A tarde desta quarta-feira (9) foi de sabatina com os dois candidatos à presidência do Grêmio na redação de Zero Hora. Odorico Roman, da chapa 1, e Alberto Guerra, da chapa 2, participaram de uma live no YouTube de GZH em que responderam a diversas perguntas dos jornalistas Alex Bagé, Eduardo Gabardo e Marco Souza e também de torcedores sobre o futuro do clube.
Foram abordados, ao longo de pouco mais de uma hora, temas como a renovação do técnico Renato Portaluppi, a contratação e o papel dos dirigentes, a permanência de Kannemann, a busca por reforços para a próxima temporada e as negociações envolvendo a Arena. A eleição com os associados do Grêmio ocorre neste sábado (12), das 10h às 17h, de forma presencial ou pela internet.
Confira algumas respostas de Alberto Guerra:
Reforços para 2023
"Nosso plano de gestão, o que eu mais primo, é pela profissionalização. Falo em recursos humanos, em pessoas que estabeleçam no vestiário processos, para com eles decidir quem são os jogadores. Se eu começar agora a estabelecer isso estaria me contradizendo. Alguns contatos que já temos feito, converso com o Renato, com os executivos que temos em mente. O que posso dizer é que a prioridade está do meio para a frente e nas laterais. Essas seriam as principais posições. Mas é questão de prioridade, não que não possamos contratar em outras posições".
Quem será o executivo de futebol
"Rodrigo Caetano. Não sou o presidente ainda. Mas provavelmente, sim (será ele). Sempre foi o nome, mas da minha boca é a primeira vez que vocês escutam. Esse é o executivo que eu quero para o Grêmio".
Qual o papel do executivo
"Na nossa proposta, o executivo não está abaixo do CEO. O Rodrigo Caetano, o executivo, é tão importante que não pode responder a alguém de fora. Colocamos lado a lado o executivo de futebol com o CEO no organograma. Eles têm de trabalhar lado a lado, se entender. O CEO tem de entender essa dinâmica, abrir mais o cofre se precisar. Isso é muito claro, temos de empoderar o executivo de futebol, cobrar resultado dele e, se não der resultado, rolar cabeça. Ele tem de colocar a cabeça a prêmio, porque iremos cobrar".
Vice de futebol
"Temos de deixar claros os poderes do vice de futebol. Este é um ponto bem diferente entre as chapas. Para o meu adversário, que quer um departamento de futebol mais enxuto, empodera o abnegado. Em um vestiário mais profissional, onde tu tens três, quatro para dividir as tarefas e implementar a política do futebol do clube, a figura do vice de futebol é diminuída. Acho importante a figura, porque ele será os olhos do conselho de administração lá dentro. Se o presidente não está, ele é o encarregado pelo Grêmio nas viagens, nas manifestações".
Renovação de Renato
"Vamos fazer todos o esforços para manter o Renato. Não acredito que seja logo depois da eleição, porque tem a posse no dia 16. Existem muitos assuntos paralelos, mas essa é uma prioridade. Se precisar ir ao Rio de Janeiro até que se resolva para sim ou para não, eu irei".
Relação com o treinador
"Sei separar bem as coisas. Tenho uma boa relação com ele. Mas uma coisa é enquanto dirigente, pelo compromisso que estou firmando de profissionalizar. Já disse muito não para o Renato, acho que até por isso ele me respeita bastante. Não é sempre um mar de flores, somos dois geniosos. Mas entendo que existe uma hierarquia, a gente vê futebol de fora para dentro e de cima para baixo. Vamos sentar com ele, mostrar com a banda vai tocar, como a gente vê o profissionalismo e saber se ele topa. Não tem problema se ele não topar, mas acho que ele estará muito disposto".
Indicações de reforços
"Eu conheço a lista do Renato. A dele, tem cinco nomes. Os nomes tem de surgir de alguém. Seja do treinador, do auxiliar, o que menos vem é do dirigente. Tem muita gente no clube capaz de sugerir nomes, e esses nomes são destrinchados no CCD (Central de Dados Digitais). Lembro que o Roger (Machado) queria trazer o Felipe Santana, zagueiro. Era ídolo no Borussia Dortmund, mas tinha jogado 10 partidas em dois anos, vinha de um processo de lesão e não poderíamos errar naquele momento. Fomos para outros jogadores, até que o James Freitas trouxe o nome do Walter Kannemann, destrinchamos as estatísticas, vimos que financeiramente cabia no nosso bolso. Passa por várias cabeças e a gente minimiza a chance erros. Tenho orgulho de dizer que acertei mais do que errei".
