Depois de meses de dúvidas e críticas pela falta de produção ofensiva, o ataque do Grêmio desencantou na Série B na boa atuação diante do Náutico. Mesmo que tenha marcado apenas dois gols na partida, o time pressionou a defesa adversária durante os 90 minutos e criou uma série de oportunidades. A peça-chave para o retorno do bom futebol foi Ferreira. Recuperado de uma série de problemas físicos que o acompanham desde o início do ano, o camisa 10 comandou a equipe na vitória e empolgou o torcedor que esperava por melhores atuações.
Ferreira falou na última segunda-feira (11) sobre a série de problemas físicos que o atrapalharam nos últimos cinco meses. As dificuldades começaram com uma lesão muscular sofrida durante partida contra o Juventude, pelo Gauchão, em 11 de fevereiro. A rotina de departamento médico e fisioterapia começou para tratar uma distensão de grau um no músculo adutor da coxa direita. Mas, em maio, foi descoberta uma hérnia inguinal e o atleta precisou passar por cirurgia.
A permanência em campo por pouco mais de 80 minutos na sexta-feira, no entanto, ainda não significa o fim da rotina de tratamento no CT Luiz Carvalho. O atacante do Grêmio revelou que segue com incômodo na região da cirurgia e que levará mais algum tempo até estar completamente recuperado.
— Ainda não estou 100%, estou uns 90%. Aos poucos vou estar 100%. Foi meu primeiro gol no ano, um ano difícil para mim. Foi um alívio, tirei um peso de mim — revelou o camisa 10.
A volta de Ferreira mostrou o impacto direto na produção ofensiva da equipe. Até o jogo contra o Náutico, o Grêmio tinha uma média de 295 passes e 4,7 chutes certos por jogo. Contra o time pernambucano, a equipe gremista acertou 504 passes e sete finalizações no gol adversário. A melhor performance ofensiva também acabou evidenciada pelo maior tempo em que a bola ficou em posse do Tricolor. A média da Série B era de 49%, mas foi de 57% na última rodada.
Titular da ponta-esquerda do Grêmio no início da década de 1970, Loivo entende que o retorno de Ferreira dá ao time um jogador de qualidade técnica diferenciada. E, com a estrutura do time ajustada para tirar o máximo da equipe, o atacante acaba tendo ainda mais destaque.
— O Roger acertou o time na parte tática com as mudanças que ele fez durante a Série B. A entrada do Ferreira é o diferencial do Grêmio. É um jogador agudo, que vai pra cima. Hoje é o Geromel na defesa e o Ferreira na frente que fazem a diferença no time — avalia o ex-jogador.
A volta de Ferreira, na avaliação interna do clube, devolveu ao time um atacante com características que potencializam a contribuição dos demais companheiros. A comissão técnica entende que as outras alternativas utilizadas durante a ausência do camisa 10 eram jogadores que tinham mais aptidão para atacar em velocidade do que buscar manter a posse de bola. Outra vantagem do retorno de Ferreira foi a melhor produção de Biel. Pelo lado direito, o camisa 17 ajudou na criação e formou boa parceria com Ferreira.
— O Biel se mostrou menos agudo e mais articulador pelo lado direito. Só mudar o jogador de lado e isso alterna o tipo de jogo. A mudança de algumas peças fez com que o jogo ficasse mais técnico — analisou o técnico Roger Machado.
A expectativa, no entanto, é de que o ataque do time tenha mais uma troca a partir da abertura da janela de transferências, em 18 de julho. Guilherme, apresentado na semana passada, assumirá a titularidade pelo lado direito. O jogador é apontado internamente como uma das esperanças da direção e da comissão técnica para aumentar de vez o rendimento do setor.