Diz o ditado que a esperança é a última que morre. É à esperança que o Grêmio se apega neste momento. Após a derrota no confronto direto com o Bahia, na data marcante de aniversário da Batalha dos Aflitos, o clube usa a matemática para manter a crença de que ainda é possível evitar a queda para a Série B, mesmo que nem a conquista de 100% de aproveitamento nas últimas três rodadas garanta a permanência na Série A para 2022.
Com a derrota de sexta-feira em Salvador, o Grêmio ficou estacionado nos 36 pontos. Ou seja, pode chegar a, no máximo, 45 se vencer São Paulo, Corinthians e Atlético-MG nas últimas três rodadas. Para isso, o Tricolor terá de fazer algo inédito neste Brasileirão: passadas 35 rodadas, o clube gaúcho ainda não obteve uma sequência de três vitórias.
— Não jogamos a toalha. Vamos seguir lutando até o último jogo, a grandeza do Grêmio assim requer. Vamos lutar, e temos muita chance de não cair. Nos últimos 10 anos, ninguém caiu com 45 pontos. Iremos em busca disso. Por que não? Por que ainda não vencemos três partidas seguidas? Isso, em futebol, não significa nada. O Grêmio pode chegar a 45 pontos, ainda. Se chegamos a 45, não iremos cair— reiterou o vice de futebol Dênis Abrahão, no domingo, em entrevista à Rádio Gaúcha.
De fato, como lembrou Dênis, 45 pontos costumam ser suficientes para evitar a queda. Na história do Brasileirão por pontos corridos com 20 clubes, apenas o Coritiba, em 2009, foi rebaixado com essa pontuação. O aproveitamento do atual 16º colocado, o Bahia, é de 39,2%, o que está dentro da margem dos 45 pontos ao final do campeonato.
— Essa projeção do Bahia dá exatamente 44,68 pontos. Como não existe essa possibilidade, o correto é fazer a conta em cima de 45. Mesmo assim, como faltam apenas três rodadas para acabar o campeonato (o Bahia ainda tem quatro jogos), o mais concreto é ir pela matemática, mesmo, e não pela projeção — explica Marcos Bertoncello, colunista de GZH e plantão da Rádio Gaúcha.
Neste cenário, aparece outro fator desfavorável ao Grêmio. Com 35 partidas, o Tricolor tem um jogo a menos pela frente do que seus concorrentes mais próximos: Juventude, Bahia e Atlético-GO, que entrarão em campo antes do time de Vagner Mancini enfrentar o São Paulo, na quinta-feira.
Secação
Além de vencer suas partidas, o Grêmio precisa secar o trio de rivais. O Atlético-GO, por exemplo, fica fora de alcance se somar cinco pontos. Bahia e Juventude alcançam essa margem fazendo seis pontos. Como está em 18º lugar, o Tricolor precisa ultrapassar dois adversários para evitar o rebaixamento.
A secação começa nesta segunda-feira (29). A partir das 19h, Atlético-GO e Bahia se enfrentam em Goiânia. Por ser um confronto direto, o empate é um resultado que interessa ao Grêmio, mas uma vitória goiana não deixa de ser boa notícia. Embora o Atlético-GO fique praticamente livre da queda, indo 44 pontos, o Bahia pararia nos 40 e ainda vai encarar Atlético-MG (C), Fluminense (C) e Fortaleza (F) nas últimas rodadas.
O Juventude, outro alvo da secação gremista, recebe o Bragantino, na terça, no Alfredo Jaconi. Também com 40 pontos, a equipe da Serra está no Z-4 por ter uma vitória a menos que o Bahia. Este critério, aliás, é um trunfo para o time de Vagner Mancini. Como já tem 10 vitórias, o Grêmio ficará à frente dos rivais caso atinja a mesma pontuação ao final do Brasileirão.
Tentar mostrar os poucos pontos positivos em uma situação tão delicada será uma das estratégias da direção e da comissão técnica na reapresentação do elenco, marcada para esta tarde, no CT Luiz Carvalho. Até mesmo o tom do discurso mudou, em busca dessa última esperança de salvação. Depois de admitir dúvidas sobre o comprometimento total dos jogadores na derrota para o Bahia, Dênis Abrahão afirmou que tem certeza de que o elenco está focado na missão.
— Todos os jogadores estão comprometidos, mas existem personalidades diferentes. Alguns se abatem. É com esses jogadores que tentaremos mostrar que ainda dá. Vamos mostrar que apenas um clube caiu com 45 pontos e que, nos últimos 10 anos, ninguém caiu com 45 — reforçou.
Para enfrentar o São Paulo, Mancini voltará a fazer mudanças na equipe. Duas são certas, pelas suspensões de Vanderson e Cortez, mas a tendência é de que haja mais trocas. A ideia é de usar jogadores que, além da questão técnica, apresentem melhor capacidade mental para lidar com a pressão.