada de Suárez? Nada disso. O atleta que fez 71 gols pelo Grêmio nas últimas três temporadas está leve. Aos 37 anos, Diego Souza mostrou-se otimista para 2023. Livre das dores após cirurgia de hérnia, revelou seus planos e projetou sua relação com o camisa 9 uruguaio.
A seguir, trechos da entrevista à Rádio Gaúcha, na qual participaram também Marcelo de Bona, Rodrigo Oliveira e Valéria Possamai.
Já passou pela tua cabeça a pergunta "por que não virei centroavante antes"?
Sem dúvida. Quando se começa a fazer gol, se para pra pensar. É tão bom fazer gols, mas tudo tem uma razão. Meu início de carreira foi como volante. Fui crescendo, ganhando espaço e pegando gosto por chegar na área. Estranho, mas aprendi bastante com isso.
Você entende que foi melhor volante, meia ou centroavante?
Me diverti em todas em 20 anos de carreira. Me dediquei e me considero acima da média em todas as posições que joguei.
Essas mudanças aconteceram por qual razão?
De volante para meia, por eu pegar gosto por chegar à frente. Tinha muita força e técnica, gostava de carregar a bola. A mudança para centroavante foi difícil. Não gostava. Ficava agoniado. Não gostava de depender dos outros. Preferia participar do jogo, carregar a bola. Isso foi difícil, brigava bastante com os técnicos, mas me adaptei e gostei. Se você joga como atacante em um time bom, aí você quer ser o 9 pra sempre. Mas em time mediano é complicado. Você acaba isolado e muito longe do gol.
Quem foi o técnico que te convenceu a ser o 9?
Joguei pela primeira vez no Vasco, com o Ricardo Gomes (2011). Fui bem e depois chegou o Alecsandro. Depois, o Eduardo Baptista me usou algumas vezes. Mas virei centroavante mesmo quando fui para o São Paulo (2018).
Você está cinco gols de entrar no top 5 dos maiores artilheiros do Brasileirão. É possível?Sabia que estava entre os 10 artilheiros... É uma meta. Preciso fazer gols, vivo disso. Espero continuar fazendo e, assim, ajudo meus companheiros. Esse ano, se Deus quiser, vai ser uma temporada legal.
Sobre seu contrato, que é por seis meses. Há previsão de renovar até dezembro?
Fiz uma cirurgia e fiquei muito tempo parado. Meu início de pré-temporada foi muito difícil. Sofri bastante, mas treinei forte. No jogo-treino com o Novo Hamburgo, foi quando me senti melhor. Consegui fazer alguns movimentos que não vinha executando, como abertura da passada e frear e acelerar. Isso me deixa mais animado. Estou feliz. Estou bem tranquilo com a questão de contrato. Quero desfrutar ao máximo desse clube maravilhoso. Será meu quarto ano e sou grato ao Grêmio. Quero me sentir bem. Quando chegar o final do contrato, e as coisas funcionando bem, sem problema em continuar.
Estou bem tranquilo com a questão de contrato. Quero desfrutar ao máximo desse clube maravilhoso. Será meu quarto ano e sou grato ao Grêmio. Quando chegar o final do contrato, e as coisas funcionando bem, sem problema em continuar
DIEGO SOUZA
Por quanto tempo você conviveu com as dores em função da hérnia?
Estava com essa hérnia fazia algum tempo, mas não me incomodava. No ano da queda, eu já estava com muita dor. Quando saí, achei que não renovaria e faria o procedimento. Mas apareceu a oportunidade de voltar. Teria de superar. Era minha vontade subir com o Grêmio. Assim que subimos, fiz a cirurgia.
Além da hérnia, a questão do peso também foi bastante discutida. Isso te incomoda?
Não tenho problema com isso. Quero estar bem, correr com naturalidade. E não conseguia fazer isso no ano passado. Era poupado de alguns treinos, não podia fazer força na academia, e isso atrapalha o rendimento. O normal é treinar bem para estar pronto para disputar e fazer seu trabalho. Com tudo que tinha de dor, não conseguia.
As dores te prejudicam a controlar a questão do peso?
Sem dúvida. Quando você consegue treinar com eficiência, você fica 100% em forma. Eu não conseguia. Aqui dentro todos sabiam da minha dificuldade. Bati no peito e não tenho problemas com a parte externa. Sou calejado com isso. Não podia abandonar meus companheiros. Se estivesse prejudicando, sairia com naturalidade para torcer. O objetivo maior era subir. Quanto ao peso, carregamos uma pressão grande de estar em forma, jogar bem e superar dores. Quando você acaba a carreira, relaxa. Tem alguns que continuam treinando, mas outros vão viver a vida. Se engordar ou emagrecer, o importante é estar feliz. Olhar para trás e não se arrepender de nada.
