A batalha do Grêmio para fugir da zona de rebaixamento deverá seguir por mais um tempo. A previsão é do técnico Luiz Felipe Scolari. No momento, o Tricolor aparece em 18º lugar, com 22 pontos, dois atrás do Santos, o primeiro time a escapar do Z-4.
Na próxima rodada, quando enfrentará o Sport, na Arena, no domingo, uma nova chance de sair desta posição poderá se apresentar aos comandados de Felipão, desde que América-MG ou Santos não vençam suas partidas contra Cuiabá e Fluminense, respectivamente. Porém, se o Bahia ganhar seu jogo contra o Ceará, os gremistas precisarão contar com os tropeços de mineiros e paulistas e não de apenas um deles.
Depois de vencer em sequência, Ceará e Flamengo, pelo Brasileirão, o Grêmio teve a grande oportunidade de se livrar desta incômoda posição, no último domingo, quando sucumbiu diante do Athletico-PR.
Após a partida em Curitiba, as críticas voltaram e a torcida mais uma vez passou a temer com força a queda para a Série B pela terceira vez na história do clube. E todos os gremistas passaram a se perguntar: por que o Grêmio não consegue engatar sequência positiva no Brasileirão?
— Felipão não tem um time, ele tem um arremedo e tem um princípio, que é estancar a sangria, parar de tomar gol e tentar fazer um gol, naquelas duas ou três jogadas que ainda existem no Grêmio. A principal delas é o extrema cruzar para a área. Foi assim com Everton-Diego Souza e agora é com Ferreira-Borja. E a outra é a ultrapassagem do Vanderson. Além disso, só um contra-ataque em velocidade, que parece mal treinado, inclusive — avalia o jornalista Sérgio Xavier Filho, do Grupo Globo.
Comentarista da Rádio Gaúcha na partida em Curitiba, Diogo Olivier, acredita que os problemas começaram pela formação e reformulação de elenco.
— É um combo. Mas, basicamente, o Grêmio foi retardando a passagem de bastão da geração campeã, demorando a lançar jogadores da base e sendo penalizado por várias contratações que deram errado. Aos poucos, a qualidade do elenco foi sendo drenada até o ponto atual, sem reposição à altura para a zaga, com três laterais-esquerdos superados por uma improvisação de 36 anos (Rafinha) — observa.
"Não se vê mecanismo ofensivo aprimorado
SERGIO XAVIER FILHO
Comentarista do Grupo Globo sobre as dificuldades do Grêmio
Sérgio Xavier também aponta dificuldades para que a equipe possa evoluir em virtude de escolhas do técnico Felipão.
— Do lado defensivo, ele fechou a casa. Colocou proteção, com o Thiago Santos, tentando ganhar em desarme. O Villasanti é um ganho, porque desarma e não devolve a bola (para o adversário), ao contrário do Thiago. O Lucas Silva é experiente, tem noção do que fazer, só não consegue fazer o que deve. É uma evolução muito baixa — afirma.
A questão ofensiva também é apontada por Diogo Olivier como um dos fatores responsáveis pelo momento delicado da equipe, que marcou apenas 17 gols em 20 jogos. Ele vê poucas alternativas para mudar a forma de jogar.
— Ferreira como único driblador e apenas o arquivado Darlan de opção para volante apoiador — aponta o colunista de GZH e comentarista da RBS TV.
— Não se vê mecanismo ofensivo aprimorado. As possibilidades de melhora, que se poderia ter, com um meia ofensivo, como o Campaz, não são utilizadas. O Jean Pyerre parou (no tempo). Momento muito difícil. Dá pra sair ? Dá, porque tem bastante gente atrapalhada, mas não vejo evolução. É lenta, talvez até suficiente para sair do rebaixamento, mas não é uma solução para uma arrancada. O Grêmio teve até mais resultados do que desempenho até agora — conclui Xavier.
Desde o começo do Brasileirão, o Grêmio só conseguiu duas sequências de vitórias, quando bateu Cuiabá e Bahia, nos dias 18 e 21 de agosto, e Ceará e Flamengo, em 12 e 19 de setembro.