Apenas vencer o Atlético-MG não basta. Para evitar o rebaixamento para a Série B, o Grêmio precisa ganhar dos mineiros na Arena e ainda contar com derrotas de Juventude e Bahia para Corinthians e Fortaleza, respectivamente. Já com vagas garantidas na fase de grupos da Libertadores de 2022, os adversários têm na última rodada o objetivo em comum de conquistar o quarto lugar no Brasileirão e garantir uma premiação maior da CBF.
O quarto colocado do Brasileirão recebe um prêmio de R$ 28 milhões enquanto o quinto leva R$ 26,4 milhões para casa. Essa diferença de R$ 1,6 milhão até pode parecer uma quantia pouco importante diante de valores tão elevados nos orçamentos dos grandes clubes do País. Para o Fortaleza, no entanto, R$ 1,6 milhão garante quase o pagamento de metade da folha salarial, que gira em torno R$ 3,5 milhões mensais.
O orçamento anual do Fortaleza, aliás, é inferior a R$ 100 milhões. Ter alcançado tal campanha no Brasileirão com investimento tão modesto torna ainda mais especial a temporada que marcou a inédita classificação para a Libertadores. Por conta disso, o jogo contra o Bahia terá um clima de festa no Castelão. Assim que houve a liberação dos ingressos, a torcida do Leão do Pici já garantiu 34 mil entradas no sistema de check-in. A expectativa é de um público de 52 mil pessoas contra o Bahia.
— A torcida viveu momentos muito felizes e vai viver, no próximo ano, um acontecimento único, que é a vaga direta à fase de grupos da Libertadores. Acreditamos que enfrentaremos o Bahia com toda nossa vontade de fazer um bom jogo e ganhar, como sempre fazemos em cada confronto. Há momentos para lembrar, para desfrutar e acho que a torcida teve esses momentos neste ano — declarou o técnico Juan Pablo Vojvoda, que tem o nome bastante cobiçado no mercado – com o Inter entre os interessados – e pode fazer sua despedida do Castelão.
Para encarar o Bahia, a expectativa é de que o Fortaleza volte a contar com seis titulares que não estiveram em campo na derrota para o Cuiabá. O meia Lucas Crispim, lesionado, deve ser desfalque. O repórter Lucas Mota, do Jornal O Povo de Fortaleza, ressalta que a maior motivação do clube é essa despedida com festa da torcida, e diz não haver um clima de jogar para rebaixar o Bahia por ser um clube rival do Nordeste.
— A motivação do Fortaleza é se despedir bem da torcida. Em 2019, o Fortaleza enfrentou o Bahia também na última rodada e comemorava a classificação para Sul-Americana, o que era um feito histórico naquele momento. Houve uma festa gigantesca que se repetirá agora que o feito é ainda maior com a vaga na Libertadores. Tem sido feita essa lembrança de 2019 para a torcida repetir a festa — destacou.
— Se fosse o Ceará, talvez o contexto tivesse um peso maior porque a rivalidade entre Ceará e Bahia aflorou bastante nos últimos anos. Mas com o Fortaleza não tem uma rivalidade tão grande. Rebaixar o Bahia não é uma questão tão grande para o torcedor — completou.
Se para o Fortaleza conquistar o quarto lugar tem um fator histórico, para o Corinthians servirá como forma de marcar posição. Diante dos fortes elencos montados por Atlético-MG, Flamengo e Palmeiras, a diretoria alvinegra entendeu ser necessário fazer altos investimentos para poder brigar pelo protagonismo no futebol brasileiro. As contratações de Willian, Giuliano, Renato Augusto e Roger Guedes visaram essa meta. Além disso, uma boa atuação é importante para o técnico Sylvinho, que não tem a permanência garantida para o próximo ano.
— A permanência não é certa porque o Sylvinho tem uma rejeição muito grande da torcida, que entende que ele não está tirando o melhor desse elenco. A ideia da diretoria era mantê-lo para o ano que vem, mas o Duilio (Monteiro) é um presidente que ouve muito a opinião da torcida e de quem está na sua volta. Se achar que deve demitir pela pressão, irá fazer. Foi isso que aconteceu na saída do Vagner Mancini — conta Roberto Lioi, repórter da Rádio Globo de São Paulo.
Na terça-feira (7), a Gaviões da Fiel pediu a saída do treinador em suas redes sociais. A maior torcida organizada corintiana, que, na semana passada havia publicado uma nota pedindo para o Corinthians vencer e rebaixar o Grêmio como forma de vingança pela sua queda em 2007, no entanto, não fez referência ao fato de que uma vitória sobre o Juventude poderá ajudar o Tricolor.
— Até existe por parte de alguns torcedores esse desejo (rebaixamento do Grêmio), mas não é todo mundo. Eles queriam mesmo derrubar no domingo. Para quinta-feira meio que tanto faz — afirma o Roberto Lioi.
Embora já tenham atingido seus maiores objetivos no Brasileirão, Fortaleza e Corinthians têm ainda metas a buscar nesta última rodada. De longe, gremistas torcerão fortemente para que cearenses e paulistas vençam Bahia e Juventude e deem uma ajuda ao Tricolor.