Se a atuação do Grêmio no estádio Centenário não repetiu o mesmo nível da goleada sobre o São Luiz, coube a Luis Suárez recompensar os quase 8 mil torcedores que pagaram ingresso para acompanhar a vitória por 2 a 1 sobre o Caxias, no último sábado (21). A dificuldade em construir a virada — o time da Serra abriu o placar no primeiro tempo com Peninha — foi mais uma prova da diferença que o novo centroavante gremista será capaz de fazer no Brasil.
A largada no projeto gremista de buscar o Hexa do Gauchão serviu para relembrar que Renato Portaluppi está construindo uma nova versão do Grêmio. Apesar da diferença de investimento dos clubes em campo, o Caxias soube marcar e atacar com perigo o gol de Brenno. Principalmente em investidas em velocidade com Jean Dias e Peninha.
— Começo de temporada é isso, vão demorar alguns jogos. Sempre vão aparecer erros e falhas. Mas vou levar para o lado positivo. Aconteceram mais coisas positivas do que negativas, e isso é importante. A reação e a atitude dos jogadores em campo também foi importante — avaliou Renato.
Mas no momento em que o Grêmio estava em mais dificuldades, a dupla que vem se formando neste novo Grêmio resolveu. Bitello e Suárez, mesmo sem o mesmo brilho da goleada sobre o São Luiz, garantiram o início do Gauchão com vitória.
— Temos que ganhar os jogos, não dar show — minimizou o técnico.
Não que alguém tivesse dúvidas da capacidade de Suárez, mas o uruguaio mostrou novamente a razão de ser um dos principais artilheiros da última década. Mesmo sem ritmo de jogo e condição física ideal, o centroavante foi quase fatal em todas suas participações. O gol de empate do Grêmio nasceu do rebote de uma finalização sua. A virada quase veio em uma movimentação do centroavante ao recuar para tirar os zagueiros do Caxias da área, com o passe para Bitello aparecer como elemento surpresa.
Mas foi apenas aos 30 minutos do segundo tempo que o uruguaio conseguiu resolver a partida. Em dois toques na bola, Suárez tirou o marcador do lance e abriu o espaço necessário para encaixar o chute.
— Às vezes, são erros meus, que me apresso a jogar rápido. Acho que passando os jogos, vamos nos entender melhor. A qualidade eu tenho, tenho que acertar os movimentos com meus companheiros — projetou o camisa 9.
O outro ponto de destaque do Grêmio na largada de 2023 também dificilmente pode ser chamado de surpresa. Promovido da base no ano passado, e eleito melhor jogador do último Gauchão, Bitello aproveitou muito bem a indisponibilidade de Franco Cristaldo, ainda sem condições legais de jogar no Brasil. O jovem chegou a ser utilizado como meia por Roger Machado no ano passado, mas seu posicionamento com Renato é ainda mais ofensivo. O ex-volante de 2022 agora é meia central, com liberdade total para se somar a Luis Suárez na área dos adversários.
A parceria entre os dois, inclusive, é o que de melhor o Grêmio mostrou ofensivamente nas duas primeiras partidas da temporada. A dupla combinou para os seis gols marcados da equipe, com quatro para o uruguaio e dois feitos pelo jovem de 22 anos. Na busca de que o restante da equipe também encontre um nível semelhante de entrosamento, Renato deixou no ar a possibilidade de manter a mesma estrutura titular das partidas contra São Luiz e Caxias para o jogo desta quarta-feira (25) contra o Brasil-Pel.
O que segue como dúvida na cabeça do técnico é de quem será o titular do lado direito de ataque. Campaz começou o ano na função, mas deixou o gramado do Centenário muito vaiado. Gustavinho e Galdino são as alternativas no grupo, caso não chegue mais nenhum reforço para a posição.
— Tenho dado oportunidade a todos. No momento, esse é o grupo. Mas vocês sabem como é o futebol. Ainda tenho dúvidas no lado direito, até alguém que possa ajudar a equipe ganhe a camisa — avisou Renato.
Os ajustes, e a definição de quem estará em campo nesta quarta-feira (25) na Arena, acontecem no treino desta segunda-feira (23). Após o domingo (22) de folga, a sequência no Gauchão dependerá das correções que serão feitas nas atividades desta segunda e terça-feira.