A decisão deste sábado (29) da Libertadores coloca velhos conhecidos como adversários. Das duas casamatas, Felipão e Dorival Júnior compartilham uma relação iniciada há 29 anos. E que tem o Grêmio como cenário. Campeão gaúcho de 1993 sob o comando de Cassiá Carpes, o hoje técnico do Flamengo era um dos líderes de um vestiário que recebeu pela segunda vez Luiz Felipe Scolari para comandar o clube.
Conhecido como Júnior nos tempos de jogador, o atual comandante do Flamengo era um volante de boa técnica. Foi contratado do Palmeiras para participar da reformulação da equipe que voltou da Série B no ano anterior.
A chegada do jogador, no entanto, causou polêmica na época. Em entrevista à GZH, no dia 1º de fevereiro, o técnico Sérgio Cosme afirmou que o volante do Palmeiras não estava entre as prioridades de sua lista desejada de reforços. O nome de sua preferência era Pires, do Fluminense. Mesmo assim, o vice de futebol, Luis Carlos Silveira Martins, o Cacalo, levou adiante o negócio.
Júnior alternou entre o time titular e ficar como opção por toda a temporada. Estreou em um amistoso realizado no dia 26 de fevereiro. Foi titular nos 90 minutos da goleada por 6 a 1 sobre o Capão da Canoa. Terminou a temporada com 30 jogos disputados, mas nenhum gol marcado. A semelhança física com Cuca rendeu uma brincadeira na época. Ao ser questionado, Júnior disse:
— Sou muito mais bonito.
A chegada de Felipão deu início ao processo de evolução do time, que nos anos seguintes conquistaria Libertadores, Copa do Brasil e Brasileirão. Paulo Paixão, preparador físico do clube na temporada de 1993, lembra de ver a relação entre os adversários deste sábado na decisão da Libertadores.
— A relação sempre foi a melhor possível. O Júnior sempre teve uma conduta ímpar. Era um cara brincalhão, mas profissional ao extremo. Não só com o Felipão, tinha bom relacionamento com todos. Por isso, hoje é um excelente gestor de grupo. Aprendeu muito por onde passou, principalmente com o Felipão — comentou.
Mesmo com um primeiro semestre de título gaúcho e vice da Copa do Brasil, o Grêmio teve três técnicos em 1993. A chegada de Felipão, no entanto, é citada como o pilar que sustentou as conquistas do clube que vieram nos anos seguintes.
— O Felipão chegou depois que o Cassiá saiu após ser campeão. Sempre teve uma gestão forte de grupo. Além da parte tática e técnica de uma equipe, as relações humanas pra ele sempre foram fundamentais. Felipão é um líder, conhece muito bem os caminhos do vestiário. Entende muito bem o jogador — disse Gilson, ex-centroavante do Grêmio na época.
As experiências no vestiário de 1993 marcaram a carreira de Gilson. Neste sábado (29), quando Athletico-PR e Flamengo se enfrentam, Gilson, mesmo com boa relação entre os dois técnicos, torce que seu ex-comandante possa terminar sua carreira com uma conquista tão importante.
— Sou suspeito. Tenho o Felipão como exemplo. É uma pessoa que dispensa comentários. Gosto muito do Dorival, mas é difícil. São dois grandes profissionais em uma final. Felipão é um iluminado. Passou por dificuldades no Grêmio um ano atrás e hoje está novamente em uma decisão.