Depois de 570 dias, a torcida enfim esteve de volta às arquibancadas da Arena do Grêmio. Na derrota para o Sport por 2 a 1, no último domingo (3), 7.147 pessoas se fizeram presentes para ver a partida do Brasileirão. Por mais que algumas coisas não tenham dado certo dentro e fora das quatro linhas (no que diz respeito aos protocolos), a avaliação dos envolvidos no evento é que a organização foi a adequada para o retorno do público aos estádios.
Apesar de alguns relatos de aglomeração nas rampas de acesso à esplanada da Arena e da não exigência de carteira de vacinação em alguns casos, a Vigilância Sanitária aprovou o primeiro grande evento — ainda que em número reduzido. Mesmo assim, garantiu que fez exigências à Arena Porto Alegrense para os próximos jogos.
— Colocamos fiscais nossos para monitorar esse processo e algumas coisas chamaram atenção. Tinha um público pequeno, praticamente nada. Não houve aglomeração nas chegadas, as filas estavam bem organizadas. Entrevistamos vários torcedores, e apenas um nos disse que não exigiram o comprovante de vacinação, mas o problema foi que eles não exigiram dos colaboradores (569 pessoas além do público), foi uma falha deles. No nosso entendimento, tem que exigir deles também. Fizemos essas ponderações. Todas as falhas foram questões pontuais — explicou Fernando Ritter, coordenador da Vigilância Sanitária.
A Arena Porto-Alegrense afirma que não exigiu dos colaboradores o atestado de vacinação para o jogo porque o decreto saiu apenas dois dias antes, mas que passará a exigi-lo para os próximos jogos.
Até mesmo pelo pouco público, não houve mais incidentes envolvendo a Brigada Militar e a Empresa Pública de Trânsito e Circulação (EPTC). Ambos os órgãos consideram que os esquemas feitos foram bem planejados. A EPTC garante que os arredores da Arena foram esvaziados 20 minutos depois do término da partida.
Houve também relatos de algumas aglomerações nos bares próximos da Arena, uma das maiores preocupações da BM para o jogo, mas, segundo o tenente-coronel Neves, comandante do 11º Batalhão, o fato foi bem controlado.
— Foi acertada a nossa estratégia de policiamento. Nossa preocupação era o entorno da Arena, a quantidade de torcedores que não iriam adentrar o estádio e ficariam no entorno, se movimentando, se aglomerando nos bares, ingerindo bebida alcoólica. Nosso receio era que isso pudesse dar problema, saturamos esse ponto com nosso efetivo e entendemos que foi bem feito — pontuou.
A Arena avaliou o processo como exitoso. O diretor de operações da Arena, Paulo Rossi, elogiou o comportamento do torcedor e reconheceu que houve mais filas do que o normal para o acesso às arquibancadas. No entanto, ressaltou que tal demora surtiu efeito pois todos os 7,1 mil torcedores presentes estão cadastrados nominalmente junto às autoridades. O único contratempo, na análise do diretor, ficou por conta de alguns torcedores no setor gramado sul, "mais exaltados e difíceis de manter no lugar marcado", nas palavras dele.
— Cumprimos o planejamento, lógico que com algumas intercorrências, mas em geral foi muito tranquila a operação. É necessário um pouco de paciência, pois na dupla checagem, na chegada, era preciso do ingresso, da carteira de identidade e do comprovante de vacina, depois medição de temperatura e revista com detectores de metal. As filas foram um pouco maiores do que o normal, mas porque cumprimos o protocolo do controle de acesso. E agora temos 100% do público que veio em listas e podem ser rastreados — detalha Rossi.