A partida contra o Cuiabá nem havia terminado e o Grêmio já lamentava a nova lesão sofrida por Maicon. Questionado sobre quem poderia ser um possível substituto do capitão no duelo seguinte, contra o Bahia, neste sábado (21), o técnico Luiz Felipe Scolari surpreendeu ao enumerar alguns atletas da base. Em especial, Mateus Sarará.
— Em princípio, pode ser o Lucas (Silva). Vamos ver a reação dele (sofreu uma pancada no joelho direito). Senão, vai ser um menino. Temos lá o Fernando Henrique, o Sarará, que treina muito bem... Quem sabe está na hora de lançar também. Temos o Bobsin, o Darlan, uma série de jogadores que poderão compor o Grêmio — descreveu o comandante gremista.
Desconhecido de grande parte da torcida, Mateus Ferreira — ou simplesmente Sarará — recém completou 19 anos e impressiona pelo tamanho: os mesmos 1m81cm do experiente Thiago Santos. A estatura, porém, não o impede de ter desenvoltura com a bola nos pés. Tanto é que sua primeira aparição para o público em geral se deu improvisado na lateral direita, quando o time de transição comandado por Thiago Gomes empatou por 0 a 0 com o La Equidad, pela Copa Sul-Americana.
— Sempre o usei como camisa 8, por ter mobilidade, entrar na área e ter retorno para marcação. Mas, como ele gosta de fazer a primeira armação e tem uma boa bola aérea, pode ser um camisa 5. E, pela resistência que tem para ir e vir, também quebrou um galho pelo lado, na lateral, porque tem pulmão para fazer isso — descreve César Lopes, atual treinador do time de transição.
Natural de Porto Alegre, o garoto atua na base do Grêmio desde a escolinha — chegou ao CT do bairro Cristal há uma década, com apenas nove anos de idade.
Aos poucos, foi subindo de categoria até ter seu contrato renovado no início de julho. Além de dar-lhe um aumento salarial, o clube estendeu seu vínculo por mais uma temporada (até 2024), subindo também a multa rescisória para 80 milhões de euros (mais R$ 507 milhões pela cotação atual). E tudo isso aconteceu antes mesmo do retorno de Felipão à Arena.
Assim que desembarcou no CT Luiz Carvalho, o treinador pediu à transição uma reposição a Matheus Henrique, que viajaria para o Japão, para a disputa dos Jogos Olímpicos. Com a posterior venda do ex-titular ao Sassuolo, Sarará acabou fixado no elenco principal.
— Do ponto de vista técnico, tem um bom passe, tem lançamento, com uma bola longa muito boa e um bom chute de fora da área. Bate bem falta e escanteio. Tem um repertório completo para a função de volante — recomenda Lopes.
Até agora, Sarará foi utilizado uma única vez, quando entrou nos minutos finais da vitória sobre a LDU, no duelo de ida pelas oitavas de final da Sul-Americana, em Quito. Nas demais partidas, compôs o banco de reservas.
Por conta desta situação, tem descido para atuar e pegar ritmo de jogo. Nesta quinta-feira, por exemplo, foi usado no primeiro tempo da goleada de 9 a 0 sobre o Figueirense, pelo Brasileirão de Aspirantes.
— Jogou demais. Muito provavelmente, sentiu que era o jogo dele. Claro, o Grêmio "patrolou" o Figueirense, chegava com muita facilidade, mas ele teve participação em três gols. Um em especial, quando deu um passe a la Iniesta, cortando o sistema defensivo, para o Vini Paulista marcar o terceiro gol. Ele também ficou muito confortável, porque tinha o Varela fazendo o trabalho sujo, como cão de guarda. É um projeto de Maicon, que o Grêmio pode pensar para o futuro. Joga de cabeça erguida. É o camisa 8 que pisa na área, busca a ligação pelo lado esquerdo e tem essa verticalidade, buscando muito os pontas. Foi tirado no intervalo, quando já estava 5 a 0, certamente para ser preservado — analisa Thiago Suman, comentarista da CBF TV nas transmissões do Brasileirão de Aspirantes.
Pelas referências dadas, é questão de tempo para que Sarará ganhe espaço entre os profissionais. Se não for neste sábado, contra o Bahia, poderá ser ali adiante.