A quarta Era Felipão no Grêmio começará oficialmente nesta sexta-feira (9). O técnico vai comandar um treinamento, marcado para as 9h30min, no CT Luiz Carvalho, e será apresentado no começo da tarde pela direção para conceder a sua primeira coletiva de imprensa neste retorno ao Tricolor. Não bastasse a terrível situação do clube, que ocupa a lanterna do Campeonato Brasileiro com apenas dois pontos conquistados após oito jogos, o curto espaço de tempo para o clássico traz um novo desafio para o treinador.
A atividade desta manhã vai ser a única que Luiz Felipe Scolari terá no gramado com o elenco antes do Gre-Nal 433 de sábado, às 16h30min, na Arena. Será neste treinamento e na base de conversas e análises de vídeo que Felipão precisará encontrar soluções para uma equipe tem o pior ataque do Brasileirão (marcou apenas quatro gols) e terminou somente uma das suas oito partidas sem ter a defesa vazada.
1) Definir os laterais
O mau começo de Brasileirão do Grêmio tem sido marcado por atuações ruins dos seus laterais. Rafinha e Diogo Barbosa têm falhado constantemente, como contra o Palmeiras, quando os lances dos dois gols paulistas passaram por disputas perdidas pela dupla. Na direita, a solução parece mais simples com Vanderson. O jogador, que foi utilizado como extrema na Arena Palmeiras, é o único dos laterais do elenco que balançou as redes na temporada – marcou no Brasileirão e também no Gauchão. Pelo potencial físico, oferece maior capacidade de chegada rápida ao ataque, algo fundamental no modelo de jogo de Felipão. No lado esquerdo, a situação é mais complicada já que Cortez também não dá resposta. Guilherme Guedes surge como uma alternativa. Contra ele pesa o fato de ter disputado apenas uma partida com o elenco principal em 2021.
2) Substituto de Matheus Henrique
A partida contra o Palmeiras marcou as despedidas de Brenno e Matheus Henrique, que já se apresentaram à Seleção Brasileira para a Olimpíada. Se no gol Gabriel Chapecó entra naturalmente, no meio-campo a situação gera dúvida. Jogador de Felipão no Palmeiras e indicado por ele ao Grêmio, Thiago Santos certamente será titular no decorrer da temporada, mas não estará à disposição para o Gre-Nal. Dessa forma, Lucas Silva, Fernando Henrique e Darlan brigam pela vaga ao lado de Victor Bobsin. Também não está descartado que o time tenha três volantes voltando a atuar no 4-1-4-1.
3) Posicionamento de Douglas Costa
Titular nos últimos três jogos de Tiago Nunes como extrema pelo lado direito, Douglas Costa foi deslocado para o centro pelo interino Thiago Gomes. Como meia central no primeiro tempo, ele mostrou bastante movimentação ainda que tenha sido insuficiente para o Grêmio criar chances claras de gol.
— Douglas Costa foi no limite da exaustão para tentar ser o protagonista que se espera dele. Por dentro, no entanto, tem menos chance de cumprir este papel do que pelo lado direito. Tirá-lo do seu lugar não resolve o problema no meio e cria um problema onde ele seria solução — avalia Maurício Saraiva, comentarista da partida pela Rádio Gaúcha.
4) Definição do centroavante
É características dos times de Felipão ter um centroavante de ofício. No seu último trabalho vitorioso, no Palmeiras, o treinador fez Deyverson se tornar figura importante na conquista do Brasileirão de 2018. Esse jogador de referência precisa ter uma capacidade tanto de finalização quanto para o jogo aéreo, pois o treinador usa bastante as ligações diretas para o ataque. Diego Souza tem esse tipo de característica, mas vem mostrando falta de ritmo desde que ficou afastado dos treinos em razão da covid-19. Ricardinho tem maior mobilidade do que o titular, mas um menor poder físico para as disputas aéreas.
5) Mudança de esquema para três zagueiros
Depois de ter sido dominado pelo Palmeiras no primeiro tempo, o interino Thiago Gomes mudou a formação para 3-4-3 na segunda etapa com Ruan se juntando a Geromel e Kannemann para formar o trio de zagueiros. A dificuldade para montar o meio-campo pelas ausências de Thiago Santos e Matheus Henrique pode influenciar para Felipão optar por essa formação, já que a entrada de um zagueiro pode dar maior sustentação defensiva e manter apenas um volante ao lado de Victor Bobsin.
— É verdade que o Grêmio não esteve perto do empate no segundo tempo, mas foi competitivo, algo que está no DNA o clube e é a forma que o Felipão gosta de jogar. O Thiago pode ter dado pistas de como o Felipão fará para tornar o Grêmio competitivo. O Felipão tem boas lembranças do esquema com três zagueiros da Copa do Mundo de 2002, mas é bom lembrar que muito tempo passou desde então e ele vem usando 4-2-3-1 nos últimos trabalhos. Ele não usa o sistema com três zagueiros desde aquele penúltimo trabalho no Palmeiras, em 2012 — recorda o responsável pelo Desenho Tático de GZH, Filipe Duarte.