Nem por um instante sequer o departamento de futebol e a comissão deixaram de acreditar que era possível terminar o Brasileirão à frente dos quatro últimos colocados. Mas o tom adotado após a vitória do Grêmio por 3 a 1 sobre a Chapecoense, no sábado (21), sinaliza que a crença ficou maior. As respostas inflamadas cederam espaço a um tom mais ameno. A diferença é que o que parecia ser uma fé vazia para quem via as atuações em campo passou a ter motivos mais palpáveis para acreditar que a salvação é possível.
Desde setembro, quando bateu Cuiabá e Flamengo, o time gremista não empilhava duas vitórias consecutivas. A sequência sobre Bragantino e Chape aliada a resultados paralelos encolheu a diferença para fora do Z-4 para quatro pontos. A redução fez até mesmo o conteúdo do discurso mudar. A matemática, por enquanto, foi deixada de lado.
Quando faltavam sete partidas para o término do campeonato e o contexto parecia mais sombrio, o vice de futebol Dênis Abrahão projetava a necessidade de cinco vitórias na reta final. Agora, ele prefere abrir mão de fazer cálculos.
— Estamos visualizando os cinco jogos do Grêmio, estamos querendo os 15 pontos e fazer 50 pontos. A grandeza do Grêmio requer isso. O Grêmio tem condições de vencer todos os adversários que tem pela frente. Não estou preocupado com a estatística, estou preocupado com o futebol, que está indo muito bem — explicou o dirigente, em um semblante mais sereno do que em coletivas passadas.
Para aqueles que gostam dos números, ainda são necessárias três vitórias nas últimas cinco partidas, de acordo com as projeções de momento.
— O Grêmio está chegando perto e embolando essa parte da tabela. Foi importante somar duas vitórias em sequência. Tem jogo em casa (contra o Flamengo) e uma vitória pode dar a situação interessante de brigar em igualdade com todo mundo. Agora a gente começa a ver um futuro diferente, os adversários vão olhar para o Grêmio de uma forma diferente — previu o técnico Vagner Mancini.
Além de ter vencido três vezes nas últimas cinco partidas — das equipes que disputam para não cair só o Juventude também tem esse desempenho recente —, há outras razões para que o grau de confiança se eleve. A primeira delas é o calendário.
Na terça-feira (23), o Flamengo preservará seus titulares pensando na final da Libertadores no sábado (27). A tabela prevê ainda jogo contra o Corinthians e o Atlético-MG, que provavelmente chegará à última rodada como campeão. E ainda existem os confrontos diretos contra Bahia e São Paulo. A partida diante dos baianos deve marcar o retorno de Douglas Costa ao time. O meia-atacante está em fase final da recuperação de mais uma lesão muscular.
Por fim, o clube ainda acredita ser possível voltar a contar com torcida nas suas partidas, mesmo que na quinta-feira o STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) tenha negado um efeito suspensivo para liberar a volta dos gremistas às arquibancadas. Há um apelo de que o presidente da Federação Gaúcha, Luciano Hocsman, e o vice-presidente da CBF Francisco Noveletto intercedam em favor do clube.
— Quem sabe consigamos para o jogo com o São Paulo. Vamos tentar convencer aqueles que têm que decidir. O Grêmio não está parado. Um acordo é uma possibilidade. Uma situação jurídica possível. Nem todos devem pagar por aquilo que já tem definição dos culpados — argumentou o presidente Romildo Bolzan.
A montanha a ser escalada ainda é íngreme, mas depois de algum tempo, o Grêmio tem motivos para acreditar que pode concluir a escalada.
Motivos para o Grêmio acreditar na salvação
A fase
A diferença vem caindo aos poucos. Das equipes da parte de baixo da tabela, Grêmio e Juventude são os únicos com três vitórias nos últimos cinco jogos.
Douglas Costa
O meia-atacante está perto de voltar para ajudar o time na reta final. A expectativa é de que esteja à disposição para enfrentar o Bahia, na sexta-feira.
Torcida
Há a esperança de que o torcedor gremista volte à Arena e aos jogos fora de casa. O clube trabalha fortemente para ter a liberação junto ao STJD.
Tabela
Por diversas circunstâncias, o Grêmio tem uma tabela, na teoria, mais acessível do que a dos rivais, seja por ter confrontos diretos (Bahia e São Paulo), ou por ter jogos contra adversários possivelmente desinteressados (Flamengo, Corinthians e Atlético-MG).