Com as contratações de Lucas Leiva e Guilherme, o Grêmio projetava um salto de qualidade que os demais rivais não teriam como acompanhar. Um investimento milionário, muito acima dos padrões da Série B, para confirmar o acesso sem mais sofrimento. Cinco jogos depois da reestreia da dupla, seus desempenhos ainda deixam a desejar. A boa notícia para o torcedor é de que o processo de readaptação indica melhor rendimento de ambos daqui para a frente.
O plano para Lucas e Guilherme era de utilizá-los gradualmente, sem queimar etapas. Eles cumpriram um rigoroso processo de treinos até a estreia – vale lembrar que Thaciano é outro reforço recém-chegado à Arena, após passagem pelo futebol da Turquia.
Referência na área da preparação física, Fábio Mahseredjian acredita que a comissão técnica do Grêmio acertou na forma como fez a integração dos reforços. O responsável pelo condicionamento dos jogadores da Seleção Brasileira aponta que o processo, da maneira com que foi conduzido, ajuda a minimizar o risco de lesões e permite que os jogadores ganhem ritmo de jogo e evoluam naturalmente.
– Teoricamente, é assim mesmo. Concordo perfeitamente com essa utilização. É assim que vão adquirir ritmo de jogo. Agora, precisam encontrar alternativas nos treinos, e não é uma tarefa simples. Essa é a utilização com que partilho e concordo. É aquela frase: jogo é jogo – comenta Mahseredjian.
A diferença do futebol brasileiro para o estilo de jogo de outras ligas mundo afora é muito associada aos problemas com o calendário. Hélio dos Anjos, técnico da Ponte Preta e com larga experiência na Série B, além de ter passado também pelo futebol da Arábia Saudita, destaca que a carga física para os jogadores que voltam do Exterior é um dos grandes obstáculos para a readaptação.
No caso de Guilherme, a menor exigência física e nível técnico mais baixo do Oriente Médio, dificulta o melhor aproveitamento de quem volta de lá.
– A carga de treinos e de jogos é bem menor do que no Brasil. Isso atrapalha a competitividade dos atletas. As competições no Brasil tem um nível muito alto de intensidade. Pensaria duas vezes em caso de necessidade para contratar. É um problema, essa readaptação – explica Hélio.
Enquanto a questão física ajuda a explicar as dificuldades de Guilherme, o mesmo não se aplica para o caso de Lucas. A dificuldade para o volante está centrada nas questões táticas e técnicas. Lucas fez sua última partida pela Lazio no dia 21 de maio. Sua reestreia pelo Grêmio foi em 23 de julho, na vitória por 3 a 1 sobre a Ponte Preta. Enquanto negociava com o Tricolor, o jogador contratou um preparador físico particular e iniciou o período de treinos no clube em boas condições. A questão é que a falta de ritmo de jogo ainda prejudica seu rendimento.
Tcheco faz a ressalva de como o processo de aclimatação para um jogador que volta do Exterior requer tempo. Além das questões físicas e técnica individuais, também é necessário que os movimentos entrem em sincronia com a reação do companheiro de equipe – explica o ex-meia tricolor, que viveu situação parecida em 2008, ao voltar ao Grêmio durante a temporada.
– É uma rotação um pouco diferente, mais lenta. Você pensa, mas a perna não reage tão rápido. Cansa mais rápido. E ainda começa a bater ansiedade de render o mesmo que os outros. É um outro ritmo. Esse processo é gradual, leva um tempo. O Lucas, por mais que estivesse em nível alto na Itália, é uma adaptação ao estilo diferente dos jogos com o companheiros.
Com mais quatro dias de treinos, e após o descanso após a péssima atuação do time na derrota para o CRB, a expectativa é de que o importante jogo deste domingo contra o Cruzeiro conte de vez com as melhores versões de Lucas e Guilherme no Grêmio.