Roger Machado assumiu o Grêmio durante a primeira fase do Gauchão e conseguiu estabelecer o esquema 4-3-3 a partir da vitória por 3 a 0 no Gre-Nal da fase semifinal.
Embora a conquista do torneio tenha vindo na sequência, o time gremista agora passa por uma instabilidade na Série B, forçando o treinador a encontrar alternativas. A última delas foi o esquema 3-4-3, testado inicialmente na Recopa Gaúcha e consolidado a partir do confronto com o Vila Nova. GZH explica como funciona a nova mecânica de jogo do Tricolor.
Não é uma coincidência. A má fase do Grêmio começou no início de maio, quando foi derrotado pelo Cruzeiro, na Arena Independência. O time do uruguaio Paulo Pezzolano, no momento líder da Série B, atuou no esquema 3-4-3. Neste jogo, especialmente pela dificuldade de marcar os alas da equipe mineira, foi plantada a semente na cabeça de Roger Machado para tentar implementar no Tricolor a mesma forma de jogar.
Evidentemente, o esquema não é novidade no futebol brasileiro. Corinthians, Flamengo, Palmeiras e até o Juventude já utilizaram recentemente. No Grêmio, porém, ele não era visto em sequência desde o time de Renato Portaluppi, vice-campeão do Brasileirão 2013.
O primeiro teste ocorreu utilizando os reservas, diante do Glória, pela Recopa Gaúcha. Em Vacaria, a volta de Walter Kannemann foi fundamental para a composição da defesa com três zagueiros. Benítez ocupou o meio ao lado de Thiago Santos, com Campaz e Janderson avançados, próximos de Elkeson. Era uma amostra do que viria no Serra Dourada, cinco dias depois, pela Série B.
Mesmo sem Kannemann — vetado por um problema gastrointestinal — Roger manteve a ideia dos três zagueiros tendo Rodrigues ao lado de Geromel e Bruno Alves diante do Vila Nova. Na segunda linha, Sarará e Nicolas foram os alas, com Villasanti e Bitello como meio-campistas. O ataque foi formado por Campaz, Biel e Diego Souza.
Na fase ofensiva (momento do Grêmio com a posse de bola) os laterais tinham total liberdade de apoio pelas beiradas do campo. Por outro lado, os meias-atacantes faziam o movimento da ponta para o centro do campo, se aproximando de Diego Souza.
Foi pelo lado esquerdo do campo, com as subidas de Nicolas, as aproximações de Biel e o apoio de um dos volantes, que o Grêmio foi mais perigoso para a meta do time goiano. O mesmo ocorreu na última rodada, contra o Vasco, quando Roger repetiu o 3-4-3.
O chave nesta formação é a movimentação do meia-atacante pelo lado direito. Seja Campaz ou Benítez, são jogadores que Roger Machado define como "meia-ponta" — atletas com características armação que partem do lado do campo. Contudo, o Grêmio apresentou uma melhora quando teve Janderson entrando no intervalo dos jogos. Com ele por um lado e Biel pelo outro, houve maior liberdade para os meias-atacantes atuarem pelas pontas.
Entendendo as dificuldades dos jogos fora de casa na Série B, o Grêmio já admite a postura de não tentar ser protagonista nos jogos. Sendo assim, o esquema 3-4-3 proporciona que a equipe possa se defender com pelo menos nove jogadores de linha - formando uma barreira de cinco jogadores no sistema defensivo.
Foi assim diante do Vasco, que foi quem teve maior volume ofensivo no confronto de São Januário na última quinta-feira. Especialmente no segundo tempo, o Grêmio se postou na defesa, com uma linha de cinco, e tentou explorar os contra-ataques.
Houve consistência defensiva, apesar de Brenno ter também feito a diferença em momentos de perigo. Por outro lado, o time segue sem criatividade e dependente de jogadas individuais.