O Grêmio está na semifinal do Brasileirão de Aspirantes, uma competição sub-23 — embora o Tricolor utilize um time sub-21 — que reúne alguns dos principais clubes do país. O Tricolor enfrentará o Avaí nos dois próximos domingos, primeiro em Florianópolis e depois em Eldorado do Sul. E, para buscar esse título inédito, conta com o artilheiro do torneio, o atacante Elias Manoel, 19 anos.
Com 10 gols em nove jogos, o guri de Campinas é o grande nome da competição. Mais do que isso, é uma das principais esperanças das categorias de base do Grêmio. Em maio, quando teve chance pelos profissionais na Copa Sul-Americana, deixou seu cartão de visita: dois gols na goleada de 6 a 2 sobre o Aragua, na Venezuela. No último domingo (26), contra o 12 Horas, pela Copa FGF — Troféu Dirceu de Castro, fez um dos três gols gremistas na vitória por 3 a 1 no Estádio Arthur Mesquita Dias, em Sapucaia do Sul.
Comparado com o belga Romelu Lukaku, do Chelsea, pela força física e capacidade de definição, Elias sonha em fazer história com a camisa tricolor.
— Quero ganhar muitos títulos importantes, deixar meu nome marcado aqui no Grêmio — disse.
GZH conversou com Elias Manoel sobre o bom momento que vive, a chance de uma conquista inédita para o clube no Brasileirão de Aspirantes, a trajetória no futebol, suas características, a adaptação à posição de centroavante e a inspiração em Lukaku. Confira:
Você é artilheiro do Brasileirão de Aspirantes, com média de mais de um gol por jogo e sendo mais jovem do que a maioria dos adversários. Como está sendo esse momento na sua carreira?
É um momento muito importante que estou vivendo. Isso é fruto do meu trabalho. Venho trabalhando forte e agora estou colhendo os frutos do que plantei.
Para quem não te conhece tão bem ainda, não acompanha tanto a base ou não te viu nos jogos que fez pelo time profissional, conta um pouquinho da tua trajetória. Começou onde no futebol, com qual idade?
Comecei no Guarani (de Campinas), com 15 anos. Jogava futebol já nas escolinhas do meu bairro, mas com 15 anos fui para o Guarani. Fiquei lá por dois anos, joguei dois campeonatos paulista, e depois estávamos só treinando. O Grêmio foi fazer uma excursão em São Paulo, em 2017, e marcaram um amistoso contra nós. Nesse amistoso a gente acabou perdendo de 1 a 0, mas eu fui super bem. Os dirigentes acabaram gostando de mim e me trouxeram para fazer avaliação de uma semana no Grêmio. Nessa semana eu fui bem e acabei ficando aqui. Desde lá, no início de 2018, fiquei por aqui.
Como foi essa tua vinda para Porto Alegre?
Para mim, foi um grande impacto. Tudo aconteceu muito rápido. Joguei contra o Grêmio em novembro, e em janeiro estava vindo para cá. Tudo aconteceu rápido demais, me pegou de surpresa.
Já está bem adaptado à cidade?
Já estou bem adaptado, porque já estou há um tempinho aqui. O primeiro frio pra mim foi marcante, porque não sabia o que esperar, mas agora já estou mais tranquilo, estou bem.
Veio sozinho para cá ou com algum familiar?
No começo, vim sozinho. Neste ano meu irmão veio para cá também, está jogando no Grêmio, no sub-17. Agora estamos eu e ele aqui juntos.
O irmão é atacante goleador também?
Meu irmão é atacante também, ele é centroavante.
Quem joga mais?
Acho que eu, né (risos). Nós dois temos muito o que aprender ainda. Sou mais velho, tenho 19, e ele vai fazer 17.
Dentro de campo, você sempre se destacou como goleador. Foi artilheiro da Copa Santiago, em 2019, e depois goleador do time na Copa São Paulo de 2020, agora de novo. É assim desde pequeno?
