Ter uma pré-temporada mais extensa era um dos objetivos do Grêmio em 2022. A medida, até certo ponto, foi colocada em prática. Com os trabalhos iniciados em 10 de janeiro, o Tricolor encerrou o período de trabalhos específicos na semana passada. No entanto, bastou o empate em 1 a 1 com o Juventude, aliado ao mau desempenho da equipe, para que o técnico Vagner Mancini fosse demitido, decisão anunciada nesta segunda-feira (14), e que pode ter reflexos ao longo do ano.
— O grande prejuízo é de tempo. Já se tem um calendário apertadíssimo, com uma pré-temporada que nem dura 30 dias. Aí quando termina oficialmente a pré-temporada, sai o treinador? O próximo terá de se apresentar, treinar e fazer os jogadores entenderem o que ele pensa jogando. É um atropelo no planejamento. Não deveria ser assim para um time que irá enfrentar um campeonato cheio de pressões como a Série B — destacou Diogo Olivier, colunista de GZH.
Quando se troca a comissão técnica, muitas vezes a metodologia de trabalho empregada no dia a dia também é ajustada. Desta forma, cuidados são necessários para que não se tenha prejuízos no rendimento, tanto técnico quanto físico.
— Sempre que acontece uma troca de comissão, tem uma mudança de método de trabalho. Cada treinador tem a sua forma de trabalhar, o que acaba interferindo na condição física. Hoje em dia, não é só o preparador que condiciona a equipe. Tem os auxiliares e o próprio técnico. Toda mudança acaba acarretando alterações na forma de trabalhar — ressaltou Márcio Vitória, preparador físico, atualmente no Glória, de Vacaria.
Márcio chama a atenção para outro aspecto. O modelo de jogo proposto por um determinado treinador pode ser completamente diferente do de outro profissional, o que demanda uma abordagem diferenciada na preparação.
— Tem a questão do próprio modelo de jogo. Tem treinador que joga de forma mais reativa, outro que gosta de marcar mais alto. Isso influencia na forma de preparar a equipe, dentro das especificidades que o treinador quer. Cada treinador tem a sua forma. O preparador tem que se adequar — pontua Márcio.
A saída de Mancini com apenas quatro partidas no comando do Grêmio em 2022 é difícil de ser entendida. Contudo, há quem veja como aceitável, pensando no principal objetivo do Tricolor no ano, que é a disputa da Série B a partir de abril.
— A pré-temporada que são os Estaduais não afeta tanto o planejamento do ano. Se fosse para mudar, teria que ser agora mesmo. Mas por convicção, não por impulso. O Grêmio ainda é um clube em reformulação, ainda buscando ajuste no modelo de jogo. É natural então que não tenha tanto impacto — afirma Carlos Eduardo Lino, comentarista dos canais SporTV.