Quando Vagner Mancini foi oficializado como técnico do Grêmio, em 15 de outubro, o clube estava afundado na penúltima posição do Campeonato Brasileiro. A salvação estava a cinco pontos de distância — diferença para o Santos, último clube fora da zona de rebaixamento. O time vinha de cinco jogos sem vitória, com quatro derrotas e um empate. A esperança era de que um novo treinador trouxesse um novo gás. Quase um mês depois, o quadro, em termos de resultados, foi o oposto. No sábado (7), a equipe gremista saiu do Beira-Rio derrubada pela quarta vez seguida no Brasileirão.
Nem nos tempos de Felipão, nem com Tiago Nunes se alcançou uma sequência tão amarga. No começo do torneio, apesar de ter ficado nove jogos sem vencer, foram duas sequências de três derrotas.
Nos últimos quatro jogos, Mancini foi batido por Atlético-GO, Palmeiras, Atlético-MG e Inter. O clube segue como o penúltimo colocado, mas agora a nove pontos do Santos, o porteiro do Z-4. Na matemática gremista, são necessárias seis vitórias nos últimos nove jogos para se salvar da terceira queda para a Segunda Divisão na história.
Em campo, o que se viu foi um roteiro similar, principalmente nos três primeiros confrontos da série. A equipe conseguiu imprimir um ritmo mais forte no começo das partidas. Porém, a força foi arrefecendo com o passar do tempo.
Confira jogo a jogo como foi construída a sequência de quatro derrotas gremista.
O time chegou a Goiânia com o ânimo renovado, após ter vencido o Juventude na estreia de Vagner Mancini. Como o resultado em seu primeiro jogo foi bom, o treinador repetiu a escalação, inclusive mantendo o zagueiro Paulo Miranda entre os titulares. O duelo foi bastante vertical, e na trocação o Tricolor levou a pior, perdendo por 2 a 0.
No fim da primeira etapa de jogo, Igor Cariús apareceu às costas de Vanderson e tocou na saída de Brenno. No segundo tempo, Marlon Freitas ampliou em cobrança de pênalti. A infração cometida por Paulo Miranda foi assinalada com o auxílio do VAR e gerou cartão vermelho para o defensor.
— Tivemos uma grande oportunidade no primeiro tempo de fazer o placar do jogo. Com uma desenvoltura muito boa, com velocidade, transição e tudo que pedimos no vestiário, tudo foi feito. Esbarramos em alguns erros. Não tem como chegar com uma varinha mágica e corrigir todos os erros em dois jogos com uma semana de trabalho. É necessário tempo, cabeça no lugar, que sejamos mentalmente equilibrados para não piorar a situação — argumentou Mancini, após a partida disputada em 25 de outubro, uma segunda-feira.
No dia 31 de outubro, um domingo, o time entrou em campo para encarar o Palmeiras, na Arena. A escalação teve mudanças, mas somente as necessárias. Pedro Geromel e Cortez entraram no lugar dos suspensos Paulo Miranda e Rafinha, respectivamente.
O 3 a 1 foi doloroso porque o time saiu na frente com Diego Souza, logo no começo da partida. Quando as equipes entraram no vestiário para o intervalo, o Palmeiras já vencia por 2 a 1, com Gustavo Scarpa e Raphael Veiga, este em cobrança de pênalti. No fim do jogo, quando o Tricolor não tinha mais forças, Breno Lopes fechou a contagem.
Mais uma vez o time, ao ficar atrás no placar, sofreu abalo psicológico, eliminando qualquer chance de buscar o resultado.
— Temos de ter equilíbrio em cima deste momento. Vencíamos até os 42 minutos do primeiro tempo e, em quatro ou cinco minutos, tomamos os dois gols. Faltam ajustes. Não quero falar se houve acerto ou erro do VAR e da arbitragem. Os pontos não vão voltar. Temos de olhar para frente. Precisamos ser mais fortes dentro de campo. Temos de passar por cima da arbitragem e do adversário — avaliou Mancini.
O Grêmio reclamou muito da arbitragem, principalmente pelo pênalti cometido por Thiago Santos em Marcos Rocha. Após o apito final, torcedores invadiram o gramado e destruíram a cabine onde fica o monitor do VAR.
A história se repetiu diante do Atlético-MG, em 3 de novembro. Mesmo contra o líder do Brasileirão, o Grêmio criou as melhores oportunidades no primeiro tempo disputado no Mineirão. Para a partida, Mancini mexeu no time de maneira mais contundente. Chapecó assumiu o gol, Rafinha, a lateral direita. Na frente, Ferreira e Borja retornaram à equipe. Não foi o suficiente para evitar o 2 a 1.
Apesar das chances criadas nos instantes iniciais, Zaracho abriu o placar, aos 12 minutos. Ainda no primeiro tempo, o treinador promoveu a entrada de Campaz no lugar de Villasanti. Foi o colombiano, no início da etapa final, quem empatou. Porém, depois, ele cometeu pênalti ao colocar o braço na bola após cobrança de falta. O ex-gremista Vargas converteu a penalidade.
Apesar da terceira derrota, Mancini destacou a evolução da equipe.
— Enfrentamos o líder em igualdade de condições, mas isso não foi suficiente. Temos ainda de melhorar um pouco mais. Hoje fomos mais agressivos, marcamos melhor e jogamos mais no campo de campo — analisou.
O pós-jogo ficou marcado pelas fortes declarações do vice de futebol Dênis Abrahão sobre as arbitragens das partidas do Grêmio. As decisões, de acordo com o dirigente, seriam sempre contra o clube gaúcho. No jogo no Mineirão, os protestos eram sobre a inexistência da falta que gerou o pênalti e pelo posicionamento ilegal de um atleticano na barreira na hora da cobrança da infração.
Com três derrotas seguidas na conta, o Gre-Nal de sábado era visto como uma chance de vitaminar o time para o restante da temporada. Mancini manteve o esquema com três volantes (Thiago Santos, Lucas Silva e Villasanti). Rafinha foi o lateral direito. A zaga teve Geromel e Kannemann. O Grêmio chegou a criar, mas não conseguiu repetir os melhores momentos dos confrontos contra Palmeiras e Atlético-MG.
Um gol de Taison, em falha de marcação de Rafinha, sentenciou a quarta derrota consecutiva. Diante de um cenário de resultados ruins, Mancini prometeu mudanças para a partida contra o Fluminense, na terça-feira.
— O mais importante é olhar o todo e buscar as melhores formações. Se uma não me traz resultado, busco com outra. Que se também não der, buscarei outra, com outros atletas. Tenho que buscar um time que dê respostas com vitórias — explicou.