Sempre, nos treinos, procuro fazer bastantes finalizações, porque sou atacante. Como meus treinadores sempre dizem: atacante vive de gol, né. Então procuro trabalhar muita finalização para chegar na hora do jogo, ter a oportunidade e fazer o gol.
Você teve as primeiras oportunidades no time principal do Grêmio em 2021, em dois jogos pelo Gauchão e dois pela Sul-Americana. Inclusive, marcou teus primeiros gols. Como foram essas oportunidades?
Para mim, foi muito marcante. Na minha vida, as coisas aconteceram muito rápido. Aqueles gols marcaram muito na minha vida. Sinto que deixei o meu cartão de visita no profissional, que a qualquer momento que me chamarem vou estar preparado para ajudar a equipe.
Logo depois, você teve covid-19 e uma lesão ligamentar no tornozelo esquerdo. Isso atrapalhou a chance de sequência no time principal?
Acho que não, porque lesão é normal, ainda mais no mundo do futebol. O cara tem que se cuidar para voltar mais forte. Mas acho que não atrapalhou, que isso faz parte do processo de todo jogador.
Com todo esse sucesso na base, muitos torcedores pedem para que você receba mais chances no time de cima. Sente que está pronto para jogar no profissional?
Me sinto pronto. Acho que eu evolui bastante desde quando eu estava no profissional até agora. Venho treinando forte, então acho que evolui bastante e que estou preparado para estar ali.
Em que pontos acha que evoluiu, e o que ainda falta nessa maturação como jogador?
Acho que evolui muito na visão do jogo, melhorei bastante. Aquele período que fiquei com o profissional, com os jogadores mais experientes, pude aprender muitas coisas, eles me deram muitos conselhos. Olho vídeos meus antigos e os atuais, e vejo que evolui bastante nos fundamentos.
Você falou que esse período no profissional ajudou na evolução. Quais jogadores te ajudaram nesse processo?
No profissional, todos os jogadores me ajudaram. Desde os caras da defesa, eles davam conselhos para os atacantes. Todo mundo ali. Dos mais experientes, Geromel, Maicon, Douglas Costa, Diego Souza, sempre davam conselhos para nós. A gente pegava e guardava esses conselhos no treino para colocar em prática depois.
Alguém do clube já conversou contigo sobre mais chances na equipe principal, quando isso deve acontecer?
Não conversaram comigo, mas a minha cabeça está na transição agora. Estou focado ali, focado em busca do título, que é muito importante para a nossa categoria, e quando eles precisarem de mim e me chamarem, vou estar preparado para estar lá (no time principal).
Pensando na sequência da carreira, Elias: quais são teus objetivos, teus sonhos no futebol?
Quero ganhar muitos títulos aqui no Grêmio, títulos importantes, deixar meu nome marcado aqui no Grêmio, e depois ir para a Europa e fazer a minha carreira lá.
Tem algum jogador em quem te inspire, que sirva de exemplo?
A torcida até brinca, fala que eu sou parecido com o Lukaku (atacante belga do Chelsea). Sou muito fã dele, porque vejo que tenho quase as mesmas características dele, que sou forte, rápido, tenho boa finalização, então me espelho bastante nele.
Para quem ainda não te conhece muito bem, conta um pouquinho das tuas características como jogador.
Sou um jogador rápido, tenho boa finalização e um bom pivô também. Sinto que, como joguei de ponta, tenho facilidade naquela área do ataque.
Lembro de te ver jogar na base como extrema, mais pelo lado esquerdo. Agora, no Brasileirão de Aspirantes, está como centroavante, vestindo a camisa 9. Tem alguma posição em que fica mais à vontade?
