A eleição do Grêmio ganhou contornos mais tensos nos últimos dias com dois pedidos de impugnação contra as duas chapas que concorrem ao pleito da próxima quinta-feira (3). Uma representação não terá prosseguimento, enquanto a outra depende da análise da comissão eleitoral gremista. A decisão ainda não tem previsão de resposta por parte da comissão.
A chapa de Alberto Guerra, a de número 2, alega que os adversários fizeram uso de informações confidenciais para o envio de propaganda eleitoral. Segundo integrantes da "Agora é Guerra", na última terça-feira, dezenas de sócios gremistas teriam sido incluídos em grupos de WhatsApp sem autorização. Nas mensagens, um dos organizadores do grupo fez convite para que os associados se reunissem para assistir ao jogo do Grêmio que ocorre nesta sexta-feira (28), para conhecer as propostas de Odorico Roman, adversário de Guerra na eleição à presidência do Tricolor.
Assim, a chapa 2 entrou com pedido de responsabilidade, levando o fato para a Comissão Eleitoral, argumentando que a iniciativa fere a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) da instituição.
— Recebemos prints de um grupo chamado "Sócio Gremista Sapucaia". Se verifica que há uma movimentação do consulado da cidade para combinar de assistir jogos. Lá pelas tantas, um dos rapazes diz que vai votar no Guerra e ele é excluído do grupo. Assim, se começa um diálogo, com perguntas de onde que se tinham as informações dos sócios e um dos organizadores do grupo afirma dizendo que foi da base de dados do clube. Pelo print, é perceptível que tudo é voltado para a campanha da chapa 1. Por isso, fizemos essa representação — explica Paulo Caleffi, integrante do departamento jurídico da chapa de Alberto Guerra.
Coordenador jurídico da chapa 1, Eduardo Schumacher nega que a "Futebol e torcida juntos com Odorico" tenha cometido alguma irregularidade:
— A chapa jamais descumpriu qualquer das obrigações da eleição. Seguimos e respeitamos a LGPD e todas as normas da eleição do Grêmio. A representação está fundamentada em uma conversa de um aplicativo de mensagem. Ele não fala em nome da chapa, do Odorico ou de qualquer pessoa ligada à campanha. Não sabemos nem se ele é sócio do clube. Não temos qualquer pedido de fornecimento de dados de sócios do Grêmio. Acho que é uma represália por termos uma representação contra a chapa do Alberto Guerra.
A representação citada por Schumacher já foi indeferida pela Comissão Eleitoral. Consistia em uma denúncia feita pela chapa 1 de que Alberto Guerra estava por realizar uma atividade em Gramado, dentro de uma loja da GrêmioMania, promovido pelo Consulado da cidade — como se usasse uma extensão do clube para palanque eleitoral, nas palavras do coordenador jurídico.
O jurídico da chapa de Alberto Guerra confirma que o convite foi realizado e aceito pela chapa para que o candidato à presidência estivesse na Serra para assistir o jogo desta sexta contra a Tombense. No entanto, foram surpreendidos com a divulgação do evento nas redes sociais do consulado de Gramado — o que é proibido pelas regras do pleito. Ao saberem do imbróglio, avisaram a diretoria dos consulados em Porto Alegre e decidiram não participar do evento.