A empolgação pelas mudanças na direção de futebol e na comissão técnica do Grêmio durou uma partida. No segundo jogo sob comando de Dênis Abrahão na vice-presidência e Vagner Mancini na casamata, o time voltou a cometer muitos erros, demonstrar instabilidade emocional e, por consequência, perder. Pela 14ª vez no Brasileirão. Agora, 2 a 0 para o Atlético-GO. O resultado manteve a equipe na penúltima posição, 26 pontos em 26 rodadas disputadas.
A sequência no campeonato tem Palmeiras (casa), Atlético-MG e Inter (fora). E para o jogo do domingo que vem, há uma longa lista de ausências: Paulo Miranda foi expulso, Rafinha, Ferreira, Luiz Fernando e Borja levaram o terceiro amarelo — o colombiano já não poderia atuar por estar emprestado pelo clube paulista.
Apesar de ter desperdiçado a sexta oportunidade de sair do Z-4, tanto Mancini quanto Abrahão trataram de motivar torcida, tentar mudar ambiente e criar um novo fato para enfrentar o Palmeiras. Mancini, depois de explicar, ao seu estilo, com fala mais ponderada, algumas questões de jogo, fez uma frase de efeito, que veio junto de uma promessa:
— Eu não tenho dúvida que a gente vai permanecer na Série A. Se tiver que derramar sangue azul, a gente vai derramar.
— Falei para os jogadores que a responsabilidade é minha, não tem problema. Temos o controle total da situação. As dificuldades fazem com que a gente cresça. Sabemos os erros que cometemos, vamos continuar trabalhando, transpirando. Os jogadores estão abatidos hoje, mas amanhã estarão recuperados. A vida é assim.
Frases e promessas à parte, treinador e dirigente consideraram que o Grêmio fez um "grande primeiro tempo" e que "só faltou o gol". Abrahão afirmou, inclusive, que o time chegou a ter o "algo a mais", mesmo que não tenha vencido.
Mancini tentou explicar as trocas. A substituição que teve a entrada de Borja no lugar de Jean Pyerre, deixando o time com dois atacantes, foi a mais questionada. Segundo o treinador, a mexida se deu para ter "dois goleadores" em campo. E, em sua visão, não haveria problema na criação porque as jogadas estavam ocorrendo pelos lados do campo, em cruzamentos.
— A intenção era povoar a área para que ter mais condições de finalização, com dois artilheiros. A partir do momento que a proposta não dava certo, eu retirei o Diego. Foi logo depois do pênalti? Foi. Mas a gente não consegue prever o que vai acontecer. Queria que tivéssemos mais artilheiros. O Grêmio, naquele momento, precisava fazer gol — disse o treinador, que completou com uma analogia:
— Começamos essa formação para jogar por fora. A gente perde o cérebro (Jean), mas tem volume pelos lados. São estratégias. O jogo de futebol está muito próximo de um jogo de xadrez. Quando perde uma peça importante, começa a não conseguir bloquear o adversário.
No tabuleiro de Mancini, o momento será de novas peças. Para a zaga, a expectativa é pelo retorno de Geromel. Caso não possa jogar, Ruan vai para o jogo. Na lateral esquerda, a tendência é pela entrada de Cortez. As demais ausências são de reservas (exceto Borja, que será substituído por Diego Souza).