O anúncio de Tiago Nunes para o restante de 2021 confirma uma tendência do Grêmio na última década. Há sete anos o time é treinado por profissionais nascidos no Rio Grande do Sul. O último "gringo" foi o mineiro Enderson Moreira, que deixou o clube em julho de 2014 após substituir, curiosamente, Renato Portaluppi.
Com a eliminação nas oitavas de final da Libertadores e a perda do título gaúcho daquele ano com goleada para o Inter na final, ficou praticamente insustentável a situação de Enderson no comando da equipe. O técnico ainda ganhou a parada para a Copa do Mundo no Brasil para trabalhar, mas os maus resultados no Brasileirão quando as competições foram retomadas fizeram com que a direção optasse por buscas outro profissional.
— Eu acredito muito em personalidade de clube, e o Grêmio tem muito a personalidade do treinador gaúcho. Não é por outro motivo que o inventor do "jeito gaúcho" de jogar futebol foi o Foguinho, que antes do Renato era o recordista em jogos. É mais uma questão de personalidade do clube do que propriamente desacreditar de inovações dos técnicos de fora — opina Diogo Olivier, comentarista do Grupo RBS e colunista de GZH.
Sequência caseira
Felipão (julho de 2014 a maio de 2015)
A sequência de nomes caseiros foi iniciada com um dos maiores ídolos da história gremista. Em 29 de julho de 2014, o presidente Fábio Koff anunciava a reedição de uma parceria de muito sucesso nos anos 1990. Após insucesso com a Seleção Brasileira na Copa, Felipão voltava ao time do coração para tentar recuperar o prestígio no país. O momento mais marcante deu-se na goleada de 4 a 1 sobre o Inter no clássico válido pelo segundo turno do Campeonato Brasileiro. Sem nenhum título conquistado, a passagem durou cerca de 10 meses e, em maio de 2015, campeão da Libertadores de 1995 despediu-se novamente do Tricolor.
Estatísticas
- 54 jogos
- 27 vitórias
- 14 empates
- 13 derrotas
- 65 gols feitos
- 37 gols sofridos
- 59% de aproveitamento
Roger Machado (maio de 2015 a setembro de 2016)
Mais uma vez um velho conhecido do torcedor foi a aposta da direção para assumir a casamata. Vindo de uma boa campanha no Campeonato Gaúcho pelo Novo Hamburgo, Roger Machado foi o escolhido pelo presidente Romildo Bolzan Júnior para comandar o time no restante da temporada. Multicampeão pelo clube entre 1994 e 2003, já tinha passagens como auxiliar técnico de Vanderlei Luxemburgo e de Renato Portaluppi. Nos primeiros meses, comandou o time a uma boa campanha no Brasileirão, terminando em terceiro lugar, com direito a vaga na Libertadores. Com um estilo de jogo que privilegiava a posse de bola e os toques rápidos, aplicou uma histórica goleada por 5 a 0 no Gre-Nal do primeiro turno do campeonato nacional. No ano seguinte, foi eliminado no Gauchão e na Libertadores e, vivendo crise técnica no Brasileirão, pediu demissão do cargo.
Estatísticas:
- 94 jogos
- 48 vitórias
- 22 empates
- 24 derrotas
- 137 gols a favor
- 92 gols contra
- 58,8%
Renato Portaluppi (setembro de 2016 a abril de 2021)
A saída de Roger já nos últimos meses da temporada obrigava que o Grêmio apostasse em um técnico capaz de dar resultados a curto prazo. Para isso, foi buscar um nome que havia feito sucesso desta forma em duas oportunidades: Renato Portaluppi. Maior ídolo do torcedor, Renato comandou o Grêmio em 2010 e 2013 e em ambas oportunidades levou o time à Libertadores. Desta vez, foi além: menos de três meses após ser anunciado, conquistava a Copa do Brasil e ajudava o a sair de uma fila de 15 anos sem conquistas nacionais. Permaneceu no cargo até a última quinta-feira (15) e acumulou sete troféus levantados no período. Entre eles, o da Libertadores de 2017 e o da Recopa Sul-Americana de 2018.
Estatísticas
- 307 jogos
- 162 vitórias
- 82 empates
- 63 derrotas
- 475 gols marcados
- 234 gols sofridos
- 61,6% de aproveitamento
Agora, a bola da vez é Tiago Nunes, gaúcho de Santa Maria que destacou-se no cenário nacional ao conquistar a Copa Sul-Americana (2018) e a Copa do Brasil (2019) pelo Athletico-PR. Para Diogo, o Grêmio toma uma decisão que vai de acordo com o que é exigido no futebol atual.
— Os treinadores gaúchos estão à frente dos outros. Isso é uma realidade, por isso tem tanto gaúcho treinando a Seleção, por exemplo. O futebol gaúcho, a partir do Foguinho, começou a valorizar antes dos outros a questão tática. Está na personalidade do clube, e não é de agora. Está muito além do perfil de cada um dos quatro. Neste momento, o perfil é de ciência de dados, então vem o Tiago Nunes.