Grêmio e Náutico voltam neste domingo, às 16h, ao palco da Batalha dos Aflitos. Mas o reencontro de 2022 não poderia estar menos conectado com o passado. Em momentos opostos na tabela, os dois clubes se organizam para que o 2023 deles tenha início após o apito final o jogo. Sem a mobilização em Recife de 17 anos atrás, a segurança no estádio para torcida, jogadores e comissões técnicas é prioridade na repetição da partida que garantiu o título da Série B ao Tricolor em 2005. E que deixou uma geração de torcedores do Timbu marcados pela angústia de não ver o retorno da equipe pernambucana à elite do futebol brasileiro.
As dificuldades no Náutico, já rebaixado matematicamente na sexta-feira (21), esvaziaram a expectativa de que o jogo deste domingo pudesse ter um significado mais simbólico na Série B. A expectativa maior é da torcida Sport, na torcida para que o rival possa ajudar na sua briga pelo acesso ao G-4. O clima em Recife é mais de temor da repetição das cenas de violência vistas na Ilha do Retiro no último final de semana, quando torcedores do Sport invadiram o gramado após um gol do Vasco. Os torcedores locais ouvidos por GZH ao longo da sexta-feira (21) citaram que não irão ao jogo por medo de confusões.
Para evitar que os ânimos se acirrem, a ordem na delegação do Grêmio é não realizar qualquer menção à Batalha dos Aflitos. O receio é de que o ambiente tenso que será encontrado no estádio neste domingo — a torcida do Náutico está indignada com a péssima fase da equipe — coloque o clube gaúcho como alvo de eventual protesto ou tentativa de violência de torcedores locais. A prudência é justificada pelo histórico de problemas durante o ano no futebol pernambucano, em especial nos Aflitos. Em 2022, o vestiário do Náutico sofreu três tentativas de invasão.
A semana também foi tumultuada. Na última segunda-feira (17), após todo o departamento de futebol do clube anunciar demissão coletiva do departamento, o carro do lateral Thiago Ennes foi apedrejado ao chegar para o treinamento no CT do clube. O jogador pediu a rescisão e foi atendido. O atacante Luís Phelipe e o volante Mateus Nascimento também solicitaram o desligamento.
A gestão do Náutico fez o possível para evitar que o jogo deste domingo (23) tivesse associações ao de 17 anos atrás. O clube não liberou a realização de pautas ou a autorização da captação de imagens para a imprensa gaúcha no estádio.
A promessa ouvida por dirigentes gremistas é de que as autoridades de segurança local prepararam um esquema especial. Mesmo assim, o Grêmio também tomou cuidados extras para garantir a segurança da delegação. Dois profissionais do clube vieram com a delegação, o que é operação padrão em viagens desde o retorno de Renato, mas reforços locais foram contratados para evitar qualquer risco para os jogadores.
Em contatos feitos durante a semana passada com a direção do clube pernambucano, a informação repassada é de que o público não deva chegar aos 5 mil torcedores.
A esperança do Grêmio é de que o jogo possa dar fim ao sofrimento do torcedor. Desde o início da Série B, as oscilações na competição indicaram que a caminhada de volta para a Primeira Divisão seria mais complicada do que o esperado para um clube que tem investimento superior a todos os adversários somados na folha salarial.
A combinação de uma vitória sobre o Náutico, com tropeços de Sport, Sampaio Corrêa e Criciúma, sábado (22), dá o acesso matemático ao Tricolor.