O jogo desta terça-feira (30) contra o Criciúma dará o tom da reta final da Série B para o Grêmio. Há três três jogos sem vencer, todos no clube sabem que só um bom resultado em Santa Catarina neutraliza uma pressão que cresce nos bastidores. Principal alvo das cobranças, e também muito criticado por torcedores, Roger Machado tem a sequência de seu trabalho no clube em xeque.
Mesmo que o discurso dos dirigentes projete a permanência do técnico até o final da competição, a perda de gordura dentro do G-4 é uma ameaça séria para a manutenção da comissão técnica.
A derrota para o Ituano aumentou o tom de insatisfação com a instabilidade que o time de Roger apresenta. Ainda com a bola rolando na partida contra os paulistas, na última sexta-feira, a torcida pediu em coro o nome de Renato Portaluppi e vaiou as substituições feitas pelo treinador. Mesmo que a pressão esteja em alta, as cobranças ainda acontecem mais de personagens externos ao CT.
Na direção e no departamento de futebol, o pensamento é pela manutenção e suporte ao trabalho. Roger e o presidente Romildo Bolzan Jr estão ligados por admiração mútua e cumplicidade no entendimento do cenário atual. A dificuldade em se projetar mudanças no comando da equipe é consenso até mesmo entre críticos. Uma das justificativas mais citadas é de que não seria possível realizar alterações significativas nas 11 rodadas que restarão.
Seja qual fora a escalação para esta terça (30), um resgate histórico pode ser alento para os supersticiosos. Em outros momentos de dificuldades, o Grêmio encontrou alento após os confrontos no Heriberto Hülse. Em 2003, na luta contra o rebaixamento, a vitória em Santa Catarina encaminhou a permanência do clube na Série A em uma sequência quase improvável de resultados na reta final da competição. Com Roger em seus últimos jogos como lateral-esquerdo, o Tricolor venceu um jogo tenso por 2 a 0 na casa do adversário e alcançou a pontuação necessária para escapar na última rodada com uma vitória sobre o Corinthians, no Olímpico.
– Foi uma partida difícil. Campo com arquibancadas próximas. Sabíamos que a vitória era mais importante do que jogar bem. Tensão pelos 90 minutos, mas tivemos o abraço da nossa torcida. Terminei minha carreira no Criciúma. Voltamos da Série C para a Segunda Divisão em 2010. É um lugar difícil de jogar. O torcedor fica bem próximo do campo e aumenta aquela sensação de pressão – relembra Gavião, ex-volante do Grêmio.
Em 1992, na Série B, o Grêmio perdeu em SC. Mas em 2005, venceu, em jogo que marcou a estreia de Galatto como titular. O jogo mais recente no estádio terminou em vitória e classificação gremista. No primeiro ano de gestão Bolzan, e na estreia de Roger em confrontos de mata-mata, o Grêmio foi a Criciúma em busca da classificação após levara 1 a 0 no jogo de ida, na Arena. O gol de Pedro Rocha levou a decisão da vaga para a disputa por pênaltis, com vantagem para o Tricolor.
– Foi um jogo bastante disputado, um ambiente hostil. Uma pressão enorme e ganhar foi muito importante. Tínhamos que estar preparador e fomos bem – comentou Bolzan.
Sete anos depois, e com o ambiente do clube pressionado pelos tropeços recentes, o presidente gremista não vê semelhanças entre a última ida ao Heriberto Hülse e o jogo desta terça.
– Sabemos que o Criciúma está mobilizado. Tivemos dificuldades para comprar ingressos. Vamos para enfrentar uma guerra.