A decisão do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) de apenas multar o Flamengo por cantos homofóbicos provocou indignação na direção do Grêmio. O diretor jurídico Nestor Hein reclamou da falta de critério dos auditores, citando a exclusão do Tricolor da Copa do Brasil de 2014 por atos racistas de alguns torcedores, e disse que o clube carioca "manda no tribunal".
— A homofobia hoje está equiparada ao crime de racismo por decisão do STF. Em 2014, o Grêmio identificou todas as pessoas que cometeram atos racistas e, mesmo assim, o STJD excluiu o clube da Copa do Brasil. O Flamengo não identificou nenhuma pessoa que cometeu crime de homofobia. O advogado do clube admitiu que o fato ocorreu e se disse enojado pelo que viu nas imagens. Os auditores também disseram que o fato ocorreu e, mesmo assim, resolveram colocar apenas uma multa de R$ 50 mil. Um deles chegou a dizer que, se condenasse o Flamengo, o clube ficaria com a pecha de ser um clube homofóbico. Por que o Flamengo não pode ficar com a pecha de ser um clube homofóbico? E por que o Grêmio pode ficar com a pecha de ser um clube racista? — protestou Nestor em entrevista a GZH.
Os cantos homofóbicos ocorreram na vitória do Flamengo por 2 a 0 sobre o Grêmio, no dia 15 de setembro, pela Copa do Brasil. Por conta do episódio, a Procuradoria do STJD pediu a exclusão do clube da competição. Como a equipe comandada por Renato Portaluppi já foi eliminada do certame, os Rubro-Negros corriam o risco de ficar fora da edição de 2022. Contudo, o tribunal aplicou à agremiação do Rio de Janeiro apenas uma multa de R$ 50 mil.
— O Flamengo manda no STJD. O Flamengo sempre resolve as coisas pagando. É sempre punição pecuniária. Ele paga a multa e aí não tem problema. O STJD, por conta dos atos de alguns dos seus auditores, é um propagador de decisões esdrúxulas e absurdas que valem para um clube e não valem para outros. É um tribunal que premia os seus transgressores e as pessoas que não cumprem as suas atribuições. Pode se confiar neste tribunal? Pode se levar a sério um tribunal desses? — questiona Nestor.
Em 2014, o Grêmio perdeu pontos e, consequentemente, foi eliminado da Copa do Brasil por conta de palavras racistas proferidas por alguns torcedores contra o goleiro Arenha, à época no Santos. Na ocasião, o Tricolor foi denunciado pelo mesmo artigo do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) pelo qual o Flamengo foi denunciado em 2021. Trata-se do 243-G, que fala em "praticar ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante, relacionado a preconceito em razão de origem étnica, raça, sexo, cor, idade, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência".
— À época do Caso Aranha, o (então) presidente Fábio Koff disse que o Grêmio se conformaria com aquela punição se ela ajudasse a consertar o futebol brasileiro. Infelizmente, não é o que está acontecendo — finaliza o dirigente.