Fechando um mês de trabalho à frente do Grêmio, o técnico Vagner Mancini e o vice de futebol Dênis Abrahão têm tido o trabalho recorrente de remobilizar o grupo de jogadores e a torcida. Em cinco dos setes jogos sob o comando do treinador foi preciso fazer um esforço titânico para tentar convencer a todos de que é possível terminar a noite de 9 de dezembro, data da última rodada do Brasileirão, fora da zona de rebaixamento. O desgastante exercício se repete para a partida desta terça-feira (16) contra o Bragantino, pela 33ª rodada.
Mancini está no meio do caminho de sua missão de tirar o time das últimas quatro posições. Com duas vitórias e cinco derrotas, o treinador tem 28,5% de aproveitamento. Nos próximos sete jogos, o Grêmio pode precisar vencer até cinco partidas e conquistar 71% dos pontos, índice que só o Atlético-MG atingiu nesta edição do torneio. São sete pontos de desvantagem para o Bahia — os dois times têm um jogo a menos em relação aos principais concorrentes contra a queda —, o primeiro clube fora do Z-4.
Apesar de ver mais uma vez o ânimo do torcedor se partir em pedaços após a derrota por 3 a 1 para o América-MG, no sábado, Dênis Abrahão manteve sua convicção intacta. Sua análise sobre a situação, após o time perder pela 18ª vez no torneio, surpreendeu.
— Não entendo que tenha ficado mais difícil ou menos fácil. Pelo contrário, acho que agora melhorou até. Acho que, agora, temos uma única obrigação, que é dar uma satisfação ao torcedor, e já na próxima terça-feira entrar com muita tesão e muita cara de Grêmio, e com menos cara de tic-tac. É mais cara de Grêmio, de jogo sofrido, jogo pegado — avaliou.
Apesar do desempenho ser abaixo do esperado, o dirigente respaldou o trabalho de Mancini. Como exemplo, citou uma jogada avisada pelo treinador, mas que não foi cumprida pelos atletas. O lance do primeiro gol, em que há uma inversão de bola para o setor entre o lateral-direito e o jogador que atua aberto por aquele lado no meio-campo, foi alertado pelo técnico durante a preparação para o confronto, de acordo com o vice de futebol.
O trabalho para reerguer o ânimo do grupo começou logo após a partida, com uma conversa com jogador por jogador, segundo o dirigente, e se estenderá até a bola rolar na terça-feira. Além de reconstruir o moral do elenco, será preciso remontar o time.
Kannemann voltou a sentir dores no quadril, que será operado ao término da temporada, não jogou no Independência e é dúvida para a próxima partida. Lucas Silva foi substituído após sentir problema muscular e não deve ter condições. Se não jogarem, se juntam a uma lista de desfalques composta pelo goleiro Gabriel Chapecó, o volante Villasanti e o centroavante Borja, todos convocados para a disputa das Eliminatórias, e o meia-atacante Douglas Costa, lesionado.
— São sete jogos, é difícil mudar as características, mudar o conceito de jogo em pouco tempo, ainda mais sem tempo de treinamento — se defendeu o treinador, antes de acrescentar:
— Tenho montado estratégias para cada jogo. Não quer dizer que A, B ou C tenham de ser titulares ou não. Depende de tudo aquilo que é feito ao longo da semana.
Outras mudanças podem ser efetuadas, seja por desgaste ou por um rendimento baixo. Os mais cotados a voltarem para o time são o lateral Rafinha, o meia Campaz e o atacante Ferreira. Os principais candidatos a irem para o banco são Cortez, Alisson e Elias.
Assunto assíduo nas entrevistas de Dênis Abrahão, as críticas à arbitragem reapareceram. Desta vez, o vice de futebol questionou nove vezes, das mais variadas maneiras, durante sua entrevista, por que as decisões da arbitragem, na visão dele, são sempre contra o Grêmio. A reclamação de sábado foi de um pênalti não marcado sobre o atacante Elias, quando a partida estava 1 a 0 para os mineiros.
— Por que é sempre contra mim? De novo! Não é a primeira vez. Qualquer lance na área do Grêmio é pênalti. Na área do adversário não é pênalti. Pênalti tem que ser marcado para os dois lados. Não quero vantagem, quero igualdade. Isso não tem acontecido nos jogos do Grêmio, por quê? — indagou.
Em meio a tantos por quês, as perguntas que o torcedor gremista mais faz são: por que o Grêmio não consegue reagir? E de onde tirar ânimo para seguir acreditando?