Após dar a impressão de que a saída da Série B era questão de tempo, o Grêmio voltou a decepcionar. Na noite de sexta-feira, perdeu por 1 a 0 Ituano, saiu da Arena sob vaias e chegou ao terceiro jogo consecutivo sem vitória. O novo tropeço retoma a preocupação sobre algo que parecia bem confortável, a posição no G-4.
O resultado manteve o time em terceiro lugar, com 44 pontos, mas a conclusão da rodada, neste domingo (28), pode derrubar o Grêmio para o quarto lugar. E pior: a distância para o quinto caiu para seis pontos (o Londrina venceu), e pode chegar a cinco caso o Tombense vença o Guarani. Antes da derrota para o CRB, a folga no G-4 era de 10 pontos.
Nos minutos finais da derrota, o torcedor mostrou em coro sua insatisfação. Logo após o gol do time paulista, aos 41 minutos do segundo tempo, o técnico Roger Machado foi o primeiro alvo das cobranças. O técnico passou a ouvir vaias e ofensas. Ouviram-se gritos de "Renato, Renato". O presidente Romildo Bolzan também foi cobrado.
O contraste dos dois vestiários após o jogo mostrou como uma das equipes encarou a partida. Enquanto o Ituano comemorava como se fosse um título, o silêncio marcou a saída de campo dos gremistas. Geromel e outros líderes passaram sem conceder entrevista. Elkeson e Villasanti falaram sobre o jogo.
— O professor tinha nos alertado. Agora é pedir desculpa para o torcedor. Não tem muito o que falar. Foi um péssimo jogo. Não conseguimos criar muitas oportunidades. Nas que criamos, não fomos eficientes — afirmou Elkeson.
O ambiente de pressão, na avaliação de Roger, seguirá acompanhando o Grêmio na Série B. Só com a conquista matemática do acesso é que o técnico acredita que será possível ter tranquilidade na rotina do clube:
— O ruim é que não precisávamos trazer o ambiente de pressão. Se tem uma lição nisso, é que esse grupo foi forjado na críticas. Sabemos reagir bem. Precisamos estar unidos, mesmo que a torcida deseje outro técnico e atletas. É este cenário que temos.
A sensação de proximidade do acesso, na avaliação do técnico, acabou contaminando o vestiário. Um dos problemas apontados por Roger é a falta do foco necessário da equipe para competir contra adversários como o Ituano:
— Isso tira a concentração devida. Os jogos contra equipes que buscam 45 pontos são muito traiçoeiros. Que sigamos acreditando no acesso, sabendo da dificuldade.
O rendimento recente também ligou um sinal de alerta. A baixa produção coletiva decepcionou a comissão técnica. Mas a avaliação de Roger é de que o time voltará a mostrar bom nível na sequência.
— Esse não é o nosso máximo. A dificuldade se deu após dois inícios bons de primeiro e segundo tempos. As derrotas doem muito, mas esse time pode muito mais. E já mostrou isso — disse o técnico.
— Trocamos no ano passado e sabemos que isso nem sempre resolve. Tenho convicção de que vamos subir — enfatizou o dirigente.
Com o retorno da pressão e das cobranças ao ambiente do vestiário, o Grêmio se prepara para enfrentar o Criciúma na próxima terça-feira (30), às 21h30min, em Santa Catarina. Após deixar o jogo contra o Ituano com dores no tornozelo, Bruno Alves é dúvida.