A cultura gaúcha, com o hábito de comer churrasco e tomar chimarrão, sempre foi uma facilitadora para que tantos jogadores do Uruguai atuassem pelo Grêmio. Além do atacante Luis Suárez e do meio-campista Felipe Carballo, contratados pelo time gremista para esta temporada, outros 39 jogadores uruguaios já vestiram a camisa tricolor ao longo de 119 anos de história.
Os ex-jogadores do Nacional chegam à Arena para tentar contrariar a lógica dos últimos anos, quando atletas do país vizinho não deram certo no clube. Os destaques indiscutíveis foram os zagueiros Atílio Genaro Ancheta, que atuou no Grêmio entre 1971 e 79, e Hugo De León, capitão nas conquistas da Libertadores e do Mundial, em 1983.
Por outro lado, Walter Corbo, goleiro do Uruguai na Copa do Mundo de 1970 e campeão gaúcho no histórico título de 1977, era contestado pela torcida. Houve também aqueles que sequer jogaram, como o zagueiro Gonzalo Sorondo, que teve o contrato rescindido após uma lesão na pré-temporada, em 2012, ou lateral-direito Gustavo Sarli, que passou pelo Olímpico em 1992.
A experiência com atletas do setor ofensivo, no entanto, não foi das melhores. Em 1998, o então jovem Sebastian Abreu, com o apelido de "El Loco", chamou a atenção pela gola alta da camisa. Em campo, porém, Loco Abreu fez apenas sete partidas e anotou um gol — contra o América-MG, pelo Brasileirão, em partida que terminou recebendo cartão vermelho.
Para a Série B de 2005, o Grêmio apostou em um atacante desconhecido: Marcelo Lipatín defendeu o clube em toda a competição e deixou o time, na Batalha dos Aflitos, para a entrada de Anderson. No entanto, foram apenas três gols com a camisa gremista. Três anos depois, já na Série A, foi a vez do veterano atacante Richard "Chengue" Morales, de passagens destacadas pelo Nacional e pela seleção uruguaia. No Olímpico, ele teve poucas chances e não se afirmou. Seu único gol foi marcado diante do Santos, pelo Brasileirão.
Outro centroavante que não deu certo foi Braian Rodríguez, que chegou ao Grêmio em 2015. Dois anos antes, ele havia sido o algoz do Tricolor na Libertadores, atuando pelo Hiachipato, do Chile. No entanto, na Arena, o desempenho foi de 28 jogos e apenas dois gols. Depois de deixar o time gremista, o uruguaio chegou a retornar ao futebol brasileiro em 2019, quando disputou a Série C pelo Juventude. Atualmente, atua em uma equipe amadora de Salto, sua cidade natal.
Para o meio-campo, estiveram na Arena dois Rodríguez: Cristian e Maxi. Cebolla Rodríguez, que atualmente veste a camisa do Plaza Colonia, do Uruguai, fez apenas dois jogos pelo Grêmio. Jogador da seleção uruguaia em duas Copas do Mundo (2014 e 2018), ele sofreu com muitas lesões durante o período na Arena, não conseguiu se afirmar no time de Felipão e logo foi embora.
Maxi, por outro lado, ficou no Grêmio de 2013 até 2017. No meio do caminho, teve empréstimos para Vasco e Universidad de Chile, porém vestiu a camisa gremista em 45 jogos e marcou 10 gols. Seu jogo mais marcante foi no Brasileirão 2013, quando entrou no segundo tempo e marcou os dois gols que garantiram a vitória Tricolor por 2 a 1 diante do Flamengo, na Arena.