Permanência de Kannemann
"É uma das perguntas que eu mais escuto. Sabem da minha relação com o Kannemann, tive a honra de participar da contratação dele em 2016, já disse que meu time começava pelo Kannemann. Mas, para isso, preciso me eleger. Já tenho alguns contatos feitos com o empresário dele, algumas coisas primárias, mas a definição vai se dar a partir do dia 12 de novembro. Temos de abrir uma negociação, escutar dele o que pretende. Mas se a gente for ao mercado contratar um zagueiro dessa qualidade, vamos largar de R$5 ou 7 milhões, mais salário. Temos de considerar isso. Mas ele vem de uma cirurgia, precisamos entender o que houve, como está. São coisas importantes na hora de colocar na mesa e avançar para uma situação financeira".
Futebol feminino
"Estive, enquanto candidato, vendo jogos no Vieirão. Tive duas reuniões com o Álvaro (Prange), executivo da pasta, vendo as dores das meninas. Falar que vamos investir mais seria o óbvio. Precisamos mais do que isso. Vamos valorizar o executivo da pasta, entender o futebol feminino como um negócio diferente do masculino, até mesmo de mídias, de projetos. Vamos investir na infraestrutura das meninas, que é precária. Os contratos também são anuais. Talvez pensar em esticar mais para dar tranquilidade. Quem assina em janeiro, em agosto, setembro, começa a se preocupar se vai ficar, se não vai. A gente entende que isso é importante também".
Utilização de jogadores jovens
"Acho que tem a ver com um aspecto cultural. O Grêmio jamais em sua história, a não ser um Ronaldinho Gaúcho, poucas vezes usou jogadores tão jovens. É algo cultural. Mas isso depende muito do treinador. Ninguém mais do que o treinador quer usar os melhores jogadores. O que posso dizer é que vamos continuar investindo na base, que é o coração do Grêmio. Temos os jogadores que darão a resposta técnica e financeira. Quando a gente traz jogadores, dá a reposta técnica, mas não dá a financeira. Temos de seguir investindo em captação, infraestrutura, nos campos, temos sempre de estar de olho na base".
Futuro do grupo de transição
"A transição faz parte do profissional, não é da base. Erradamente, o Grêmio afastou a transição do que foi um projeto muito bacana, que deve estar do lado do profissional. Hoje temos três ilhas: da base, da transição e do profissional. A nossa proposta é integrar tudo isso. Mas como fazer isso? Temos algumas ideias, talvez até de eliminar a transição e colocar os jogadores no sub-20, mas sempre de forma integrada, para o treinador ter esses jogadores mais perto dele. Chamá-los para participar de viagens, estar no vestiário".
Gestão da Arena
"Esse assunto Arena vem se arrastando há muito tempo. Me deixa cansado é que sempre vem em momentos de eleição. O que não dá para continuar é o torcedor sendo tratado como vem sendo tratado. É um assunto muito complexo, mas precisamos separar. Uma coisa é a propriedade da Arena, que tem de ser passada ao Grêmio. Outra coisa é a gestão, que precisa melhorar muito. Sou sócio remido, quando levo minhas filhas, acesso o site e só tem uma forma de pagamento. Bilheteria tem fila, rampas dificultadas. Tudo para tornar a experiência do torcedor ruim. Nosso compromisso é resolver esse problema do torcedor".
Departamento médico
"Achamos que precisa uma modificação estrutural. Talvez seja o principal projeto da nossa chapa. Demos a vice-presidência a um médico, precisamos respaldo para essa modificação. Transformar o que hoje é conhecido como departamento médico em um departamento de ciência, saúde e performance. Além da figura do médico, daremos mais força ao coordenador científico, ao fisioterapeuta, ao fisiologista. O Grêmio deixou a desejar nessa infraestrutura do vestiário, crescer na questão de equipamentos. É um absurdo o Grêmio não ter alojamento no CT. É muito importante para manter o jogador em dois turno. Faz com que o treino seja só de um turno. Hoje se treina cedo, almoça e vai embora. Precisamos entender que a questão médica é muito mais ampla. Temos de aproximar a ciência para perto do Grêmio".