Na base, joguei muito de ponta esquerda, sou acostumado a jogar ali, mais pela esquerda. Mas na nossa equipe temos dois pontas que são muito bons jogadores, aí fui para a posição de centroavante, que era uma área que o nosso time estava mais carente. Estou indo bem ali, mas é uma posição que ainda estou aprendendo. Vejo que os atacantes têm que aprender a jogar em todas ali do ataque, e isso para mim é o mais importante, poder ajudar a equipe, não importa se for de ponta direita, ponta esquerda, centroavante. Para mim, o importante é ajudar a equipe.
Mas, pelo número de gols nos Aspirantes, já está à vontade como centroavante.
Sim, esse tempo que fiquei jogando de centroavante procurei me aprofundar na posição, ir trabalhando e treinando. Vendo vídeos no YouTube de posicionamento e tal, e acho que estou indo bem.
O que gosta de fazer quando está de folga? É da turma do videogame, dos jogos online?
Quando estou de boa gosto de assistir série, filme. Jogo também no celular com os meus amigos. Gosto de quase tudo, não tem coisa que eu não goste.
Espero estar no profissional logo, logo para dar alegrias ao torcedor gremista. No que depender de mim, o que vou fazer é só deixar a torcida feliz"
ELIAS MANOEL
atacante do time de transição do Grêmio
Qual série está assistindo? E qual jogo costuma jogar?
A série que estou vendo no momento é For Life, muito boa, de um prisioneiro que faz curso para ser advogado. É muito legal. E jogo PUBG no celular com os meus amigos.
Falando do Brasileirão de Aspirantes, o Grêmio está na semifinal contra o Avaí. Vocês já se enfrentaram na primeira fase, empate em 1 a 1 na Ressacada. O que já sabem sobre o adversário, o que dá para esperar deste confronto?
Vai ser muito difícil, porque o Avaí é um time muito bom, encaixado. Mas vejo que tem alguns pontos fracos, e se a gente souber aproveitar dá para sair com a vitória.
Dá para sonhar com o título, então?
Claro que dá. Nossa equipe é muito qualificada, com bons jogadores. Vamos brigar pelo título, sim.
Além de você, tem outros jogadores conhecidos: Pedro Lucas, Guilherme Guedes, até o Léo Gomes atuou. Acredita que vários desses jogadores da transição logo vão aparecer no time profissional?
Sim. Nossa equipe é muito qualificada. Temos bons jogadores em todas as posições. Às vezes alguns atletas do profissional precisam pegar ritmo também e descem para jogar. A gente se puxa para ajudar no que podemos e acaba sendo uma equipe muito boa.
Ter chegado tão longe, com chance de título, ajuda vocês da transição a buscar espaço no time principal?
Pode ajudar, sim. A comissão técnica do profissional está de olho em nós, sabe que estamos fazendo um bom trabalho, e que a partir do momento que precisarem vamos estar preparados. Não só eu, como todos os jogadores ali da transição.
Facilita ter o Thiago Gomes na comissão técnica permanente do profissional?
Facilita. O Thiago era o nosso treinador no ano passado, ele conhece as características de todos os jogadores. Tem o Marcelo Oliveira (coordenador técnico) também, que está quase sempre com a gente no dia a dia, estão sempre de olho em nós. Só esperando o momento certo para que a gente possa subir.
Tem algum grande parceiro na equipe, aquele que te acompanha nas viagens?
Tenho não só um, mas uns dois ou três. O Rafael Costa é um parceirão meu ali, o Emanuel que estava no profissional também é um brother. Eles são os mais próximos, mas eu me dou bem com todo mundo ali no grupo, o Pedro Lucas, todo mundo mesmo.
Para encerrar, deixa um recado para a torcida do Grêmio que pede mais chances para você, que admira teu trabalho e quer te ver jogando logo no time profissional.
Queria agradecer à torcida gremista, que me apoia sempre. Eles me apoiam porque estou fazendo um bom trabalho, e espero estar no profissional logo, logo para dar alegrias ao torcedor gremista. No que depender de mim, o que vou fazer é só deixar a torcida feliz.