Amargando a lanterna do Brasileirão, o Grêmio ainda trabalha na elaboração dos diagnósticos para a crise. Hoje, a principal avaliação é de que o grupo sente dificuldades para se adaptar à reformulação promovida no vestiário a partir da saída do técnico Renato Portaluppi.
Segundo todos os dirigentes ouvidos pela reportagem de GZH, os treinos de Tiago Nunes no dia a dia impressionam pela qualidade e pela intensidade. Neste aspecto, é consenso que houve uma evolução em relação ao antecessor. Porém, conforme pessoas com trânsito no vestiário gremista, há um hiato na questão da liderança.
Mais do que um treinador, Renato atuou por cinco anos como um gestor de todos os aspectos do vestiário, sendo considerado brilhante na relação com os jogadores e na motivação do grupo. De perfil mais tático, Tiago Nunes não conseguiu até este momento suprir esta lacuna.
Soma-se a isso o fato de que os dirigentes envolvidos no departamento de futebol não estavam com Renato neste período e são novos na função. O vice Marcos Herrmann foi nomeado no início da temporada, o CEO Carlos Amodeo passou a ser assíduo na rotina do CT Luiz Carvalho no início do ano, enquanto o executivo Diego Cerri foi contratado há poucas semanas.
Há ainda a dificuldade para reformular o grupo. A intenção da direção no início da temporada era rejuvenescer o elenco. Porém, o ambiente de pressão dificulta a afirmação dos garotos. Até mesmo Ferreira, destaque da equipe nos últimos meses, vem sucumbindo ao mau momento. E a avaliação é de que a ansiedade da crise afeta também os mais experientes.
Mesmo sob pressão e a seis jogos sem vencer, Tiago Nunes foi mantido no cargo após a derrota por 2 a 0 para o Juventude. Afinal, a direção entende que um interino e até mesmo um novo nome anunciado às pressas não conseguiriam tirar mais do grupo do que o atual comandante.
Porém, em caso de insucesso contra o Atlético-GO, no domingo (4), a situação se tornará insustentável. Nesta hipótese, Tiago Nunes será demitido, e a direção deve buscar um novo comandante com perfil semelhante ao de Renato: cascudo, gestor de grupo e, principalmente, com bom comando de vestiário.