Como foi disputar a Série B no final da carreira?
Foi muito difícil. Tínhamos uma pressão gigante para subir. Os jogadores que chegaram tiveram de carregar um fardo que não era deles. A torcida não tinha a paciência em momentos normais. A pressão foi grande, alguns sentiram muito, mas todos se dedicaram para que acontecesse o acesso.
O Grêmio está em reformulação. Como está a rotina de treinos com tantas caras novas?Tem sido muito bom. Os gringos estão bem adaptados ao vestiário. Já se soltaram. O grupo aqui é bem receptivo. Queremos que eles se sintam em casa. Se todos estão bem, o Grêmio fica forte.
O ano é longo e tem jogo para todo mundo. O Renato sempre mescla bastante, descansa um ou outro. Se ficar três jogos pra ele (Suárez) e um pra mim, tá ótimo. Ficarei feliz
DIEGO SOUZA
Qual foi sua reação quando soube da chegada do Suárez?
Fiquei muito feliz. Estou jogando sempre faz três anos. Sempre que fui a campo, correspondi. Espero que ele jogue e faça gols. Que faça a qualidade do time crescer. O ano é longo e tem jogo para todo mundo. O Renato sempre mescla bastante, descansa um ou outro. Se ficar três jogos pra ele e um pra mim, tá ótimo. Ficarei feliz.
Mas não dá para jogar juntos?
Quem sabe. Chegou o Franco Cristaldo, que é muito bom jogador. Fizemos um treino contra o Novo Hamburgo e ele é fantástico. Encontra o atacante, chega na área e tem facilidade de aproximação. É um 10 que o Grêmio estava procurando. É difícil eu me enganar com jogador. Tecnicamente, o Franco tem me surpreendido.
Pelo seu momento da carreira, você entende que pode tentar desfrutar mais?
Pode ter certeza disto. Me senti maravilhosamente bem contra o Novo Hamburgo. Consegui fazer coisas que não podia a mais de um ano. Se tiver que jogar 20 minutos, mesmo com 37 anos, estarei feliz. Eu sou diferente.
Como é o Suárez no vestiário e a adaptação dele ao grupo?
Mesmo com a história dele, um atacante fantástico e que conquistou tudo, é uma pessoa tranquila. Muito na dele. Foi acolhido pelo grupo. Muitos torciam por ele antes de iniciarem as carreiras.
Como começou sua relação com o Renato Portaluppi?
Ele foi meu primeiro treinador no Fluminense. Me conhece de muito tempo. Sempre que tive oportunidade, falava com ele na praia ou quando jogávamos contra. Ele me conhece desde que eu era um moleque. O Alexandre Mendes também, era o preparador físico quando estava surgindo. Ele conhece minha família e meu caráter. Isso ajudou bastante para ele acreditar na minha vinda.
Vou falar a verdade. A única coisa que tenho medo é isso (fim da carreira). Não pensei em nada. Não tenho planos. Quero viver com minha família e ficar de boa. Não sei ainda se fico no Brasil. Gosto muito da Flórida, nos Estados Unidos. Tenho 80% de chance de ir morar lá.
DIEGO SOUZA
Quais teu planos para quando encerrar a carreira?
Vou falar a verdade. A única coisa que tenho medo é isso. Não pensei em nada. Não tenho planos. Quero viver com minha família e ficar de boa. Não sei ainda se fico no Brasil. Gosto muito da Flórida, nos Estados Unidos. Tenho 80% de chance de ir morar lá. Não sei ainda. Vou desfrutar esse final e depois vejo o que fazer. A nossa vida é bem corrida. Estamos sempre viajando, sempre na rua. E do nada você está em casa. Vou ter de buscar ainda minha rotina. Só ficar em casa não dá.
Tens algum gol marcante nessa tua trajetória de Grêmio?
Fiz alguns gols legais aqui. Mas tem um gol contra o Santos de pênalti, pela Libertadores (2020, na Arena). A bola bateu no braço de um zagueiro. O juiz parou e foi no VAR. Todo mundo comemorando que foi pênalti, mas eu falei que eles (companheiros) estavam fazendo festa porque não era eles que iriam bater (risos). E eu que tive que ir bater no final do segundo tempo. Deixei o Ferreira com a bola e fiquei andando feito um maluco. Perdendo de 1 a 0, no final do segundo tempo, em jogo das quartas de final. Graças a Deus fiz o gol e deu tudo certo (na Vila Belmiro, o Santos fez 4 a 1 e avançou para a semifinal).
Tem alguma meta de gols ou algum outro objetivo definido para 2023?
Minha única meta é ganhar título. Sendo campeão, estarei feliz.