A chegada de Maicon à Arena, em 2015, foi um divisor de águas na maneira como o Grêmio enxergava seus volantes. Acostumado a contratar e formar atletas de porte físico, mais vocacionados à destruição do que à construção, o clube mudou seu olhar já nas categorias inferiores. Walace, Arthur e Matheus Henrique foram alguns dos exemplares desta fábrica que ensinou o time a pensar o jogo desde trás.
Resta saber se agora, com a saída do camisa 8, o projeto da instituição será mantido. Sabe-se, por exemplo, que Felipão prefere um outro modelo de jogo, que prioriza a combatividade e a transição rápida em detrimento à posse de bola. Ainda assim, cinco meninos oriundos da base estão prontos para se credenciar à vaga do ex-capitão se for necessário.
Darlan
Natural de São Borja, o jogador de 23 anos foi lançado no grupo principal ainda em 2019 por Renato Portaluppi e era apontado como o sucessor natural de Matheus Henrique. Porém, a troca de comissão técnica e a mudança no perfil de jogo parecem tê-lo empurrado para o fim da fila.
— Se eu não gostasse do Darlan, ele não teria jogado. Naturalmente que eu tenho predileção por A ou B, pela forma de jogar com o que eu tenho mais sentido de ver a equipe. Quando eu acho que o jogador está pronto para entrar, treina bem, me dá visibilidade que poderá ser útil, ele é colocado na equipe. Então, é mais um jogador jovem que entra na equipe, tem uma boa participação e que a gente pode dar outras chances em determinados encontros — declarou Felipão após a partida contra o Vitória, em Salvador, pela Copa do Brasil.
Apesar da explanação, Darlan só participou de mais duas partidas desde então, sendo arquivado após a derrota para o São Paulo, no Morumbi.
Pontos positivos: bom passe e bons lançamentos
Ponto negativo: baixa estatura
Fernando Henrique
Caso Diego Rosa não tivesse sido vendido ao Grupo City no ano passado, ele estaria sendo citado aqui também. Mas sua saída abriu espaço para que Fernando Henrique despontasse. Lançado como titular no primeiro jogo de Felipão, justamente em um clássico Gre-Nal, o jovem de 20 anos não tremeu.
— Busquei informações com o Thiago Gomes (auxiliar técnico) sobre quem poderia fazer aquela função. Ele me disse que o Fernando (Henrique) poderia entrar por ali. Foi muito bem. Lembrei do Gre-Nal de 2014, quando lancei o Walace — explicou o próprio treinador.
Com o retorno de Thiago Santos e a contratação de Villasanti, contudo, o jogador baixou para o banco de reservas. Sua última aparição em campo se deu nos minutos finais da vitória contra o Bahia, pelo Brasileirão.
Pontos positivos: bom passe e bom desarme
Ponto negativos: baixa aproximação da área e inexperiência
Mateus Sarará
Guindado ao elenco principal após a saída de Matheus Henrique, foi "apadrinhado" por Maicon durante os treinamentos. Compôs o banco de reservas de Felipão algumas vezes e chegou a ser citado por ele como um possível substituto quando o camisa 8 se lesionou diante do Cuiabá.
— Em princípio, pode ser o Lucas (Silva). Vamos ver a reação dele (havia sofrido pancada no joelho direito). Senão, vai ser um menino. Temos lá o Fernando Henrique, o Sarará, que treina muito bem... Quem sabe está na hora de lançar também? — declarou o técnico gremista.
A hora não chegou. Para pegar ritmo de jogo, Sarará disputou 45 minutos pelo Brasileirão de Aspirantes, quando o Tricolor goleou o Figueirense por 9 a 0. Coincidentemente, com a camisa 8 às costas, deu passe para o terceiro gol.
Pontos positivos: bom passe e porte físico
Ponto negativo: inexperiência
Bitello
Nascido em Formosa do Oeste, no Paraná, foi trazido da base do Cascavel em 2018. Chegou como um meia-atacante, sendo mais um dos jogadores transformados em volante no CT Hélio Dourado. Com 1,78cm, o atleta de 21 anos protege bem a bola e distribui lançamentos aos companheiros.
— Ainda oscila bastante. Tem jogos que se esconde — pondera Thiago Suman, que tem atuado como comentarista pela CBF TV, nas transmissões do Brasileirão de Aspirantes.
Pontos positivos: bom passe e lançamentos
Pontos negativos: inexperiência e oscilação
Ronald
Se para os atletas que estão treinando com o grupo principal é difícil aparecer aos olhos de Felipão, a missão de quem sequer subiu para o time de transição a missão é ainda mais complicada. No entanto, Thiago Suman aponta Ronald, de apenas 18 anos, com um dos volantes mais promissores das categorias de base. Atualmente, o jovem porto-alegrense integra a equipe que disputa o Brasileirão Sub-20. Além de ter um passe qualificado, o garoto já balançou as redes adversárias aparecendo na bola aérea ofensiva.
— É da mesma forma de criação de Arthur, Matheus Henrique e Fernando Henrique, que é talvez a melhor ferramenta de construção da base do Grêmio — descreve.
Pontos positivos: bom passe e boa bola áerea
Ponto negativo: inexperiência